Novamente na noite fria, em meio a nevoa algo se move, sutil por entre as ruas, as alamedas, caminha um tanto sem rumo, como que curiosa com o que vê pois a algum tempo não passa dentro desses limites, dessas terras, que de certa m aneira te algum apreço...
Sua forma feminina, mais de uma menina, brinca ao encontrar pequenas poças de água no chão frio, suas pequeninas mãos tocam as plantas e as flores de inverno que sobrevivem a alto custo molhadas pelo orvalho da névoa, da qual veio junto. A cada cidade tem algo diferente, a cada país, continente um encanto e se enganam quem diz que cvhega um momento e não temos mais nada pra ver...Sempre temos algo mudando, crescendo, vivendo e morrendo, em especifíco pra ela esse último muito lhe interessa, a ponto de fazer parte si mesma.
Qual a vantagem de uma menina nunca envelhecer? Ela sempre tem um olhar novo, mesmo sobre as coisas velhas...E dessa vez são os velhos que lhe interessam, que lhe chamam mesmo ás vezes, sem querer, sem intenção real...Ela segue a estrada principal e entra numa rua quebrada que dá num velho beco sem saída...Segue reto, e começa uma descida após duas quadras, uma placa indica o local: Rua Visconde de Inhauma, Bairro Maria Luiza. Curioso esse local, muita colheita de almas de uns tempos pra cá, a maioria e pra felicidade dela, almas velhas, vividas, é a geração que se vai...
Tudo se vai, pensa ela, mas que tenham tempo de aproveitar o seu próprio tempo, e que possam repensar de seus erros e tentar pelo menos alguns acertos, antes da colheita inevitável pois a pior dor muitas vezes não é o inferno em si mas á própria lembrança interminável de um erro, que martela na consciência de sua alma pela eternidade...Ela chega na frente do ortão de uma casa e olha para o seu segundo andar , tem uma pequena varanda com uma cerquinha de alúminio...Uma porta janela que dá pra um quarto...Lá te um conhecido, que de vez ou outra escreve sobre ela, mas não...Hoje ainda não era por ele que ela chegou...Mas com certeza depois disso, ele escreverá sobre ela mais uma vez, e de certa forma isso a encanta, pois é bom que escrevam sobre a agente de vez em quanto.
Ela avança para o próximo portão e suspira por um momento, é aqui que o trabalho começa e tudo se torna mais profissional,mais frio, então vamos fazer de maneira rápida pelo menos isso, pensa ela. Então se eleva no ar, quebrando a fisica local, pois ela esta muito além disso e de momento a névoa se torna intensa e depois abre um pouco pelo deslocamento de ar criado...ELa olha pro chão em um momento e percebe que estão pavimentando a velha rua de estrada de terra batida e por instante sorriu: viu como tem sempre algo mudando? sempre há algo novo no ar...
Ela ultrapassa as parede de madeira da casa como se fossem sombras, nada pode dete-la, não nada desse mundo. Ela passa pela cozinha e adentra um dos quartos, onde um casal de almas velhas dormem e ela se aproxima do homem e com seus dedinhos pequeninos cutuca levemente o ombro do dorminhoco e fala baixinho no seu ouvido: Plínio, Plínio! É hora, vamos Plínio, acorda!
O homem meio acordado meio dormindo, encara a menina do seu lado da cama, e ê seus grandes olhos negros o fitando...Ela não precisa ser apresentada, pois no fundo todos conhecem, mesmo tendo a forma de uma menina doce e meiga...Ele pensa que ainda era muito cedo pra isso, que pooderia ainda melhorar algumas coisas que fez de errado, mas também de pouco adiantava, pois ela já estava do seu lado da cama...Ele pensou em acordar sua esposa, mas a menina o puxou lentamente pelo seu braço lhe retirando da cama e com um olhar fixo e sorriso de malandrinha chacoalhava coma a cabeça negativamente: Não Plínio, dessa vez é só você...
Ele pediu então pra ela um tempo mínimo pra se despedir, e ela coçou um pouco a cabeçae concordou...Ela soprou no ouvido de sua velha esposa e ela se levantou de pulo e olhou pro marido inerte e chamou seus filhos pedindo socorro...Os filhos ligaram pro hospital e mandaram uma ambulância de urgência, mas o corpo jas tava inerte e quem mais chorou foi a filha que ele mais mimava, o resto ja se conformara pois ele andava doente, já havia caído enquanto andava, tinha uma ernia em uma das pernas e o peso da idade não o deixava mais opera-la e tudo aquilo, aquela dor, aquele peso se fora...Mesmo assim apesar de tudo, ele ainda queria ficar, mas aqui nos lembramos que nenhuma coisa nesse mundo é imortal...E ela sempre vem pra afirmar isso...Depois do choro da dor, das despediddas, era hora de partir.
Ela o pega pela mão e começam a flutuar...Ele pensa pra onde vai, ela respnde que tudo depende do que ele fez e deixou de fazer, mas que cada um vai pra seu lugar de merecimento...Ele começa a chorar e pensa se não teria feito difernte se soubesse disso, mas quem não enganoui e foi enganado? Quem não roubou e foi roubado? Quem não traiu e foi traido? Afinal o que merecemos? Qual lugar realmente merecemos, se na morte sempre estamos sozinhos e ninguém nos acompanha?
Ela não responde pois isso não é a função mais dela e depois de subirem um bocado no céu uma fende se abre e ele atravessa e ela se despede: Até mais Plínio! ELe simplesmente desaparece...Como tudo que é temporal e depois disso ninguém mais nada sabe... Ela olha pra trás com saudosismo: é um bom lugar, tranquilo, pequeno, mas é hora de ir, quem sabe eu não demoro menos dessa vez pra voltar?
A senhora morte, menina sapeca volta pro seu caminho, em busca de mais almas pra levar, pulando e saracotiando pelas pocinhas de água como toda a criança feliz, por ser o que simplesmente é, brincando com os bichos, cheirando as flores, pois todo o dia algo novo vai estar á sua frente, mesmo noque pensamos ser velho naquilo que ela tenha de levar...Então meu amigo, tente pelo menos acertar seus passos, pois o que você vai levar daqui, será simplesmente o que você fizer por merecer...