As paredes pesadas fechavam toda a sala e não era para menos, afinal estavam em um subsolo...
Na sala que se aparentava sufocante, havia somente uma porta de entrada, uma mesa de interrogatório e no fundo de uma área escura, estranhos, sentados em suas cadeiras toscas de madeira, apenas observavam o andar daquela carruagem...E sim um homem estava sendo inquirido, de certos fatos que no final o trouxeram, para esse exato momento, agora.
- Então podemos recomeçar, sua história novamente, para termos certeza, de que realmente foi assim que os fatos aconteceram, podia mais uma vez começar? - O interrogador parecia frio, como se seguisse um roteiro, um mero protocolo, e isso poderia indicar que não era a primeira vez que fazia seu ofício.
- Eu estava andando com uma amiga e conversávamos, qualquer coisa que agora não me lembro. De momento pra encurtar nosso caminho e sem motivo justo, cortamos adentro de um terreno baldio, sem pensar nas consequências, foi um ato de momento!
- Quer dizer que nem foi premeditado aquele passagem, nem por você ou ela? Então continue- Diz o interrogador, com ares de desconfiança.
- Exato! Foi então que senti algo se aproximando, como uma vibração, lembro que estava escurecendo...Aliás todo o ar vibrava! Então algo muito grande parecendo como uma ponta de flecha apareceu sobre nós, e sua ponta começou a pairar sobre mim...dela saiu uma luz muito forte que me envolveu...Minha amiga dizia para que saísse correndo dali, mas sentia que não queria mais sair daquela luz amarelada, rosada, avermelhada, não sei explicar!
- Então mesmo com sua amiga o chamando não conseguiu sair da luz, e depois, Sabe o que aconteceu com sua amiga? - dessa vez o interrogador abordou a questão de sua amiga, anteriormente não, curioso!
- Olha depois que a luz tomou conta de tudo e de todo o ambiente, não a vi mais, alias nem mais me reconhecia, como um ser humano!
- Como assim? Explique-se melhor! - O interrogador arregala os olhos, prestando bem atenção, dali por diante, era algo de seu interesse...
- Bem, como poderia explicar...Parece que meu corpo foi substituído por algo e quando pude ver novamente nem meu mundo era o mesmo...andava com pessoas estranhas, não tinha pernas mas algo me movia! Um deles me deu um paleta cheia de botões e dizia que deveria ir me ajustando apertando os botões que se encontravam nela, os de cima eram funções de percepções; os da esquerda eram de tempo; os da direita, esse nem eu sabia pra que eram! Caminhamos por um longo período e me perguntaram de tudo,mas não me lembro o quê... No final queria que eu fosse mas me sentia tão bem ali que não queria mais voltar...Sem dor, fome frio, sem morte, por que eu voltaria?
- Claro! Mas como pelo Divino você está aqui? O que houve para que retornasse? - a voz do interrogador se torna autoritária, de um momento para outro!
- Bom eles me explicaram do porquê voltar, que poderia finalmente dizer a todos que jamais estivemos sós, nesse universo, eles disseram que devemos nos preparar, pois eles voltarão logo, não há mais volta disso...Acho que foi isso!
- Você esta dizendo de que, eles te escolherem por algum motivo, o levaram para seu mundo e lá souberam o que podiam do nosso, e depois o soltaram simplesmente para levar essa mensagem, de que estão vindo e que devemos nos preparar?
- Sim, acho que sim...E só poderia ser nada mais que isso, de importância o que tenho melhor que outros? Nada! Trabalho no campo, moro em um vilarejo pequeno, sem importância, sem qualidades especiais, o que mais quer que eu diga, já falamos isso umas dez vezes!
- Tudo bem, podem retira-lo da sala, coloquem-no de volta a cela, agora!
Mal termina a frase e aparecem detrás da porta dois armários ambulantes, troncudos, e erguem o rapaz da cadeira bruscamente e o carregam para fora da sala, que depois disso se mantém em profundo silêncio, até que um dos observadores sai de seu canto escuro, toma a frente do interrogador e diz:
- Mais alguém além daquela amiga sabe dos fatos?
- Não, senhor! E como sabe, não é o primeiro caso, mas de momento é esporático e podemos conter, não se preocupe!- respondeu, já com a solução nas mãos, o interrogador.
- E quando começar a não ser mais esporático, lembre-se do que ele falou: eles virão e não tem mais volta!
- Senhor! podemos evitar o quanto pudermos, e até lá estaremos mais preparados, assim como sempre fizemos, contudo também aconselho a não neutralizar o rapaz, se tivermos de negociar ele , como os outros serão ótimas moedas de troca, não acha, senhor?
- Tudo bem continue assim, lá fora daremos um jeito na garota, faremos parecer uma briga ciumenta e ele terá fugido para BEM LONGE, não acha?
-Sim senhor!
Lentamente a sala se esvazia, e fica somente o interrogador, ele sabe que tudo aquilo era vazio, e treme de corpo inteiro, só de pensar que o mundo que ele conhece, de poderes conspirações, acordos e sociedades secretas, está preste a desabar...Afinal nem ele mesmo sabe dizer: como é realmente ser livre?
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