quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ESTOMAGO VAZIO

Resultado de imagem para cavaleiro na estrada de campo   Eu andava entre os campos da vida, quando encontro uma jovem magrela sentada no chão,
Curioso pra saber de tal desacorçoamento, e de tal razão, lhe pergunto e ela respodeu:
  - Olha estranho, não se espante, mas é fome mesmo, é a falta de pão...
 Entao me começo a pensar nessa famigerada que nem arma tem e a tantos triturava. Que nesse mundo, qual fosse a receita usada por essa ceifeira, que por onde passava muitas vidas levava....era sem eira, beira e lado, mas era tanto seu poder que nem o  do pecado  que deve a tantos trazer... Pro outro lado!
Resultado de imagem para olhar de menina com fome    Então meu Divino, como num mundo tão grande de tanta plantação e de tanta fazenda, a fome assim se assenta? Qual a maldita receita que faz meu irmão morrer atarrachado de estomago encostado, ao espinhaço, e garganta tão seca, até parecento paleta?
...Em meu prato vejo as sobras que restei, e o quanto esbanjei, e nada pude guardar pois não me dei conta de um dia encontrar, alguém que de fome nem pudesse andar!
    Além de me acrescer nessa maldita receita acresço também a vaidade, sovina, de poder corrupto, de propina...Para que uns tenham tanto, que numa vida nem poderiam gastar, e que muitos nem, poucos dias possam nesse mundo ficar, porque é a fome que vai os levar...
Salto de minha montaria e tiro uma panela de revirado de bijú, carne seca e torresmo , uma guaiáca de leite azedo, um grande pedaço de pão...Apronto um café com mistura, do jeito nosso lá do sertão!
    Deuses como seus olhinhos brilharam, e de sorriso largo, seus lábios finalmente se fartaram, e  ela comeu como nunca, e chorava, pelo que recebeu, tão somente o direito que toda a pessoa , desde que foi concebida, um pouco de comida...Então aprontei a fogueira, esquentei o chão com o cobertor e pelego fiz a cama, pra jovenzinha sonhar, e ela dormiu com o largo sorriso, num sonho lindo, que não quis mais acordar...
Resultado de imagem para virado tropeiro    Era manhâ e a encontrei ali, quietinha, ainda molinha, e com o largo sorriso, a lhe acompanhar...Te digo agora homem velho, a dor foi tão grande ao me arrancar , e nessa lágrima rolar...
Preparei a cruz do estradão, e da mata forjei um caixão de galhos de vime, e floreei com as rosinhas selvagens da Mãe Divina, que nascem no campo sem semear, como o amor que ela tem por nós,  e que vem de todo o lugar.
Marquei passo com a montaria, que sentiu o peso de minha dor, e minha decepção com esse mundo cão!



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