Joel sentara numa poltrona velha fora do quarto que colocara o velho Manoel por dias...Ora ficava na recepção para ver o mundo pequeno daquele fim de mundo, simplesmente passar. Parado ali, sabendo que esperava a notícia do inevitável final, escutava o lamento de outras pessoas com seus parentes que também sofreram algum mal...Havia uma mulher que praticamente a o acompanhava na vigília do lado de fora do quarto, em silencio ele escutou a história dela, falada por sua boca ás outras pessoas, pois era sozinha, somente ela e o marido viviam em Saudades...O marido era madeireiro e trabalhava duramente na extração de madeira e fazia tábuas e forros para venderem nas grandes cidades...De venda ele conhecia bem esse tipo de pessoas pois o prefeito era um dos maiores atravessadores de madeira da região, ou seja ele comprava dessa pequenas madeireiras por um preço absurdamente baixo e revendia incluindo o transporte , para empresas de construção das grandes cidades por um preço absurdamente alto...Como tantos seu marido tolamente queria crescer na cidade, como tantos pensavam nas oportunidades e seu trabalho em dobro mesmo assim pouco rendia, e como sempre vivia mais com dividas do que ganhos. Um dia ele estava praticamente esgotado, juntamente com seus assistentes e numa colocação de uma grande tora na serra de fita movida a água, ele prendeu sua luva num racho da árvore e a serra de fita lhe atorou três dedos da mão...Agora estava em cirurgia de reparação do que sobrara da mão quase decepada...O rico de morte era também alto em uma hospital de poucos recursos como esse pois da prefeitura pouco era investido, afinal os mais ricos iam se curar na capital, e o resto deveria se virar com o que tinha e podia encontrar...Também havia uma mulher com suas quatro filhas que tiveram um acidente no campo com um dos homens da madeireira, que de momento nada tinha a haver com a família, até que um dos seguranças das equipes do mato, que retiravam a madeira para revender ás madeireiras, estava dopado e confundindo o marido daquela pobre família com algum bicho na mata e atirou no caboclo, que tava só cuidando de sua roça...Aff! O homem estava mal e parece a cirurgia era de alto risco, mesmo em um bom hospital...Aquilo sim seria uma morte boba! E no fundo sabia que ele tinha parte da culpa, pois era o pessoal dele que vendia o ópio local...Daí quando pendia para seu lado, Joel se justificava dizendo a si mesmo : Apenas efeitos colaterais!
O que mais lhe chamou a atenção foi um acidente de carro que se deu próximo a entrada da cidade...Havia uma família que estava passando pela entrada da cidade com seu carro e seu carro sofreu um acidente terrível todos do carro morreram e parecia que fora já a alguns dias pois a família toda estava em estado de decomposição...Eles caíram em uma ribanceira e foram visto pelos moradores locais que por acaso passavam próximo onde caíram...Só mesmo vindo para a desgraça para ver só desgraça, pensava Joel.
Agora ele fora chamado pelo médico local, era a hora do inevitável...
- Olha delegado vou ser objetivo com o senhor...Pudemos coloca-lo o mais confortável possível, mas os ferimentos foram muitos e do jeito que ele foi agredido, por Deus, até agora não conseguimos entender...
- Como assim? Agredido? Me explique o que descobriu doutor!
-Bem os ferimentos não são nada naturais...E o mais curioso, o que usaram na agressão seja arma ou qualquer coisa cortante, não fecha a feria aberta, claro que contemos as hemorragias mas a infecção esta tomando conta rapidamente, poderia dizer até que essa arma poderia estar envenenada com algo nada químico ou biológico, pois nas amostras tiras das feridas nada encontramos...
Parecia que um muro caíra-lhe sob seu corpo, pois Joel faltou pouco para desabar...Ele acreditava que o ataque foi proposital, a alguém que lhe era estimado, portanto um ataque pessoal á sua pessoa
e se assim fosse sabia das intenções dele, talvez até todas! Não importa qual fora a arma do ataque, o que se entendia era que no mínimo não era barata e nem feita pelas redondezas...Quem mandou, mandou também um recado: eu sei!
