-Que diabos esta havendo? Como o cara some dentro de uma cela que se fecha só por fora? Alguém pode me explicar? - Joel entrou na delegacia gritando aos ventos! José e Antão, também não tinham as respostas e estavam aturdidos até aquele momento.
- Olha delegado, nós fizemos nossa ronda como de costume e quando retornamos, fomos ver o prisioneiro e ele não estava mais lá..Eram mais de sete horas da manha quando isso aconteceu e sem demora viemos ter com o senhor dos fatos, foi isso, não é Antão!
- Isso mesmo José!
- Bom, que ele vaporizou isso não deve ter acontecido...Alguém entrou e esta se metendo em assuntos alheios! Droga! e logo agora que ia preparar um jantar para os amigos do prefeito em minha casa, isso me acontece! Terei que adiar meus planos...Aliás todos nós não teremos mais nada que importa senão caçarmos aquele maltrapilho, e traze-lo aqui de volta vivo...Ou de preferência, morto!
- Quero vocês vasculhando a região...Se informem com o povoado, disparem um alerta!Inventem que ele é um homem perigoso, insano, e quem o ver tem de avisar, que terá recompensa de 200 cobres, se nós o pegarmos...E não pense que esqueci de suas incompetências: desses 200 cobres , 100 vai sari do salário de vocês, pra aprenderem e serem mais espertos...Me ouviram?
- Sim senhor, delegado!- respondeu Antão, um tanto contrariado e ambos saem com a caminhoneta pelos cantos da cidade, a procura do maltrapilho.
Joel vai rapidamente a delegacia e coloca o prefeito a par do caso, ás portas fechadas de seu gabinete.
- E agora Joel, o que faremos? Esse infeliz pode colocar tudo o que nós trabalhamos tanto a perder!
- Calma, prefeito! Agora mesmo meus homens estão procurando o dito e por vias das dúvidas dessa vez, nós o calaremos para sempre, e como ele fugiu de certa antecipou seu destino...Agora temos a desculpa certa para acabarmos com ele.!
- Tudo bem! Cuide disso...Lembre-se das eleições que estão próximas, não quero me incomodar até lá, pois quero me reeleger e deixar você como meu delegado vitalicio, certo?
- Claro prefeito, claro! - Joel saiu rapidamente em direção á delegacia...Mas seus pensamentos eram turvos, afinal ele vai dar uma rasteira no prefeito, com a reunião de pessoas influentes e que ele tem influência, e proporá uma mudança de governo com ele no comando da prefeitura, é claro!
Joel retorna para dua casa, mas antes passou em um de seus esconderijos e pegou um bom vinho do porto, pois queria agrada Diane, afinal nem só de trabalho vive o homem!
No caminho de volta pelas estradas de chão e vazias daquela hora, perto da localidade de Cruzeiro, uma região cheia de cavernas e rachaduras, Joel encontra o velho Manoel, um louco garimpeiro, que sonha em encontrar ouro por aquelas bandas...
Havia uma história velha por aquelas bandas de um assalto que aconteceu anos atra´s durante a revolução civil, quando um trem, com um vagão cheio de ouro havia sido assaltado por um grupo de bandidos , que ficaram sabendo de sua preciosa carga após torturarem e matarem a o agente ferroviário e sua família...O ouro era para comprar as armas da revolução, que começou aqui no sul, mas nunca chegou ao seu propósito.
Os ladrões e assassinos levaram para a localidade de cruzeiro e enterraram por essas bandas a carga roubada e deixaram pistas para que pudessem voltar após a revolução, pegar o ouro sangrento.Contudo no caminho de volta o chefe dos ladrões mandou um de seus homens buscar mantimentos, enquanto esperavam acampados perto de onde enterraram o tesouro...quando os homens forma dormir, o chefe ficou de guarda, á noite e enquanto dormiam, o próprio chefe os matou degolando-s um por um de seus homens...No dia seguinte quando o seu homem de confiança voltou com os mantimentos, o chefe o emboscou e também o matou...
Cansado de tanta mortandade sentou-se a beira da fogueira e com os mantimento preparou uma comida bem farta, e após fazer uma boa refeição, encontrou uma garrafa de vinho, que possivelmente seu homem de confiança iria abrir para festejar o sucesso do roubo.
-Tolo! Pensou o chefe- Mas por que não? Tomarei eu sozinho e mereço pelo meu maior golpe! Agora serei dono do mundo, com todo esse outro!
Com tragos longos ele sorvei toda a garrafa, e depois se sentou farto de tanta gostosuras para descansar...Então de repente veio uma secura queimante em sua garganta que descia pra dentro de seu estômago...Ele bebeu a água da bica de água, das terras do Pedro Morgê, mas não adiantava...A secura ainda aumentava mais ainda!
Então, com seus dentes furou e rasgou uns dedos da sua mão direita, e sugou um pouco de seu liquido vermelho, e nada !
-Céus! Aquele maldito tramou contra mim! Ele envenenou o vinho! Maldito! Maldito!
O chefe sentou no cavalo e correu o mais depressa pra aldeia mais próxima, o cruzeiro!
Lá ele tentou socorro, pediu ajuda, mas já estava balbuciando palavras, quase sem sentidos, porque o veneno já atingiu se cérebro...Dentro de um boteco caído dizia que daria metade do ouro que roubara se lhe salvassem á vida...E morreu sem dizer onde havia enterrado seu ouro maldito.
Muitos estavam ali e escutaram de sua boca a história louca...Uma dessas pessoas era Manoel um jovem aventureiro que chegara pouco tempo na comunidade em busca de emprego por comida..
Dali por diante muitos tentaram encontrar o ouro encantado pelo sangue dos maus...Muitos também com o tempo desistiram, menos Manoel. Ele foi enrolando a vida e crente de que conseguiria encontrar o local, estudou e reconheceu cada canto daquelas bandas...Trabalhava por um tempo ganhando alguma coisa e juntava seus trapos e equipamento e saía para as cavernas e arredores de Cruzeiro, em busca do ouro perdido...Os naos se passaram e quando nasceu Saudades ele já tava ali, mais velho, e mais louco!
E louco por louco Joel, conheceu Manoel, quando recém chegara e no fundo ele se via na pele daquele velho homem, que procurava se dar bem, nunca desistindo de seu sonho mesmo que parecesse apenas loucura para os outros...Isso ele respeitava no Manoel, sua obstinação.
Joel para com a caminhoneta e acena pra Manoel:
- E aí meu velho amigo como vão as coisas!
- Joel, meu amigo! A quanto tempo! Olha, tenho novidades, homem! Acho que agora vai!
-Achou alguma coisa Manoel? Não acredito!
- Pois é ! Eu ouvi de um velho índio que morava por essas bandas, de que viu uns caraíbas, naquele tempo do roubo, com cavalos e um carroção, empurrando a cavalos morro acima, indo em direção do antigo britador...Eu pensei em explorar aqueles cantos, mas tenho de passar na cidade trabalhar um pouco, comprar uma provisões e ir para lá, dar uma cavocadas, o que você acha meu amigo?
-Olha Manoel, nunca desista homem! Se você acha que tá lá então vai, e não olha pra trás...-
Joel sabia que no fundo, o que mantinha Manoel ainda respirando era essa obstinação pela procura do ouro perdido...E no fundo sabia que Manoel lhe serviu de inspiração em chegar aonde chegou...Era hora de fazer uma boa ação, pensou ele!
-Olha meu velho.Eu confio em sua dica e vou lhe dizer mais: vou apoia-lo! Vamos até o mercado de Saudades e lhe comprarei mantimentos, umas pás enxada e picareta...Corda e balde. Melhor ainda!
Que tal uma mula e carroças também...É isso! Vai ter tudo e vai achar seu ouro com certeza meu velho! Entra aqui na caminhoneta que to falando sério mesmo!
O velho Manoel ficou de queixo caído..Ele sentou no lado do passageiro, na caminhoneta de Joel...Seus olhos, se aguaram um pouco, e com voz trêmula disse:
- Obrigado Joel! Eu não me esquecerei de você...Você para mim foi sempre como um filho que nunca tive! Obrigado, amigão!
Os olhos de Joel tremeram nervosamente , afinal o que se passava? Em meio a uma crise, um ato de bondade? Por que não? DE um pouco momento Joel se sentiu bem, como a muito não sentia algo, nem mesmo Com Diane.
- Olha vamos é comemorar, nossa parceria...Tenho aqui um bom vinho para meu velho amigo!
sábado, 26 de outubro de 2019
terça-feira, 15 de outubro de 2019
O CASO DOS SETE MENDIGO: CAP 41- MEANDRO!
A noite era profunda quando chegaram ao casebre abandonado, do velho britador de pedras...Lá dentro e protegidos fizeram um fogo na cozinha de chão, que não era a muito tempo usada, para se aquecerem da madrugada fria...
- Me lembro que da ultima vez que acendi um fogo dentro de uma cabana, acabei me dando muito mal...- fala o prisioneiro, enquanto esfrega ás mãos para aquece-las.
- Não me levem a mal, agradeço por terem me salvado, mas estou com uma bruta fome, não me deram nada de comer até agora!
- Sem problemas! - disse o padre e saiu até a caminhoneta e voltou com uma sacola de pão charque e linguiças...Havia também um pouco de café e açucar, o que daria uma boa refeição.
Em meio o padre preparava tudo, enquanto Silveira sem paciência, começa a sondar o forasteiro...Em meio a tudo isso, Bressanini, mais precavido monta guarda para não serem pegos de surpresa sentado ao lado da janela, em uma velha cadeira.
- Pois bem meu amigo, conte-nos algo de você e de como veio parar no meio disso tudo? Creio que não seja só por capricho do destino, não?
- Destino? Creio que vocês nem fazem ideia realmente do significado dessa palavra...É, você esta certo, nem tudo pode ser culpa do destino, creio que em muitos casos como o meu ele apenas empurra mais pra o fundo de onde você estava, para um nível mais obscuro e mortal.
- Com o café tropeiro preparado, o padre improvisa uma mesa e serve a refeição...Sem pestanejar o forasteiro senta-se e devora o quando pode, sua fome era gritante mesmo!
- Deus! Como isso é bom! Ops! Desculpe padre, sei que não devo dizer o nome do Senhor em vão, mas precisava muito disso!
- Calma, filho! Deus vai entender com Certeza! Agora me diz que não nenhum tipo de desertor, pelo que vejo você assim com esse uniforme em trapos, como disse eu não reconheço o tipo e nem as insignias ou brasões que usa.
O forasteiro dá um tempo para responder, enquanto com e olha fixamente, para o padre.
- Pelo seu olhar e conhecimento sei que pelo menos já viu o inferno de perto padre...Mas não se preocupe, não sou desertor, e não estava só...Havia um pelotão de bons homens comigo. E nem nós esperávamos haver uma cidade nesse fim de mundo! Ela nem consta nos mapas.
- Bom- disse Bressanini, sentado ainda perto da janela, em vigia - Somos novos foi algo que aconteceu em pouco tempo, acho que nem deu tempo até de muitos do governo saber que existimos, é coisa de louco mesmo!
- Mas se haviam mais homens juntos a você, o que acontece? E o que queriam aqui nesse trecho?
-Bom, padre! Como eu disse a história e longa, mas para antecipar um pouco, vou ser sincero pois no final pedirei ajuda a vocês mesmo, e espero que me compreendam.
- Estávamos a mando de um conglomerado de governos em busca de algo...Para ser preciso nós caçávamos algo aqui por perto. Algo que pode ser muito perigoso para todos nós e inclusive para todos que moram em sua cidadezinha!
- Do que esta falando? - disse Silveira um tanto impaciente com as respostas, que não queria ouvir.
-Nós o resgatamos e pensamos que você foi vitima daquele pessoal marginal que trabalha para o prefeito...Esperava que você denunciasse parte pelo menos do esquema que possa ter visto, quando foi preso pelos seus capangas...Você ao menos lembra onde era o local que te pegaram, ou ouviu algo de que desse a entender do ato criminoso que estavam realizando quando te levaram? Se não tiver isso pra nos fornecer, pouco me importa o resto! Poder ser loucura e devaneio de um homem que ficou muito tempo sozinho perambulando por aí!
- Calma Silveira! Vamos escutar o homem, para podermos entender tudo afinal! - diz Bressanini se levantando da cadeira nervosamente !
- Olha! Já fomos muito longe para desistirmos, ou voltarmos atrás...Claro que a história dele não era precisamente o que desejava ouvir, mas a verdade nem sempre vem de prato pronto homem! Te acalma e deixa o forasteiro continuar, pombas!
- Tudo bem, pessoal, eu me exaltei...Desculpem! Acho que todos estão nervosos e cansados. então devemos nos acalmar e pela manha continuamos nossa prosa certo?
Todos consentem com a ideia de Silveira e cada uma encontra um local para descanso...Bressasnini dorme no carro, pois sempre teve sono leve e poderia servir de alerta caso alguém aparecesse ali.
Dentro de pouco tempo após terminarem as rondas pelos interesses do prefeito e delegado, os capangas voltam para a delegacia e vão direto para a cozinha, que ficava um pouco próximo ao local das celas, preparam um café, para afastar o frio da madrugada e após saborear um bom gole, Antão resolveu dar uma olhada no prisioneiro, com a xícara sobre os lábios...E ela se espatifa no chão, quando ele vê a cela aberta, no deses pero ele chama pelo comparsa:
José! Vem aqui infeliz...Acho que dessa vez a gente se estrepou feio!
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
O CASO DOS SETE MENDIGOS: CAP 40- ESCAPADA!
Eles se sentam á frente do altar da igreja, na primeira fileira e há uma pequena pausa, e Silveira começa a falar:
- Você ouviu os rumores e sabe o que deve ter lá dentro daquela cela não e mesmo padre?
- Posso imaginar...Um pobre diabo, desgarrado, que deu de encontro onde não devia e agora tá com o destino selado, não é mesmo?
- Ou pode ser a apessoa que vem libertar nossa cidade desse monstro que se diz prefeito, e quem sabe termos então uma chance de futuro...Nós temos potencial de fazermos a coisa certa agora ,mas do que antes.
- E você acha que isso vai mudar a índole desse povo pecador, Silveira? Se pensa assim é mais ingênuo do que eu imaginava...
- Vai desistir a agora, padre? Se você é religioso sabe que esse homem poderia ser o sinal de Deus para que tudo mundo mude.
- Sim acredito em Deus, Silveira, mas também sei da maldade humana, e ela é bem material!
- Mesmo assim, nós vamos tentar soltar aquele homem...Pense nisso, ele também não merece isso! De todos aqui o mais inocente ainda é ele, e está como um cordeiro, a ponto de ser abatido, sem saber o porquê disso tudo. Então se ainda tem algo de direito dentro de você, hoje á noite vamos soltar aquele prisioneiro...Eu, você e o Bressanini, tenho dito!
-Homem! Assim você acaba nos encrencando um dia...Mas como sempre está certo, aquele pobre coitado não tem nada a haver com isso, temos de salva-lo. Certo, então deixamos o Bressanini de olho e quando os dois sub delegados saírem para rondar, "seus interesses" vamos agir. Deixa as ferramentas comigo...Até mais Silveira.
O homem saí da igreja e discretamente pra disfarçar dá uma volta ao mercado público local, compra umas verduras e legumes na banca do Rogério, um agricultor local:
- Quanto foi Rogério?
- Com desconto, te faço tudo por 90? Vai levar tudo isso?
- Não amigo, estive com o padre e decidi doar o jantar de hoje aos meninos dele, pelo menos alguém tenta fazer algo de certo, nessa cidade não é?
- Tem razão seu Silveira, o padre nosso é abençoado com os cuidados de seu orfanato, agora não tem mais nenhuma criança nas ruas, não senhor! Afinal até para os negócios ficou bom...Imagine aqueles fedorentinhos incomodando aqui nas quitandas pedindo comida? Ah, isso não mesmo!
- Tá bom Rogério, ta bom! Então providencia para que o orfanato receba a comida ainda hoje certo?
- Pode deixar, se Silveira, pode deixar!
Ao chegar no seu jornal Silveira chama seu escudeiro, Bressanini, que de imediato aceita ser olheiro dos dois e ao fecharem o jornal, ele se manda para um bar próximo para observar quando os subdelegados começasse sua ronda diária, da parte da noite.
Durante todos aqueles anos a cidade nunca teve um preso por muito tempo assim naquelas celas, e muitos sabiam que, se fosse parar lá logo sumiriam também assim como tantos nenos importantes que forma obstáculos para ascender os negócios do delegado e do prefeito. Dentro da cadeia os sub delegados logo vão jantar, e quanto ao preso, logo não ia se importar com a fome ou outra coisa qualquer, então por que gastar com ele? eles se empanturram e logo saem com a velha caminhoneta em dua ronda habitual, que envolvia os negócios escusos de seus patrões, mas para eles a vida estava pra lá de boa por que também iriam discutir? E não deu outra...Bressanini correu e avisou Silveira no Jornal, entrando pela porta dos fundos, e lá já se encontrava o padre, com uma mochila militar.
-Este é o momento, senhores Espero que não hajam arrependimentos- diz Bressanini em tom irônico.
- Vamos pelos fundos...Tem pouca iluminação e um cadeado fácil de arrombar!
- Você não me disse o que era antes de se tornar Padre, Andrade!
- Depois lhe conto, Silveira...Uma longa história!
A noite sem luar ajudou-os a chegar sem problemas aos fundos da delegacia, onde o padre habilmente abriu o cadeado da porta de acesso ao depósito de materiais apreendidos, dentro do depósito havia uma porta secundária, dando ao corredor principal do primeiro piso onde no final ficavam as elas e o objetivo da missão desse grupo de samaritanos.
E dali tudo foi mais fácil até a cela onde o maltrapilho se encontrava...Silveira chamou-o e quando saiu das sombras, Andrade notou que vestia uma farda militar muito curiosa, sem insígnias e o tecido era de algo que ele não havia visto em seus anos de guerra:
-Era só o que faltava! Nosso prisioneiro pode ser um desertor! E olha essa farda! Por Deus homem, de que exército é? Nem eu consigo identificar sua origem...- diz o padre confirmando seus pensamentos em voz alta.
- Bem, padre...É uma longa história!
- Acho que alguém já me disse isso hoje: De já Vu? - salienta Silveira com uma risadinha cínica.
-Deixamos de lero-lero e nos mandamos daqui...Logo aqueles capangas estarão de volta! Ainda temos de nos mandar para um local seguro - disse Bressanini em tom assustado, afinal era a primeira vez que ele praticava um crime para salvar uma pessoa.
- Vamos leva-lo para a cabana do velho britador...Depois que o prefeito inventou essa loucura de extração da madeira, a mineração de pedra não existe mais...Estaremos seguros lá...
- Venham, vou leva-los com meu carro, entrem! - diz Silveira abrindo a porta de um velho ford bigode, e com as luzes apagas eles se mandam da cidade cortando uma estrada velha e quase abandonada em direção ao velho britador.
- Você ouviu os rumores e sabe o que deve ter lá dentro daquela cela não e mesmo padre?
- Posso imaginar...Um pobre diabo, desgarrado, que deu de encontro onde não devia e agora tá com o destino selado, não é mesmo?
- Ou pode ser a apessoa que vem libertar nossa cidade desse monstro que se diz prefeito, e quem sabe termos então uma chance de futuro...Nós temos potencial de fazermos a coisa certa agora ,mas do que antes.
- E você acha que isso vai mudar a índole desse povo pecador, Silveira? Se pensa assim é mais ingênuo do que eu imaginava...
- Sim acredito em Deus, Silveira, mas também sei da maldade humana, e ela é bem material!
- Mesmo assim, nós vamos tentar soltar aquele homem...Pense nisso, ele também não merece isso! De todos aqui o mais inocente ainda é ele, e está como um cordeiro, a ponto de ser abatido, sem saber o porquê disso tudo. Então se ainda tem algo de direito dentro de você, hoje á noite vamos soltar aquele prisioneiro...Eu, você e o Bressanini, tenho dito!
-Homem! Assim você acaba nos encrencando um dia...Mas como sempre está certo, aquele pobre coitado não tem nada a haver com isso, temos de salva-lo. Certo, então deixamos o Bressanini de olho e quando os dois sub delegados saírem para rondar, "seus interesses" vamos agir. Deixa as ferramentas comigo...Até mais Silveira.
O homem saí da igreja e discretamente pra disfarçar dá uma volta ao mercado público local, compra umas verduras e legumes na banca do Rogério, um agricultor local:
- Quanto foi Rogério?
- Com desconto, te faço tudo por 90? Vai levar tudo isso?
- Não amigo, estive com o padre e decidi doar o jantar de hoje aos meninos dele, pelo menos alguém tenta fazer algo de certo, nessa cidade não é?
- Tem razão seu Silveira, o padre nosso é abençoado com os cuidados de seu orfanato, agora não tem mais nenhuma criança nas ruas, não senhor! Afinal até para os negócios ficou bom...Imagine aqueles fedorentinhos incomodando aqui nas quitandas pedindo comida? Ah, isso não mesmo!
- Tá bom Rogério, ta bom! Então providencia para que o orfanato receba a comida ainda hoje certo?
- Pode deixar, se Silveira, pode deixar!
Ao chegar no seu jornal Silveira chama seu escudeiro, Bressanini, que de imediato aceita ser olheiro dos dois e ao fecharem o jornal, ele se manda para um bar próximo para observar quando os subdelegados começasse sua ronda diária, da parte da noite.
Durante todos aqueles anos a cidade nunca teve um preso por muito tempo assim naquelas celas, e muitos sabiam que, se fosse parar lá logo sumiriam também assim como tantos nenos importantes que forma obstáculos para ascender os negócios do delegado e do prefeito. Dentro da cadeia os sub delegados logo vão jantar, e quanto ao preso, logo não ia se importar com a fome ou outra coisa qualquer, então por que gastar com ele? eles se empanturram e logo saem com a velha caminhoneta em dua ronda habitual, que envolvia os negócios escusos de seus patrões, mas para eles a vida estava pra lá de boa por que também iriam discutir? E não deu outra...Bressanini correu e avisou Silveira no Jornal, entrando pela porta dos fundos, e lá já se encontrava o padre, com uma mochila militar.
-Este é o momento, senhores Espero que não hajam arrependimentos- diz Bressanini em tom irônico.
- Vamos pelos fundos...Tem pouca iluminação e um cadeado fácil de arrombar!
- Você não me disse o que era antes de se tornar Padre, Andrade!
- Depois lhe conto, Silveira...Uma longa história!
A noite sem luar ajudou-os a chegar sem problemas aos fundos da delegacia, onde o padre habilmente abriu o cadeado da porta de acesso ao depósito de materiais apreendidos, dentro do depósito havia uma porta secundária, dando ao corredor principal do primeiro piso onde no final ficavam as elas e o objetivo da missão desse grupo de samaritanos.
E dali tudo foi mais fácil até a cela onde o maltrapilho se encontrava...Silveira chamou-o e quando saiu das sombras, Andrade notou que vestia uma farda militar muito curiosa, sem insígnias e o tecido era de algo que ele não havia visto em seus anos de guerra:
-Era só o que faltava! Nosso prisioneiro pode ser um desertor! E olha essa farda! Por Deus homem, de que exército é? Nem eu consigo identificar sua origem...- diz o padre confirmando seus pensamentos em voz alta.
- Bem, padre...É uma longa história!
- Acho que alguém já me disse isso hoje: De já Vu? - salienta Silveira com uma risadinha cínica.
-Deixamos de lero-lero e nos mandamos daqui...Logo aqueles capangas estarão de volta! Ainda temos de nos mandar para um local seguro - disse Bressanini em tom assustado, afinal era a primeira vez que ele praticava um crime para salvar uma pessoa.
- Vamos leva-lo para a cabana do velho britador...Depois que o prefeito inventou essa loucura de extração da madeira, a mineração de pedra não existe mais...Estaremos seguros lá...
- Venham, vou leva-los com meu carro, entrem! - diz Silveira abrindo a porta de um velho ford bigode, e com as luzes apagas eles se mandam da cidade cortando uma estrada velha e quase abandonada em direção ao velho britador.
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