O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 15 - NOSSA HISTÓRIA, MEU DESAFIO!

     -ASSIM QUE DESCERAM, A PRIMEIRA FASE COMO DE TODOS OS ABANDONADOS, FOI DE DOR , DESESPERO E SOLIDÃO, QUE OS LEVARAM A VIOLÊNCIA GRATUITA CONTRA TUDO O QUE VIAM E ATÉ ENTRE ELES MESMOS...MUITAS LENDAS SE FORMARAM NESSA FASE, POR MUITAS TRIBOS...
    - O PASSADO LOGO SE VAI E A FRENTE O FUTURO TRAZ A CONSOLAÇÃO E ESPERANÇA DE CONTINUAR VIVENDO, E O PRESENTE SE TORNA CURATIVO PARA AS CICATRIZES ABERTAS...ABRIU-SE A FASE DO DESCOBRIR E MUITOS FORMA POR ANDANÇAS NESSA IMENSA TERRA SAGRADA. OUTROS MAIS AJUIZADOS ESPERAVAM QUE SEUS IRMÃOS CAÍDOS APRONTASSEM UM TERRENO MAIS LIMPO COM RUAS E CASAS, PARA SE SENTIREM UM POUCO EM CASA NESSE NOVO LAR...E PARA A EMPREITADA, FORAM CRIADOS OS PRIMEIROS CONSTRUTORES, DA NOSSA ALDEIA...ÉRAMOS GIGANTES , COM ORGULHO DE SERMOS OS PRIMEIROS GERADOS COM SEUS SANGUES SAGRADOS
   - NÓS NÃO TÍNHAMOS LIMITES NAQUELE TEMPO...TUDO O QUE MANDAVAM CONSTRUIR NOSSO POVO FAZIA E ANDAMOS PELO VASTO MUNDO SEM FRONTEIRA. A CADA CIDADE CONSTRUÍDA, A CADA ESTRADA FEITA, NO MANDAVAM MAIS LONGE, CADA VEZ MAIS LONGE E NUNCA TIVEMOS UM LAR, UMA TERRA SÓ NOSSA, NÓS FOMOS FEITOS PARA O MUNDO.
     - ELES CONHECERAM TUDO E A TODOS, FALARAM OS MIL IDIOMAS EXISTENTES E SE DIVERTIRAM COM A SUA CIÊNCIA, CRIANDO ANIMAIS ESTRANHOS E POVOANDO COM ELES POR ONDE PASSAVAM... E NÓS COMO PERCUSSORES SEMPRE Á FRENTE PREPARANDO SEUS CAMINHOS. TUDO ISSO ERA NOSSA VIDA E ORGULHO!
     - OS ANOS PASSARAM-SE DE TAL MANEIRA QUE  NÃO HAVERIAM MÃOS EM TODA A NOSSA TRIBO, PARA CONTA-LOS...ATÉ QUE UM DIA NOTAMOS QUE AS ESTRADAS ESTAVAM MUITO LONGAS E ELES NOSSOS SENHORES E CRIADORES, NÃO MAIS NOS ACOMPANHAVAM, NEM NOS SEGUIAM...EM BUSCA DELES NÓS É QUE RETORNAMOS, MAS ATÉ HOJE NUNCA OS VIMOS MAIS!
    - NO CAMINHO A CADA  PARADA FOMOS CONHECENDO OUTROS POVOS E NOSSA LINHAGEM FOI SE MISTURANDO, E DEFINHANDO, POR ISSO MUITOS DE NOSSO NÃO SÃO MAIS TÃO GRANDE E FORTES, MAS QUAL O PAI ABANDONA SEU FILHO SÓ PORQUE ELE É FRACO E PEQUENO?
     - APRENDEMOS TAMBÉM COM OS POVOS QUE CONHECEMOS...OS SEGREDOS DE VIAJAR PELOS SONHOS COM OS POVOS DA NOITE...AS ERVAS E FRUTAS QUE CURAM O CORPO E A ALMA COM OS POVOS DO DIA...O SEGREDO DOS MURMÚRIOS DA DO SOLO, COM O POVO DA TERRA E MUITO MAIS!
     -ESCUTANDO AS ESTRADAS SABÍAMOS QUE AINDA EXISTIA ALGUNS DE NOSSOS SENHORES POR ESSE MUNDO...MAS NÃO TANTO QUANTO ANTES!
     -AGORA VEM UM HOMEM ESTRANHO A TEMPO ATRÁS TRAZENDO O CHEIRO DE NOSSOS SENHORES COM ELE, CARREGANDO UM CORAÇÃO QUE NÃO E DELE E QUE DEVIA SER DEVOLVIDO AO MESTRES ANTIGOS, QUE É O CERTO...AGORA COM ISSO ELE TROUXE A IRA DE NOSSOS SENHORES PARA ESSA REGIÃO E NOSSO MEDO JÁ É GRANDE POIS ERA NOSSO DEVER ENCONTRAR O CORAÇÃO E GUARDA-LO ATÉ QUE NOSSOS SENHORES RETORNEM, A QUALQUER CUSTO...
    -Então sabendo de nossa história, ó viajante, e de nosso medo, achamos que agora é hora de barganhar...Nós os ajudaremos mais em troca queremos que nos tragam o coração que não pertence ao velho ermitão...Queremos o que não lhe pertence, e que é por direito nosso guardar como bons servos que somos de nossos senhores, que um dia caíram nesse mundo imenso e se perderam com o tempo, mas que um dia voltarão ao imenso vazio profundo e frio, entre as estrelas...Vocês aceitam o trato, aceitam mais esse desafio?
    Ele sabia que deveria ponderar bem antes de tal decisão e baixou sua cabeça, virou-se para a entrada da aldeia, viu, que a trama estava armada pelo destino, quando observou o pôr do sol  da entrada da aldeia, respirou fundo:
    - Eu aceito!

OS SETE MENDIGOS : CAP 15 - A ALDEIA

    Após caminharem sozinhos por entre sombras na estrada antiga, deram de encontro com uma grande clareira, e dentro dela muitas casas feitas de barro quadriculadas, de longe lembravam as casas do oriente médio antigas, pensa ele, estupefato com a possibilidade desse povo ser de uma cultura superior aos índios locais, pois via entre objetos alguns feitos de metais trabalhados meticulosamente...Eram braceletes, facas curtas e até pontas de lança, se ele fosse um pesquisador teria já seu nome marcado na história por essa descoberta.
    As casas mantinham em formação de círculos sobre círculos com o meio vazado, por onde se entrava no acampamento, e fazia-se ligação com a estrada de onde vinham, e ainda mais ele fascinava com a possibilidade de que aquela formação era bem parecida com a utópica  Atlântida mesmo que rusticamente comparando-as.
    Quando chegaram na praça principal três homens idosos os esperavam em silêncio enquanto o povo se agrupava lentamente ao redor deles...Nesse momento ele  notou de que nem todos eram gigantes naquela aldeia, haviam inclusive pessoas pequenas entre eles, o que foi muito curioso de se olhar, como que vendo os extremos de um único ponto e lugar.
     - Sejam bem vindos! Foram anunciados apropriadamente, sei que Rodolfo conhece nossos costumes e a afronta a eles seria imperdoável, os previno!
    -Estamos cientes senhor! Estamos aqui precisando de sua ajuda mais uma vez, portanto viemos barganhar!
    -Primeiro, contudo, viajantes deixem-nos lhes dar as boas vinda! Sejam hóspedes em minha casa e descansem um pouco da viagem!
     - Estaremos honrados com sua oferta, senhor - Rodolfo reclina a cabeça ao mais velho no centro, e segue atras, alguns passos dos três, pois era um dos costumas locais deixar que os mais velhos os guiassem...Ele se torna um espelho de Rodolfo, para não cometer nenhuma gafe, pois poderia ser mortalmente incompreendido.
    Adentrando numa casa no centro de todos os círculos, eles se assentam ao redor de uma fogueira e sobre ela um velho tacho de metal fundido que claramente não era desse povo, mas uma das barganhas que os parente de Rodolfo ainda faziam com  essa comunidade isolada de todos, pois era de pouca idade de uso...Sentados, foram servidos alimentos típicos e um vinho de plameira forte...Ele então nota algo peculiar: os três chefes idosos eram trigêmeos  e falavam de modo que um complementava a fala do outro como que uma única mente, compartilhada nos três corpos...Assim a conversa que é repassada segue perfeita mas é a interação dos três chefes.
   -   A muito tempo ouvimos os rumores da estrada...Ela nos diz quase tudo sobre quase todos que nela pisam...Ela nos falou de um homem que veio de longe fugido de seu passado sombrio, um passado que vem de encontro ao nosso como maldição! E no final esperávamos que a estrada nos trouxesse a solução desse impasse e eis que vocês chegaram! Sim precisamos barganhar mas de momento serão informações, de ambas as partes...
   - Concordamos senhores- disse ele- e entendo que pelos seus comentários, sua história está também ligada a do velho ermitão das minas de caolin, como assim?
    - Viajante, para entender devemos lhe contar um pouco de nossa história, então encha seu copo de purungo com vinho de palmeira e aprecie...
"  A MUITO TEMPO QUANDO AS ESTRELAS AINDA ERAM PEQUENAS E POUCAS NO ESCURO DOS CÉUS ELES CHEGARAM LÁ DE CIMA E ESTAVAM TRISTES POIS FORAM TIRADOS DA PRESENÇA DE SEUS PAIS CELESTES...UNS TRISTES E ZANGADOS POR NÃO PODEREM MAIS VIAJAR POR ENTRE AS ESTRELAS E O FRIO DO ESPAÇO ENTRE ELAS....

                                                                      

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 14- A ESTRADA!

    A tempos de tanto andar por aquelas bandas parecia que já era morador nato daquele lugar...Agora seguindo por um novo caminho os dois adentram a uma selva mais fechada, mais difícil de se movimentar, o que indica de que no mínimo faziam anos que ninguém passava pelo local ou quem sabe conheciam essa passagem pelo qual percorriam.

    Então após um tempo de subida e passando por capins alto de lados cortantes e subindo por pedras caídas arredondadas e gigantes, a mata inexplicavelmente se abre e deixando no chão transparecer o que um dia foi uma via calçada, muito bem desenvolvida, mesmo para os dias de hoje...Isso aguça a ele sua curiosidade: que tipo de pessoas viviam antes do pessoal dito como civilizado chegasse aqui? Seria uma grande reportagem saber quem fez essa estranha estrada num período em que os povos  indígenas da região ainda viviam de coleta e manufatura de material de pedra e barro mal cozido...

    O curioso da caminhada até o destino do povoado oculto, é que Rodolfo não entrou em contato com minguem, pois saíram do acampamento silenciosamente e se embrenharam na mata direto e sem parada. E porque digo curioso? Mal chegam nas proximidades da entrada  do povoado dos ocultos e alguém, um índio bem alto esperava por eles na estrada que de uma hora para a outra não tinha mais continuidade, dando de frente a um enorme paredão de pedra.

     - O nosso chefe o aguarda amigo caraíba, é um prazer em revê-lo novamente, após tantos anos - falou o índio gigante para Rodolfo, com certeza que o conhecia.

     - Ozu! quanto tempo meu velho amigo...Sim estamos indo a ter com seu povo...Por favor, vai na frente e avise que somos de paz...!

    -Como queira amigo caraíba!

    Surpreso, com aquela situação, ele não se conteve e perguntou:

    - Como sabiam que estávamos chegando? E que história é essa daquele gigante ir na frete nossa?

    - Senhor, esses índios fazem parte de um grupo pouco conhecido, que segundo uma lenda local, foram trazido pelos mais antigos que eles, como escravos para construir essa estrada que servia para levar ouro e riquezas da região para o lar dos antigos...E seus antepassados eram muito maiores que o que viu agora a pouco...Essa estrada foi construída por seus ancestrais e por isso eles sabem quem esta chegando só de pisarmos nela...É uma espécie de dom, dos poucos que restaram, dados pelos antigos a seu povo, quando partiram e não precisaram mais deles ou das riquezas, em especial do ouro que existia por aqui a muito tempo atrás.

       - Então quando pisamos nos primeiros metros da estrada eles sabiam que estávamos indo até eles? Incrível!

      - Sim, e tem mais...A muito tempo atrás um grupo de bandeirantes tentou engana-los para descobrir sua aldeia e escraviza-los novamente aos trabalhos forçados do campo, e quando encontraram um deles no mato, obrigaram-no a mostrar o caminho da aldeia, mas quando chegaram nessa estrada o povo dele estava esperando o inimigo e dizimaram os bandeirantes salvando o índio aprisionado por eles...Agora é costume que um índio venha na frente avisando que somos amigos, para que não tenhamos reféns, contra eles...Contudo tenho algo importante a lhe dizer nesse momento.

     - Sim., prossiga,meu amigo!

     - Ainda não estamos inteiramente seguros...Agora seremos julgados pelos nossos atos perante eles, bem como de nossas intensões para com eles...Quando chegarmos na aldeia, tudo o que dissermos e fazermos, definirá se sairemos de lá, vivos e com o que queremos...Senhor, lhe peço cuidado! Aja com respeito e seja honesto, pois saberão cedo ou tarde se tentar engana-los!

     - Não se preocupe, amigo! Creio acima de tudo nas minhas intenções, em busca no fundo da verdade dos fatos, e na justiça de descobrir os culpados dos fatos que levaram-me até aqui.

      Após essa conversa eles caminham em silencio e reverentes ao terreno pelo qual pisavam, então atravessaram ao lado do grande paredão, onde encontraram imensas rochas caídas ao lado de uma trilhe menos feita das mesmas pedras da estrada maior...As pedras pareciam ter sido removidas recentemente, devido aos fragmentos de musgos, que ainda estavam pelo chão. Contudo o que surpreendia era que as pedras eram muitos pesadas e faziam parte da grande murada, de onde terminava a estrada...No mínimo dez homens seriam necessários para move-las de lá e vários dias para não derrubarem toda a formação junto com isso, da murada, pois as pedras ainda eram tramadas e intercaladas uma as outras...Sim era um feito incrível...

 

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP13- ELEMENTO ÁGUA!

    Amanheceu, como todos os dias que se dava desde que montaram aquela sociedade. pela manha com todo o cuidado Rodolfo, discretamente prepara uma lanche, sem muita fumaça, no acampamento clandestino. Enquanto faziam a refeição Rodolfo começa a conversa...
    -Ontem o senhor havia comentado dos caminhos que podemos usar para vencer nossos adversários e que no livro que havia lido, foi dado o conceito elemental dessa técnica
    - Sim meu amigo..Como lhe falei ontem, a técnica representa cada comportamento como elemental: terra, água, fogo, vento e vazio. Assim classificamos primeiramente a terra, de maneira geral, como algo parado fixo, difícil de moldar, que é quase imutável; ao fogo algo violento, rápido inesperado, de rompante; a água vem a mobilidade, tomando qualquer forma, sufocando, abafando, procurando superação através das áreas vazias; o vento incrementa, comunica, está lá mas não é visto, detalhes simples se tornam a porta de saída; o vazio é o que esta faltando, o que não foi completado, a falha da armadura inquebrável...Aparentemente num nível menos profundo esses ponto de vista nos deixa mais próximo de qualquer solução se nos apegarmos no sentido de suas definições. Interessante,não.
    - Vendo desse modo, claro que sim...Então o que temos até agora?
    - Vemos ali algo funcional, amigo, como todo a empresa, corporação...Engrenagens funcionando, monotonamente, seguindo uma sequência, mesmo nos níveis de segurança...Algo que termina entre  a terra e o fogo, uma vez que quando alguém tenta invadir ou ameaçar o sistema, eles se tornam extremamente violentos...
    - Sim, isso mesmo! E nós temos de achar um jeito de controlar esse pessoal todo, de uma só vez...Algo que os domine, desmantele todas as engrenagens e faça essa maquina parar...Algo com as propriedades da água?
    - Sim, amigo! Isso é o espirito! Agora nos focamos nesse elemento, que ação tática, objeto, coisa relacionada a água que podemos usar, para a empreitada...?
   - Claro é isso! Acho que temos aqui próximo o que precisamos senhor!
   - Especifique, amigo.
   - Nas proximidades do Monte Cristo, havia uma tribo muito peculiar que tratava de escambo com meu bisavô. Esses índios pescavam carpas grandes, que meu bisavô comprava e salgava para levar como peixe seco para o mercado velho de Joinville...Em troca ele lhes fornecia roupas e ferramentas para o trabalho no campo. O mais interessante dessa história, era de como eles pescavam: usavam uma raiz de cipó, conhecida como o sono dos mil homens...Ela uma vez preparada com outra erva de nossa região, quando inserida no rio paralisava os peixes que recebiam seus fluidos por um longo tempo e eles morriam afogados pela própria água em que viviam e subiam á superfície, boiando com seus últimos fôlegos de ar, assim os índios apenas os apanhavam em vez de simplesmente pesca-los!
   - Interessante, amigo, continue!
   - Bom senhor, dado em doses certas, tudo em que se pode misturar, que tenha líquido quem ingerir, vai paralisar por horas, e se bem que os efeitos demoram um tempo a agirem, o que teremos de ter uma sincronia ao aplica-lo dentro das minas de caolin e com o pessoal do Ferreira...
  - Podemos encontrar essa raiz ainda hoje no local de onde você falou, no Monte Cristo?É possível ainda preparar a tal poção?
   - Com certeza, senhor, nossa família ainda mantem relações com os descendentes do povoado local, tenho parentes que ainda negocial, por assim dizer, com eles...Lá entre eles tem sempre um mais antigo que guarda de cabeça toda a tradição da tribo. Segundo o seu costume eles o educam desde criança para ser um livro vivo, um diário dos acontecimentos mais relevantes da hist´ria de seus povo.podemos falar com ele.
   - Sim, sim, meu amigo! Seremos então como a água, vamos nos adaptar e superar nosso obstáculo! E estou tendo uma ideia muito boa para podermos chegar aonde queremos realmente chegar...Partiremos pela noite, que nos encobrirá, em nossa caminhada, e temos de entrar em contato com o estalajadeiro, ele vai ser nosso veículo principal nessa história!
      A noite chega e no meio dela duas pequenas sombras se movem, imperceptíveis rumo a mais uma empreitada de sua saga..

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP12 - TÁTICAS!

    Passaram-se de bons dias após aquele temporal todo. Dentro das minas a história e lembranças da perseguição nem mais eram lembradas pois o trabalho duro, faz você esquecer das coisas rapidamente, e como uma maquina bem afinada Ferreira fazia aquela mina render o máximo que podia...Sua devoção ao velho ermitão era até que fanática. Como um relógio também ele fazia suas entregas misteriosas, para aquele velho que nunca saia daquele local.
    Assim vem mais uma incursão sorrateira a fim de entender o comportamento de como se procedia para abrir aquela bendita porta claro que não era só girar a chave. Então novamente foram feitos observações do melhor momento e local que podiam ficar, para ver como tudo se procedia, e eis que eles acharam um pequeno morro com arbustos a uns 30 metros da mina do meio e pela janela de ronda  dos sentinelas- o momento vazio entre uma ronda e outra que passaria no local - estabeleceram-se com mantos de camuflagem, deitados entre os arbustos e esperaram até o momento da entrega das caixas na porta da caverna.
    Era noite quando tudo recomeça, com tempo contado...dessa vez eles puderam ouvir a batida seca de três vezes antes de virar a chave, depois alguém girava algo por dentro e depois Ferreira inseria a chave e fazia sua parte destravando a fechadura e abrindo a porta pesada, para fora, e não para dentro, o que era curioso, naquela situação, pois é natural que as portas abram para dentro.
Daí esperaram a noite cair profundamente e na janela de ronda retornaram ao acampamento clandestino, para poderem tramar algum plano, para a invasão derradeira ao local.
    - Com certeza, senhor, aquela porta é muito pesada, e precisaremos de tempo para abri-la e adentrar na mina...E se não for no tempo certo da chegada de Ferreira com o equipamento, jamais o velho vai abrir a porta pelo lado de dentro.
   - Concordo, amigo! Temos de achar um meio de neutralizar toda aquela gente, no momento da chegada das caixas e um pouco antes do horário de entrega pelo tal Ferreira...Isso sim vai ser difícil!
    - Sim acertar tais eventos com sincronia e sem resistência por parte deles é outro problema...
    - Devemos dar mais um tempo observando alguma falha de segurança nesses dias...Um dado momento li um livro, que ensinava cinco caminhos, que levam a derrota de qualquer adversário!
    - Como assim, senhor, caminhos de vitória?
    - Sim, meu amigo...Nesse livro ele falava de que cada caminho representa um comportamento que cada um de nós inevitavelmente segue, e os capitulou como caminho do fogo, da água, da terra, do vento, e do vazio!
    - E o que isso tem a haver com nosso problema?
    -Bem se estipularmos qual o comportamento que eles seguem, ou se seguem quais caminhos, podemos usar um caminho inverso para achar o meio de vencermos eles! Assim por exemplo, se eles seguem o caminho do fogo, obviamente  usaríamos as táticas e conselhos do caminho da água pois é um caminho naturalmente oposto ao do fogo!
   - Curioso e bem estranho, senhor! Mas para eu entender melhor poderia me ensinar tais caminhos, para que possa então, junto com o senhor acharmos uma maneira de conseguir abrir aquela porta bendita da mina?
   - Claro! Vamos conversar nisso amanha pois no resto dessa noite descansemos! Lembre-se que tudo nessa vida tem seu tempo certo. Agora e tempo de descansar e amanha, conversar...Boa noite!
   Rodolfo se retira para um canto para dormir e pensa curioso, que é de poucas vezes, do por que um homem desses estaria tão disposto nessa empreitada, que ele aceitou, que de longe é das mais esquisitas...Contudo esta sendo bem pago, para questionamentos, e como ele disse hoje é pra descansar e amanha para perguntar! A noite se encerra com uma monotonia que pelo jeito persistirá por uns tempos...Preparação antes da ação!

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 11 - A CHAVE!

     Voltar para aquele inferno, era extremamente difícil pelo menos mentalmente, pra qualquer um...Somente uma boa motivação para se fazer isso...Para Rodolfo era uma questão de vingança pessoal, mesmo que seus ideais estejam um tanto turvos, pois afinal, quem invadia eram eles...
    Para ele, havia muito em questão, a ponto de em se importar com o preço disso tudo: havia rastros de orgulho, vaidade, sim havia...Mas haviam pontos positivos, como por exemplo o de dar um final a história de um homem desaparecido: João Carlos bezerra...E não somente trazer paz aos familiares, mas a seu próprio chefe que a anos se tormenta com o desaparecimento de um amigo, pois eles mantiveram por anos trabalhos das reportagens e investigações, que levaram o jornal, agora que também trabalha, nas eras de ouro, ficando afamado em tempos antigos até internacionalmente...
Especialmente por ter tudo acontecido nas épocas de intervenção militar, muito mal querida  por jovens de hoje que nem souberam o que realmente aconteceu, pelo simples fato de não terem vivido aquela época.
    Assim subiram tudo novamente como sempre cuidadosos, agora de certa maneira havia sido tudo facilitado pela desgraça das perdas da primeira empreitada...Mas cair, levantar e tentar de novo era a norma da casa, pelo menos da deles.
    Curiosamente eles chegam no antigo acampamento clandestino, agora muito melhores equipados e nada de anormal havia ocorrido, com certeza tomaram ele por um mero aventureiro que se escafedeu pelo medo que impuseram, na sua perseguição...Também havia feito um bom mapa das minas de caolin e com os horários das sentinelas, turnos de serviço e principalmente das idas e vindas, daquele absurdamente gigante, o tal de Ferreira!
   Passado uns dias de espera silenciosa, surge a oportunidade da primeira incursão dentro do campo...Começou um temporal e os trabalhadores se recolheram mais cedo, e por causa do frio repentino que se deu pela chuva e ventos fortes, a  maioria deles haviam ganhado doses de aguardente, e logo todos estavam dormindo, com exceção de pobres vigias que andavam em pares e turnos, para não se congelarem..Claro que os uniformes comprados dos amigos do reich eram impermeáveis e uma seda especial se fazia de poncho, que mantinham ele e Rodolfo, bem confortáveis, para a situação...É nesse momento que Rodolfo age e entra na surdina nas instalações da mina...Pelo horário da noite até mesmo o tal de Ferreira, estava no berço do sono e arrombar a sala do escritório da mina, foi fácil, inda mais que cada volta dos sentinelas se dava a cada 32 minutos...
    Entrando no escritório nada de novo havia de se dizer. Eram mesas escrivaninhas, fichários de arquivos..E numa sala isolada, por uma armação de vidro emadeira havia a sala do Ferreira...E como se sabia que era dele? Pelo tamanho dos móveis...É claro que deveria de ter algo reforçado para aguentar a estrutura do homem, quando ele trabalhava nos assuntos administrativos da empresa...Sim, cadeira bem grande , mesa enorme, e até adaptaram uma espécie de suporte de canetas para as mãos do mesmo, era bem interessante andar por isso tudo, fazia com que Rodolfo repensasse sua estratégia de como pegar Ferreira, pois ele seria como uma criança de 12 anos em frente a um homem formado, então um combate convencional não poderia nunca de acontecer entre os dois.
    - Bem não me importa: quanto maior o pinheiro, maior será o estrondo de sua queda!- pensava consigo mesmo, Rodolfo.
   Assim, com tempo de sobra mas contado e dentro da sala do Ferreira, Rodolfo inicia sua busca, pela tal chave, que ele usava para entrar na mina do meio, onde estava o  velho ermitão...E na mesa havia uma das gavetas fechadas com um cadeado de aço especial...Rodolfo não teria tempo necessário para  cortar o material, e mesmo que cortasse não podia, pois deixaria bem claro que eles entraram no local, alertando todos de suas presenças...era muita falta de sorte mesmo!
Então ele retira de um bornal que trazia consigo militar, um radiocomunicador com fone de ouvido, para comunicação silenciosa e passa a informação para ele:
    - Calma, amigo! Estou indo...Só me oriente de uma posição boa, dos sentinelas, eu posso resolver! Não podemos perder essa oportunidade!
    - Tudo bem senhor,  temos pouco tempo até a segunda ronda...Vou achar uma posição boa até la, aguarde e quando eles passarem siga minhas instruções e ficará fácil chegar...Desligando!
    Bom, o toró de água ia demorar muito para passar mesmo e assim fizeram. Quando a ronda passou nem notou Rodolfo debaixo da mesa de ferreira, confortável pelo tamanho, esperou passarem e logo tiveram o segundo turno todo para que ele chegasse e ajudasse Rodolfo...Ele era hábil em cadeados, pois muitas foram as investigações que adentrou de maneira um tanto irregular, estabelecimentos suspeitos a procura de provas...Usando umas gázuas ele abriu com facilidade e ali estava o prêmio como previram: a chave grande que abria a caverna do meio! Rapidamente Rodolfo fez uso da cera que havia preparado, do material tirado da colmeia que havia achado no mato tempos atrás, e saiu tudo perfeito, fazendo em duas metades para ter todos os detalhes no molde...Saíram então rapidamente e retornaram ao acampamento...Durante toda a noite Rodolfo trabalhou no cadinhos derretendo os materiais que havia trazido, para confeccionar a chave, e acertando a dose certa criou um forte liga de bronze, e unindo as metades dos moldes, fez uma caixa, colocando a areia, que havia coletado de um rio próximo. E colocando meia porção da caixa encerrou o molde dentro, para depois encerrar o resto do espaço da caixa até a borda, fazendo dois furos, um de entrada na outra extremidade, da altura do molde, para respiro... Assim quando derramou a liga quente e borbulhante ele sabia que teria apenas uma chance e não poderia desperdiçar, para formar a chave.Quando o respiro borbulhou ele sabia que havia terminado, agora era só descansar, esperar esfriar e depois ver no que dava.
Amanhece e com ela a certeza de que seu objetivo esta mais próximo de acontecer, e quando isso o for tudo o que fizer terá valido a pena...Será?

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 10 - DE CAÇA A CAÇADOR

    Pela manha saíram cedinho, mal o dia havia clareado...Com muito cuidado, se deslocaram pela mata e foram costeando a estrada da velha BR 101 até chegarem a localidade de vila Nova perímetro de Joinville. Ali encontraram um telefone público e ligaram para o estalajadeiro, que reconheceu ele de imediato:
    - Suas coisas ainda estão comigo senhor! E parece que as autoridades já acham que o senhor abandonou de vez a empreitada...
    - Sim deixe que pensem assim, camarada! Tem como mandar meus pertences discretamente para a pousada do Elói Molóis, aqui na localidade de Vila Nova?
   - Sim senhor, e eu conheço o local...Tenho um amigo de confiança que vai toda a manha levar uns peixes, para a pousada, fique tranquilo, amanha cedo á chegando seus pertences, pode ficar descansado!
    - Meu amigo, pode ter certeza de que vou recompensa-lo por sua lealdade, muito obrigado!
    - Disponha, senhor! Quero apenas que fique claro, que esses marginais que comandam a cidade não representam o povo, que mora aqui...Somos gente honesta e de paz!
   - Compreendo sim, afinal, quem não tem seus lobos em pele de cordeiro? Até mais amigo!
   - Adeus senhor!
    A ligação se encerra e eles podem descansar, pois Elói devia alguns favores para Rodolfo, nesse momento perguntar que favores, seria impróprio...Então recebem um quarto discreto, tomam um merecido banho, se alimentam, descansando em camas limpas e quentes que a muitos dias não viam...É nesses momentos que damos valor ás coisas mais simples, quando tudo nos falta....
     A noite passou rapidamente, pois ambos apagaram devido ao ao cansaço e pela manha uma batida de leve na porta de seu quarto, um homem lhe entrega suas malas e seus pertences. finalmente revigorado e de vestes limpas e novas ele pode sair e ir até a uma central telefônica de onde liga para seus chefe de Jornal, que demora a atender sua ligação:
    - Alo, chefe, sou eu!
    - homem de Deus! por onde andava todo esse tempo estava preocupado! pensei que fosse vitima de alguma meliante e sua carcaça, jogava em alguma vala, apodrecendo ao ar livre!
    - Quase chefe, quase! Afinal eu encontrei as provas daquela reportagem! O homem existe mesmo! Seremos famosos com certeza!
   - Cara, nem sei onde estava minha cabeça, quando lhe deixei seguir a matéria do Bezerra, isso tudo pode ficar fora de controle, e será prejuízo para todos, com certeza!
   - Chefe! Nós sabemos que o Bezerra tinha ótimos instintos para grandes furos, e esse de longe é o seu melhor trabalho...Além, disso não se trata só da reportagem, mas também, qual fim deu cabos de Bezerra, ele não merece ser esquecido desse jeito, não acha!
   - Sim Bezerra foi sempre um bom homem, apesar de audacioso e um pouco sem juízo, assim como você...E é isso que temo! Você tem futuro rapaz, não perca sua vida por coisa que não valem isso!
Se quiser desistir, até posso entender, mas como a reportagem é sua, é você quem decide!
   - Sem problemas, chefe! Vamos continuar...Vou lhe passar uma conta de caixa postal, aqui de Vila Nova, onde estou, e o valor que preciso para conseguir chegar até o nosso alvo...Agora depois disso não osso lhe garantir um contato telefônico tão cedo...Mas não se preocupe se não conseguir nada acharei um jeito de lhe avisar! Adeus...
   - Homem, vai com calma, e se conseguir algo que seja o paradeiro do corpo de Bezerra, que era meu amigo, pode ter certeza de que nós o traremos de volta a todo o custo! Adeus!
     E assim ficaram esperando o depósito na conta postal do correio local de Vila Nova...Enquanto isso quem mais saiu foi Rodolfo religando seus contatos. Assim que o dinheiro chegou eles o sacaram discretamente e foram ás compras nos bairros afastados de Joinville, onde vendiam o que procuravam... Elói Molóis lhes ofertou o uso de uma velha caminhoneta ford, para trazerem os equipamentos, que Rodolfo pedira e dentre eles haviam armas, com silenciadores, que eram ilegais mais se precisassem necessárias a emergência. No caminho o silencio é quebrado pela conversa de Rodolfo.
    - Eu consegui um cadinho para fazermos a a cópia da chave...Levaremos algumas barras de cobre, chumbo, e estanho para isso!
    - Bom, muito bom, meu amigo! e nossas fardas e equipamentos escuros?
    - Tudo como me pediu...Não foi difícil, sabendo que temos amigos do reich em Joinville... Quase tudo consegui com eles.
   - Realmente você é um homem de muitas providências, meu amigo!
   -Sim, e agora é hora da caça, virar o caçador...
     eles passaram por locais que tiveram de deixar o veículo numa margem de rio e passarem para  a outra margem pegando os materiais que encomendaram ...E após muito andarem, voltaram na madrugada, para a pousada, desembarcaram tudo, se organizaram e descansaram mais um pouco, pois ao amanhecer teria o início de uma nova incursão, ousada e sem volta!