sexta-feira, 28 de agosto de 2015

INVISÍVEL

    
 Caminhando entre eles sem ser notado, a criatura ardilosa se mescla dentre a multidão e dela se alimenta, como um morcego fugaz que na calada da noite usa de sua malícia e saliva doce pra não estancar o ferimento, a fim de beber todo o seu sangue...Sim tal como um vampiro entra em contato co sua vitima para lhe sugar lentamente toda a essência vital, deixando seu corpo vazio, seco e sem vida, jogado ás margens de qualquer estrada, muitas vezes despido para se parecer com um indigente, ou levando a muitos quilômetros de distancia onde a vitimou, para que encontrem um estranho, dificultando o reconhecimento de sua fútil existência, e então de prevenções contra seu perigo iminente.
      Para que tudo se dê muito certo tudo é escolhido com meticulosidade, de suas vitimas...Desde sua moradia, seus hábitos com quem elas se relacionam, de onde vêm e para onde sempre vão...Para tudo dar certo a sua vitima tem de ser uma pessoa sem passado, ou futuro...Que tenha em mente somente o presente imediato, o aqui e o agora.Afinal, se for religioso vai que pode inclusive ofender a algum Deus antigo, levando mais cedo seu devoto e a ira dele caia sobre a criatura, que também poderia ser obra do mesmo e poderia destruí-la muito mais cedo que ela mesma pretenda?
     Bem a seguir chegar e se intimidar na vida da vitima não seria mais tão difícil, pois já havia sabido tudo sobre a vitima, que no mínimo a relaciona como a sua segunda metade e no menos ainda como um fiel e único amigo, pelo tempo que lentamente toma de suas vidas, se tornando parte delas a ponto de quase sufoca-las com sua presença, a ponto de vicia-las com suas companhia, a ponto de sua vitima não mais querer sair ou até mesmo viver, sem te seu futuro algoz, de seu próprio lado. Era isso também que deixava a caçada mais doce e a essência mais ainda, era essa relação intima que "apimentava as coisas", por assim dizer.
     Mas chega ao ponto em que mesmo para uma criatura ardil , tal como essa a mente começa a lhe pregar peças, por tanto tempo sozinha ó pensando em se alimentar...E se num único momento desses em vez de se alimentar ela pudesse se envolver mais com sua presa e ter um pouco de interação só para arrancar do peito a falta de afagos e carícias que um casal deveria de ter naturalmente se fossem da mesma espécie? Bem que poderia dar certo, pelo menos uma vez, esmo que não tivessem o mesmo sangue, o mesmo gosto, quem sabe...?
     Então por longo tempo essa duvida foi alimentada, tal qual sua fome de essência vital, por sua mente pervertida e existência maldita - afinal, por que não? Ela faria quando encontrasse alguém que realmente gostasse ou que pelo menos simpatizasse.
E foi o que fez, e aconteceu como nos contos baratos encontrados nessas revistinhas de banca de revistas de romances banais...Era um dia chuvoso, terminando  o inverno, quando em um pequeno vilarejo passavam correndo um pelo outro e se chocaram, pateticamente engraçados...Foi risos deles e dos que se acercaram...Dali tomaram um copo de café, em uma pequena taverna e tudo esquentou entre eles...Logo saíram a longos passeios, ficando cada vez mais juntos a ponto de em certo momento, do derradeiro tempo, irem morar juntos, e começarem a ter uma vida, como um casal, que deveria ser...
Mas nem tudo é sempre o que queremos que seja e de volta a realidade, em um de seus retornos a sua casa, veio a dor no estômago forte a secura da garganta e o ronco de uma miserável fome que a muito tempo esqueceu dese alimentar. Era sua natureza o chamando, a ser o que realmente era, uma besta faminta e perniciosa que usava subterfúgios para se alimentar de inocentes, tais como a pessoa que pensou que poderia se fazer parte de si sentimentalmente e torna-la ilusória companhia, uma cara metade.
     Ele entra na sua casa sabendo de que o alimento mais fácil esta dentro de dela, do que fora, pois seria muto complicado preparar um improviso...Haveriam muitas falhas e poderiam dia menos dia saber de sua existência, o que lhe colocaria em risco mortal e pela sua auto preservação não poderia deixar isso acontecer. Ele também sabia dos riscos de não saciar a sua fome crescente pois teria as deformidades físicas que se destacaria dos demais, também sendo identificado e depois morto. Teria de terminar com esse conto de fadas, mas teria de ser sutil, carinhos afinal recebeu tanto carinho que teria de dar um ato de mínima boa fé e agradecimento pelos momentos felizes com o qual compartilhou e viveu por um tempo como o casal que tanto um dia fomentou em sonhar.
     Então anoite caiu e a criatura esperou sua partícipe vitima a dormir para então agir rápido e silencioso, drenando aquela essência especial, para aquele momento, como alguém que compra um vinho antigo e espera o momento certo para sorve-lo e aquele era o seu momento...
E de tanto apreciar aquilo, deixou-se levar pelo tempo sem perceber que era ela a criatura que tanto se cuidara e planejara que estava sendo drenada lentamente , tal qual o vinho que tando se guardara...Pois a vitima na verdade era uma de sua própria espécie, também investida em seu malicioso disfarce, e que também sonhou por esse tempo e essa companhia como uma maldita faceta do destino...E o fez com tal precisão que nem ao menos, a criatura, agora sua vitima, teve tempo de se revelar, e declarar seu amor, uma amor que só poderia ser dado de verdade por alguém de sua própria espécie...Caindo momento depois seco, jaz sem vida ao lado da cama,no chão, enquanto a criatura fingida de vitima sem saber o que perdera se contorcia e espreguiçava pela cama, como o gato que de barriga cheia de se alimentar do rato, o fazia.
      Assim um dia do caçador, o outro da caça...Dentro da Serra a justiça se faz naturalmente olho por olho dente por dente...Essência por essência. Portanto cuidado com as intenções quando adentrar as Serras de Tierra Madre, pois encontrará com certeza o que procura.


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