Mesmo uma estrada tem seu fim...Mesmo um caminho chea o dia de seu término, pensou o monge...E como os dias passaram rápido! Parecia que todos na companhia já haviam se acostumado uns com os outros...Mortos, vivos, não-mortos, espiritos guardiões, e quem sabe por que não até a senhora morte, se acostumou com essa vida de família viajante, cada qual ajudando um ao outro em seus pontos mais fracos, mais sensíveis...E no caminho dessa inusitada história, até a ancia trocava velhas receitas de comida com a senhora morte, que ouvia tudo atentamente...
Contudo o monge notou que de um tempo em diante daquelas caminhadas, a senhora morte tomou a dianteira, a frente do grupo como que guiando-o ao seu destino final...E então chegaram a uma pequena vila de moradores também exóticos de onde o nome do vilarejo era redenção.
De imediato foram recebidos como bons amigos, e não se importaram com suas diferenças, nem mesmo com a senhora morte, e se hospedaram em uma velha taverna com quartos simples, mas limpos...Era um descanso que precisavam, a um bom tempo de caminhada, afinal mesmo sendo viajantes, ainda somos humanos e precisamos dessas lembranças, para continuamos humanos!
então um bom banho, uma refeição digna, e um bom sono, nos torna o que somos, humanos...? Em parte eu creio que sim.
E na taverna, em meio a um jantar, homens comentavam dos habitantes novos desse vilarejo, e o monge soube de um homem que chegou doente a pouco tempo e se restabeleceu, ficando no vilarejo, dali por diante. Ninguém sabia de onde viera e pela febre que tivera, devido a doença, ele esqueceu de quem era...De quem um dia foi.
- E esse homem mora ainda aqui- perguntou o monge, ao homem que contava o fato.
- Sim, perto do rio, em uma casa humilde, ele agora é pescador, e pelo jeito, dos bons!- completou o homem ao monge!
Curioso é que na mesa mais ao fundo, a senhora morte sentou-se sozinha e fazia sua refeição, atenta a todos de sua companhia, e o monge percebeu o seu sorriso sapeca escapar por entre seus lábios, rapidamente, e se desfazendo em mesma velocidade...Imediatamente ele se pos a ir ter com o homem do rio, pois sabia que pouco tempo teria depois dessa oportunidade surgida...Afinal, não estaria nos planos da senhora morte ficar muito tempo nesse mundo dos homens, não mesmo...
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
ESTOMAGO VAZIO
Eu andava entre os campos da vida, quando encontro uma jovem magrela sentada no chão,
Curioso pra saber de tal desacorçoamento, e de tal razão, lhe pergunto e ela respodeu:
- Olha estranho, não se espante, mas é fome mesmo, é a falta de pão...
Entao me começo a pensar nessa famigerada que nem arma tem e a tantos triturava. Que nesse mundo, qual fosse a receita usada por essa ceifeira, que por onde passava muitas vidas levava....era sem eira, beira e lado, mas era tanto seu poder que nem o do pecado que deve a tantos trazer... Pro outro lado!
Então meu Divino, como num mundo tão grande de tanta plantação e de tanta fazenda, a fome assim se assenta? Qual a maldita receita que faz meu irmão morrer atarrachado de estomago encostado, ao espinhaço, e garganta tão seca, até parecento paleta?
...Em meu prato vejo as sobras que restei, e o quanto esbanjei, e nada pude guardar pois não me dei conta de um dia encontrar, alguém que de fome nem pudesse andar!
Além de me acrescer nessa maldita receita acresço também a vaidade, sovina, de poder corrupto, de propina...Para que uns tenham tanto, que numa vida nem poderiam gastar, e que muitos nem, poucos dias possam nesse mundo ficar, porque é a fome que vai os levar...
Salto de minha montaria e tiro uma panela de revirado de bijú, carne seca e torresmo , uma guaiáca de leite azedo, um grande pedaço de pão...Apronto um café com mistura, do jeito nosso lá do sertão!
Deuses como seus olhinhos brilharam, e de sorriso largo, seus lábios finalmente se fartaram, e ela comeu como nunca, e chorava, pelo que recebeu, tão somente o direito que toda a pessoa , desde que foi concebida, um pouco de comida...Então aprontei a fogueira, esquentei o chão com o cobertor e pelego fiz a cama, pra jovenzinha sonhar, e ela dormiu com o largo sorriso, num sonho lindo, que não quis mais acordar...
Era manhâ e a encontrei ali, quietinha, ainda molinha, e com o largo sorriso, a lhe acompanhar...Te digo agora homem velho, a dor foi tão grande ao me arrancar , e nessa lágrima rolar...
Preparei a cruz do estradão, e da mata forjei um caixão de galhos de vime, e floreei com as rosinhas selvagens da Mãe Divina, que nascem no campo sem semear, como o amor que ela tem por nós, e que vem de todo o lugar.
Marquei passo com a montaria, que sentiu o peso de minha dor, e minha decepção com esse mundo cão!
Curioso pra saber de tal desacorçoamento, e de tal razão, lhe pergunto e ela respodeu:
- Olha estranho, não se espante, mas é fome mesmo, é a falta de pão...
Entao me começo a pensar nessa famigerada que nem arma tem e a tantos triturava. Que nesse mundo, qual fosse a receita usada por essa ceifeira, que por onde passava muitas vidas levava....era sem eira, beira e lado, mas era tanto seu poder que nem o do pecado que deve a tantos trazer... Pro outro lado!
Então meu Divino, como num mundo tão grande de tanta plantação e de tanta fazenda, a fome assim se assenta? Qual a maldita receita que faz meu irmão morrer atarrachado de estomago encostado, ao espinhaço, e garganta tão seca, até parecento paleta?
...Em meu prato vejo as sobras que restei, e o quanto esbanjei, e nada pude guardar pois não me dei conta de um dia encontrar, alguém que de fome nem pudesse andar!
Além de me acrescer nessa maldita receita acresço também a vaidade, sovina, de poder corrupto, de propina...Para que uns tenham tanto, que numa vida nem poderiam gastar, e que muitos nem, poucos dias possam nesse mundo ficar, porque é a fome que vai os levar...
Salto de minha montaria e tiro uma panela de revirado de bijú, carne seca e torresmo , uma guaiáca de leite azedo, um grande pedaço de pão...Apronto um café com mistura, do jeito nosso lá do sertão!
Deuses como seus olhinhos brilharam, e de sorriso largo, seus lábios finalmente se fartaram, e ela comeu como nunca, e chorava, pelo que recebeu, tão somente o direito que toda a pessoa , desde que foi concebida, um pouco de comida...Então aprontei a fogueira, esquentei o chão com o cobertor e pelego fiz a cama, pra jovenzinha sonhar, e ela dormiu com o largo sorriso, num sonho lindo, que não quis mais acordar...
Era manhâ e a encontrei ali, quietinha, ainda molinha, e com o largo sorriso, a lhe acompanhar...Te digo agora homem velho, a dor foi tão grande ao me arrancar , e nessa lágrima rolar...
Preparei a cruz do estradão, e da mata forjei um caixão de galhos de vime, e floreei com as rosinhas selvagens da Mãe Divina, que nascem no campo sem semear, como o amor que ela tem por nós, e que vem de todo o lugar.
Marquei passo com a montaria, que sentiu o peso de minha dor, e minha decepção com esse mundo cão!
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