O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 48 - AMARGURA

     Passaram-se dias e nada de diferente o pessoal notou...Eram as mesmas bajulações políticas, os mesmos rolos de justiça e falcatruas dentro do termo "legalizado" que toleravam naquela cidade.

    Contudo o tempo aos poucos se mostrou diferente para o padre, pois desde a última conversa com aquele estranho, sua mente lhe cobrava tanto, quanto a penitência pesada de um pecador...Ele sabia que deveria naquele dia fatídico ter se pronunciado, mas era novo na igreja e precisavam de atitudes fortes, para que a igreja se tornasse forte como sempre a será! Agora vem o baque de seus medos, quando percebeu que no futuro o homem não seria mais digno de Deus, e seria condenado por ele a extinção! O que fizemos? Como chegamos a isso? Claro que eram perguntas de retórica...No fundo o padre sabia que a muito tempo que andamos a paços largos para o fundo do poço!

    Nosso egoísmo de pensarmos no máximo em nossa família e amigos, e o resto que se exploda; a avareza de querer sempre ter mais e mais; a imbecibilidade de misturar políticas sujas com a religião; nossa falta de compaixão, com excessos de conceitos e muito mais de preconceitos...Deus! E tudo isso não tem como parar, por mais que odiasse pensar, mas sim Deus nós somos ...Humanos!

    Claro que não foi de se admirar, que os sermões do padre na capela, se tornassem cada vez mais ácidos e amargos, de se engolir...O homem tentando fazer sua parte, tocava fundo na ferida de cada falta, que no fundo sabia de cada qual. Com isso os devotos começaram a sumir lentamente, afinal até então era apenas uma brincadeira e até uma vaidade, participar daqueles sermões...Agora que param de brincar e se voltam a falar sério, sobre a danação e o pecado, lembrando que além do paraíso também tem um inferno, e que cada um tem mais chances de arranjar um cantinho escuro, pois vivem no erro por que querem? Não, isso não é nada agradável de se ouvir...Pois é , a verdade sempre dói!

    Até mesmo os amigos do padre notaram seu amargor e num certo momento Silveira foi ter com ele uma prosa e tentar entender toda aquela acidez nas palavras e convidou para um café no restaurante da cidade... E parece que o padre de bom grado aceitou. E no restaurante conversaram trivialidades até que Silveira espeta a ferida e pergunta ao padre se algo o incomodava, ele sincero abre o jogo.

    -Amigo Silveira, desde aquele nosso resgate homérico  das palavras daquele estranho, que tenho isso, entalando na garganta...Não consigo acreditar que nossa destruição seja total e vinda do Nosso Senhor, credo!

  - Mas padre...Você mesmo não acredita no apocalipse? O final dos tempos? Não é o que a igreja prega?

   - Claro, sou um bom cristão! Mas mesmo nessa tribulação está escrito que haveria esperança para aqueles que se arrependessem, que a salvação nos era garantida pelos nossos atos...Mas pelo que entendi, fomos condenados de maneira genérica, e pela nossa espécie...? Será que não merecemos  ser separados, os certos dos errados? Por Deus homem, todos fomos lançados a condenação eterna! Até mesmo as crianças, isso é uma loucura!

                                                                 

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 47- ACOMODAÇÃO

    Manoel havia feito o trajeto de volta até a delegacia muito mais rápido do que saiu da cidade...E foi no exato momento em que o delegado sairia, que ele aportou em frente a porta de seu gabinete suado arquejando... Joel, se assusta com o jeitão estabanado do amigo, que já não era tão normal.

   - O que houve Manoel, você está bem, homem!

   - Delegado de Deus! Olha, eu acho que vi aquele foragido, que ouvi falar na cidade! Aquele homem perigoso, tá lembrado?

   -Sim, sim! Mas entre e se sente, tome um pouco de água e me conte tudo com calma, certo?

   Manoel fiado na amizade estranha e sincera de Joel, lhe conta tudo...E Joel pensa com cuidado todos os fatos que rodeiam a trama.

   - Mas você tem certeza de que aquele marginal não tava forçando ninguém daquele  a ajuda-lo?

   - Que nada homem! Eles até estavam tomando café juntos! Aí tem treta delegado pode ter certeza! Acho que o padre e o pessoal do jornal, são comunistas, afinal são eles que ajudam os errados nesses tempos conturbados, não é mesmo?

   - Isso pode ter certeza Manoel...Agora escuta preciso que você fique de olho pra mim, naqueles caras...Eu até consigo uma "ajudazinha" pra você mais tarde, por esse favor, que tal? Veja o que eles tão tramando e isso eles não vão desconfiar, assim eu pego a macacada toda com a mão na botija..Você topa?

   - Claro que sim, e não se preocupa essa eu faço por nossa amizade. Então deixa comigo porque o retorno é longo e a campana vai ser grande!

   De certo modo Joel agora sabia onde e o que estavam tramando aquele grupo que tramava algo contra os seus planos sem dúvida! E assim poderia ter tempo para pensar e ver se havia mais gente metida no meio disso tudo.

    Dentro da casinha do britador abandonado, o grupo começa de uma maneira instintiva armar alguma estratégia para combater mais um inimigo, talvez o mais mortal...

    -Certo, como podemos então conhecer esse anjo que se encontra aqui na nossa cidade?

    - Disso nosso padre pode vir bem a calhar, pois muito do que sabemos de nossa pesquisa no futuro vêm dos inscritos que sobrou da velha igreja...O que me diz padre?

    A conversa sempre com fiapos do estranho com o padre sempre o incomoda, pois parece que ele desafia a própria paciência! Contudo ele entende de com deve ser, vivendo no mundo dele, sem sequer ter um pingo mais de fé, e contando somente com a própria sorte para sobreviver nele...Andrade toma fôlego e solta o verbo:

    - Bom a primeira coisa que aprendi sobre anjos é que eles aparecem quando ha muita injustiça no mundo dos homens, e muito pecado! Isso mais parece um ambiente , como um ninho que além de gerar creio que possa até atrai-los porque eles têm sede de justiça!

    - Então Deus nos livre da nossa cidade! Eita antro de perdição!Temos drogas, álcool, prostituição

vaidades, gulas e tantos outros que nem sei mais! - replicou Bressanini de imediato!

    - Então é por aí que devemos começar, dentro da cidade mesmo... Devemos ficar atentos a algo de sutil, mas incomum, eles se anunciam com coincidências,  acasos, tudo muito singelo...

    - Isso não ajuda muito , padre!- disse Silveira, lembrando de que naquela cidade dominada pelo errado isso acontece todo o dia!

    -Bem temos de improvisar algum modo de canalizar essas informações para podermos saber o que está acontecendo e sabermos o momento certo em que ele vai aparecer...O que sabemos do futuro de vocês é que ele apareceu depois de alguma coisa ter acontecido grave na cidade...De momento temos alguns suspeitos...O delegado, seus ajudantes e pelo que entendi o próprio prefeito!

    - Sim, podemos começar por aí...Devemos voltar as nossas atividades normais e reportar ao nosso amigo, qualquer coisa que for peculiar especialmente envolvendo essa corja de malfeitores! - disse exaltado o Silveira!

   - Nesse ponto devo alertar, Silveira! Deixemos por enquanto a questão das malandrices deles de lado, pois será algo muito pior do que já sabemos certo?

  - Ta certo padre! Temos de entender a situação e vou deixar passar outras coisas até pegar o fio da meada!

  Assim os três deixaram o maltrapilho na casa do velho britador  e se mandaram de caminhoneta para a cidade...Quando Manoel retorna mesmo apressando o passo ele não encontra somente o foragido, aos seus olhos...Bem, pensou ele é melhor ficar por aqui mesmo, só pra garantir. Então montou acampamento em uma encosta oposta a um morro de frente da casinha e ficou de olho no estranho.

 

                                                                     

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 46 - CONFISSÕES!

    Ele vinha calmamente na rota do velho britador, feliz com sua mula toda equipada, e falava consigo mesmo, acho que no fundo todos os velhos sonhadores fazem isso, de falar com ele mesmo!
    -Agora sim, meu velho! Com esse presentaço do meu amigo delegado, agora vou achar o tesouro e só por causa dele eu vou dividir com ele, pois é meu amigo, comprou até essa mula pra mim! Ora se não!
   Claro que nem mesmo o velho Manoel precisava de ser adivinho pra saber que alguém tava usando a casinha do britador com o fogo aceso e tudo mais, e se bem que na cidade ele ficou sabendo, que havia um foragido que fugiu da delegacia...Lentamente ele deixa a mula escondida e desce silencioso nas proximidades da  casinha e de longe ele reconhece o padre Bressanini e Silveira, mas o terceiro homem,parece que não é das redondezas...Manoel achou estranho que o padre e o pessoal do jornal estivesse escondendo um criminoso da polícia...Então era melhor contar o que viu para o delegado, sim era o mais certo a se fazer...Manoel pegou sua mula após sair de fininho dali e se mandou por velhos atalhos até a cidade contar essa boa pro seu amigo e boa gente , o delegado.
    Dentro da casinha o clima era ainda muito tenso e o padre tenta entender tudo quando a verdade lhe acerta a face como uma pedrada!
    - Como igreja poderia saber, do que estaria por vir?
    - Quando mataram os últimos embaixadores dos mundos exteriores, a ignorância da igreja colocou toda a espécie humana em risco de extinção...Poderíamos ter tido no futuro uma deus alienígena lutando do nosso lado, contra o nosso deus. Matar os embaixadores da paz, para proteger a deidade que no final nos abominou...Tenho pena do passado porque não sabem do futuro...Mas não se preocupe padre, essa é nossa confissão e o respeito por isso. Afinal precisávamos de uma referência histórica mais próxima do evento do incidente de Saudades, e seu nome apareceu em nossa  pesquisa...Pode ser chamado de destino?  Talvez...Bem agora podemos para de ficar nessa ladainha de caça ás bruxas e nos concentrarmos em achar novamente o meu alvo e pensar em um modo de elimina-lo, por mais absurdo que possa parecer? - findou  com um sorriso largo, o estranho acenando positivamente com a cabeça.

    O padre chamou os dois que se encontravam  do lado de fora e um pouco distante da casinha e confirmou a eles que por mais incrível que parecesse a história do maltrapilho é verdadeira e então  eles entendem que há algo maior que a imundície daqueles homens corruptos que assolam Saudades, algo que veio finalmente cobrar por todos os pecados, dos culpados e inocentes...A pergunta que não calava em suas mentes era: quando isso ia acontecer, pois se faz parte da história do futuro, isso inevitavelmente, vai acontecer!
                                                                                                                                               

                         
                                                               

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP. 45 - A VERDADE CRAVADA NA ALMA!

     Dentro daquela casinha o silencio era ensurdecedor! Por  mais céticos que fossem, ainda assim residia as memórias de quando eram crianças e seus pais e parentes, sempre comentavam que os anjos eram os conciliadores  e promotores da paz aos homens. Como poderia existir um futuro onde a maior ameaça de extinção da humanidade, seriam nossos protetores?
   - Isso é loucura!- disse o padre, com olhos vidrados no estranho.
   - Quer dizer que pode ter até um demônio ruim, mas anjo não? Me poupe de suas ideologias padre! - retrucou o maltrapilho!
  -  Mas como aconteceu, se isso for verdade? - se adiantou a frente Silveira, com seus ares de repórter investigativo.
   - A gente não tem certeza absoluta! sabemos por relatos secretos descobertos, meio que ao acaso, quando procurávamos uma fonte de origem...De início achamos que fosse procedência alienígena, mas depois de tanto tempo sozinhos entendemos, que nossa civilização poderia sim ser única no universo. e seríamos uma espécie de primeira onda para sementar a humanidade planetas afora, pelo cosmos todo! Contudo no percurso algo aconteceu e mudou a vontade do nosso criador, ou seja como queiram falar nesse momento...Aí ele soltou os seus cães de caça contra os homens, querendo por certo exterminar e recomeçar tudo com outra espécie...
    - Também havia esse palpite, de que o incidente em Saudades teria gerado o princípio do fim. Claro que para a nossa sorte alguns dos anjos não entenderam, o porquê de nossa extinção e nos deram a tecnologia dos céus, pelo menos em parte para viajarmos no passado e tentar remover esse fato e colocar tudo nos eixos novamente!
    - Espera um momento!- interrompe Bressanini com ares preocupado.- Você falou de um tal INCIDENTE DE SAUDADES, o que isso significa exatamente!
    - Olha, á princípio acho que chegamos com minha unidade um tempo antes do ocorrido, pois como disse é muito difícil de controlar o tempo, durante essa viagem quântica. Mas sabemos que sua cidade está para desaparecer do mapa, da noite para o dia, e teorizamos que, seja o que for que fez isso com a cidades de vocês foi o que iniciou, no termo mais próximo de sua realidade o nosso APOCALYPSE!
    Ao ouvir isso o padre levanta e meio que cambaleia em direção á porta da casinha do antigo britador.
    - Com licença eu preciso de um ar...Preciso sair daqui, é demais pra mim!
    O padre saiu para fora ofegante! Afinal acontecerá mesmo? Teremos nós, a humanidade trilhados caminhos tão sombrios que o Todo Poderoso, resolveu nos aniquilar para preservar o resto de sua criação, o universo?
E se isso for verdade mesmo, quem somos nós de querer mudar a vontade de nosso supremo Criador?
Mudaremos o passado, mas o homem realmente mudará?
    Em meio aos seus pensamentos, Bressanini o acompanha no lado de fora, também pálido.
   - E aí. padre? Como vamos engolir isso tudo? Parece loucura! Temos de ao menos comprovar o que ele disse, para termos certeza de que esse cara não seja um paranoico e doido varrido! E como devemos fazer isso, para ter a certeza de que fala a verdade? O padre tem alguma ideia?
    Andrade pensou muito e teorizou algo, mas teria de voltar aos seus fantasmas do passado, para poder comprovar toda essa história que lhe foi lançada na face, seca e dura...Apesar de entender pelas palavras daquele estranho que ele não nutria nada de boma a qualquer tipo de religião, sem contar a dureza de suas palavras, denotando realmente um homem seco, sem fé na alma, mesmo se sendo verdade vendo com seus próprios olhos um anjo em sua frente...Uma soberba que o faz ir mais ousado a ponto de enfrentar e lutar contra eles, os anjos!
Lentamente o padre volta, para o estranho e pede que Silveira, aguarde lá fora enquanto ele falaria sozinho com o estranho para ter a certeza de que ele falara a verdade, ou não...Também pediu que se afastassem da casinha um bom tanto de metros, para que tudo o que o estranho dissesse fose em forma de confissão e ficasse somente entre o dois...E assim foi feito!
    Sentados perto do fogão, com a chapa de ferro chiando enquanto esquentava uma água da chaleira, o padre começa a falar:
    - Se tudo o que você diz é verdade,  que você veio do futuro, então muita coisa que vai acontecer , para você é apenas história certo?
    - Correto!
    - Então me diga, até que ponto vão seus conhecimentos de nossa história, aliás de meu futuro?
    - Como disse, padre, somos uma equipe treinada e escolhida a dedo por diversas nações, que se juntaram para evitar i triste fim da humanidade...Tivemos de estudar esse passado muito a fundo para quando nos detivéssemos com algum imprevisto pudéssemos supera-lo sem alterar muito a linha do tempo quântico, o que chamamos em meu tempo de linha quark.
    - Ótimo! então deve saber de algo que ainda não podemos como, igreja contar a nosso povo, desse momento delicado, pelo qual recentemente passamos, do grande conflito mundial...
   Sem esperar que o padre terminasse o que pretendia dizer, o estranho interrompe ele com um gesto, olha para os lados como que tendo ainda certeza de que realmente estavam sós...Se aproxima bem ao pé do ouvido do padre e solta abomba em um murmúrio quase inaudível a qualquer um que por ventura estivesse na sala:
    - Sim padre, eu sei! Sim eu sei tudo, sobre o maldito dossiê AZUL e a sua MALDITA IGREJA!
    Calmamente ele se senta novamente na cadeira, o estranho.Ele encara o padre com um sorriso de quem dizia : eu te avisei!

     O padre quase desmonta sentado mesmo na cadeira em lado oposto...Deus! Por que isso teria acontecido? Ele mesmo tinha suas dúvidas do Dossiê AZUL, de suas palavras e agora sem saber que ninguém, ou pelo menos poucos sabiam desse dossiê, ele disse que sabe, e dá o nome certo, da minha MALDITA IGREJA! - pensa o padre!
    - E toda a verdade daquele documento, foi o que desmantelou o homem das crenças absurdas de amor ao próximo, de que tudo no final, se acreditássemos daria certo, ou seja nossa salvação...Foi por causa do Dossiê AZUL, que os homens reagiram ao extermínio dos anjos...E no final das contas é por causa dele , que também estou aqui padre! - finaliza o estranho e tudo volta a se tornar silencio na casinha...Em meio o padre abaixa sua cabeça e com as mãos escondendo os olhos começa a chorar!




                                                                            

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 44- O INIMIGO DO FUTURO!

     Os dois se entreolham após a explanação de Bressanini tão fugaz, ora se em meio a procura de uma resposta o que é possível é eliminado, o que nos resta pra achar essa verdade, é i impossível!

    - Esta bem! vamos escutar a sua versão estranho, e daí decidimos o que você esta dizendo. - disse Silveira sentando-se um pouco mais para  atrás, em sua cadeira.

    - Como eu disse anteriormente, o que vou lhes contar foge completamente do que concebem como realidade..Em primeiro lugar, sou e não sou daqui!

   - É verdade que sou brasileiro, sou militar, nascido em uma cidade em que ainda nem existe, nesse tempo...E como cheguei aqui? Bem fazia parte de uma unidade montada por muitas nações, e nos mandaram de volta no tempo, para evitar um grande mal que assola nosso tempo, não o de vocês!

    - Certo! Então se acreditarmos na sua história, você é do futuro, e veio a nosso presente para atacar um inimigo que ainda deve ser novo, e talvez mais fraco...Mas você também disse que estava com uma unidade, então...Cade ela? - disse o padre com um sorriso um tanto incrédulo, mediante ter ouvido essa história mirabolante.         
   - Me poupe de se sarcasmo padre, você era quem devia me acreditar mais que os outros, afinal sua vida religiosa vem da fé, de palavras mirabolantes que outra pessoa algum dia disse , ou dizer que um homem veio para esse mundo pagar pelos pecados da humanidade, para nos salvar, morreu e ressuscitou também não é uma história mirabolante?
   - Touché! - complementa Silveira, ante a sagacidade do estranho!
  - Sim, padre! Eu havia dito que pertencia a uma unidade...Mas quando viajamos no tempo, a cada momento que demorávamos para acertar o local inicial de nosso inimigo, mais difícil ficava de controla-lo, e no caminho de lá para cá, muitos se perderam dentro do portal..Seguimos a esse tempo e local com muito menos do que esperávamos e devíamos cumprir a missão, a qualquer custo, pois essa nossa passagem era só de ida!  Somos o que você chamaria em sua época de pelotão suicida...
    Bom nós chegamos, como disse a vocês em um grupo pequeno e tolamente achamos que por ser mais jovem, nosso alvo era ainda fraco! Pois olha, ele destroçou meu pessoal em instantes! De toda a unidade nesse tempo somente eu sobrevivi!
    - Mas afinal de contas de que inimigo você esta falando? - rebate o padre mais curioso ainda, com o desenrolar da história!
    -  Um inimigo mais antigo que o homem, padre...Que vive entre nós por séculos e em meu tempo se mostrou a mão pesada da destruição em massa!
    - Ora , meu filho, sejamos francos aqui...Você sabe que demônios não ecxistem!
    - Não são demônios, padre, são anjos!
                                                          

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 43 - DETALHES!

    Deixando o velho Manoel como prometera, com um bom equipamento e uma mula encilhada, indo em direção ao antigo britador, em busca de seus mais lunáticos sonhos de um tesouro encantado enterrado, Joel se preocupa em ir até uma loja de jóias e vestidos e comprar algo especial para Diane, mesmo sabendo que ela têm roupas que jamais usou ainda, ele gosta de agrada-la e o que mais ele gosta nisso tudo é que ele PODE agrada-la!
    Em sua casa Diane, o espera com um bom jantar, e como todo o casal feliz eles discutem seu dia a dia simples, e ninguém conta o que esta além dessa conta...Acostumaram tanto a manter as aparências e a mentira se tornou a verdade dos dias e a fantasia , virou realidade .
Quando a maldade é grande pouco importa o tanto de litros de sangue derramado, de inocentes, ou não, para manter o conforto, e o luxo em sua casa...O que mais importe é ter e aproveitar...E para Joel isso dava pra suportar, acompanhado de um espumante muito caro, é claro!
    Pela manha na antiga cabana do britador, um pessoal se levanta de uma noite agitada, enquanto Bressanini, ao contrário dá uma de coruja e vai descansar um pouco, afinal a vigília parecia nunca findar...Em meio Andrade prepara um bom café tropeiro... Assim que o maltrapilho acorda e depois de se limpar um pouco, debaixo da bomba d'água velha mais funcional fora da casa, ele senta-se á mesa fazendo companhia ao padre e Silveira, com uma xícara de café.
    - Podemos então finalmente conversar sobre o que você sabe, homem? Por que esse pessoal perigoso quer teu couro? - Silveira aborda o assunto como um trator na roça direto sem dó nem piedade.
    - Creio que não seja pela minha fortuna! - o maltrapilho tira prosa da desgraça.
    -Olha não sei se entendeu o que ta ocorrendo aqui, mas tudo isso não é brincadeira! Esse pessoal do prefeito e do delegado, mandam e desmandam em tudo o que você pode ou não imaginar e falando em imaginar você nem sequer imagina no tamanho da encrenca em que se meteu, rapaz!- disse Andrade impaciente com a cena.
    - Eu, imaginar? Aahahahahahaha!- o maltrapilho caí em uma risada quase histérica.
    - Acho que são vocês que nem imaginam, no que JÁ ESTAMOS METIDOS! Acho que no fundo , todos somos malditos...Só pode!
    - Como assim perdeu o juízo! Estamos falando de uma máfia poderosa nessa cidade de fim de mundo, onde um prefeito faz de tudo, para conseguir chegar a reeleição e galgar cargo maiores, através de contrabando, tráfico e até assassinatos, e somos nós que não entendemos nada! Acho que você é como falam, apenas um pobre diabo, que caiu de paraquedas, nesse caldeirão do diabo, e se não fosse o certo de lhe salvar a pele, acho que não vale mais nada pra gente! Vamos ter de engolir aquele maldito aprontando na nossa cara, destruindo aos poucos a essa cidade e seu futuro, pelos quais ainda existe pessoas de bem que tentam e lutam por ele! -fala Silveira, destravando suas angústias, em meio a um desabafo a muito tempo trancado em sua garganta e alma de repórter.
    - Olha, Silveira, certo? Não quis desmerecer suas ações e não estou querendo tirar o mérito de ninguém, mas, como posso explicar, já ouviu o ditado, quando a verdade é muito além da própria ficção? Acho que vocês acabam de abrir suas próprias caixas de Pandora! - salientou o maltrapilho.
    Em meio aquela discussão toda e tons de vozes altas Bressanini não conseguia dormir e se ateve a escuta-los. e após um tempo que a conversa continuava, ele nota os sotaques e palavras daquele homem sem nome de momento...Bressanini havia trabalhado em outros lugares, em outros estados e estava também acostumado com os tipos que chegavam, naquela cidade...Ele era um ótimo foca, o que na linguagem da imprensa um cara que cavoca fundo atrás de notícia. E notando tudo com mais atenção, ele finamente intervém:
    - Espera todos um momento! Deixa eu saber de uma coisa, meu amigo desconhecido...Você é daqui mesmo? Digo desse mundo, desse tempo?
    - Bressanini, o que está pensando? -pergunta Silveira, sabendo de que seu melhor assistente nunca faz perguntas sem motivos justos e como aquela pergunta era totalmente fora da realidade, ele se preocupou de imediato.
   - Ora Silveira, não se precisa muito pra ver todo o engano que estamos nós e não ele incorrendo...E você padre, não percebeu isso também?
   - Claro que sim Bressanini, mas achei que fosse sisma dos velhos tempos tempos e para não deixar isso me encucar deixei passar...
   - Então Silveira vou abrir sua mente do que estou certo: O homem não tem sinais de magreza para quem anda a muito tempo maltrapilho, sequer doença...Seus padrões alimentares poderiam ser maiores que os nossos, pelo aspecto físico, que vi até hoje...Seus traços lembram nosso povo,mas os detalhes é que não engana...Andei por muitos lugares, fiz muitas investigações, de pessoas e fatos, e esse homem, não fecha com ninguém que tenha visto até hoje! Até suas roupas são de um tecido desconhecido, mas que tentaram com uma estampa, ou coisas parecida simular nossa realidade, notaram? Não? Mas eu notei!

                                                                                 

O CASO DOS 7 MENDIGOS: CAP 42- ATO DE BONDADE!

    -Que diabos esta havendo? Como o cara some dentro de uma cela que se fecha só por fora? Alguém pode me explicar? - Joel entrou na delegacia gritando aos ventos! José e Antão, também não tinham as respostas e estavam aturdidos até aquele momento.
    - Olha delegado, nós fizemos nossa ronda como de costume e quando retornamos, fomos ver o prisioneiro e ele não estava mais lá..Eram mais de sete horas da manha quando isso aconteceu e sem demora viemos ter com o senhor dos fatos, foi isso, não é Antão!
   - Isso mesmo José!
   - Bom, que ele vaporizou isso não deve ter acontecido...Alguém entrou e esta se metendo em assuntos alheios! Droga! e logo agora que ia preparar um jantar para os amigos do prefeito em minha casa, isso me acontece! Terei que adiar meus planos...Aliás todos nós não teremos mais nada que importa senão caçarmos aquele maltrapilho, e traze-lo aqui de volta vivo...Ou de preferência, morto!
   - Quero vocês vasculhando a região...Se informem com o povoado, disparem um alerta!Inventem que ele é um homem perigoso, insano, e quem o ver tem de avisar, que terá recompensa de 200 cobres, se nós o pegarmos...E não pense que esqueci de suas incompetências: desses 200 cobres , 100 vai sari do salário de vocês, pra aprenderem e serem mais espertos...Me ouviram?
   - Sim senhor, delegado!- respondeu Antão, um tanto contrariado e ambos saem com a caminhoneta pelos cantos da cidade, a procura do maltrapilho.
    Joel vai rapidamente a delegacia e coloca o prefeito a par do caso, ás portas fechadas de seu gabinete.
   - E agora Joel, o que faremos? Esse infeliz pode colocar tudo o que nós trabalhamos tanto a perder!
   - Calma, prefeito! Agora mesmo meus homens estão procurando o dito e por vias das dúvidas dessa vez, nós o calaremos para sempre, e como ele fugiu de certa antecipou seu destino...Agora temos a desculpa certa para acabarmos com ele.!
    - Tudo bem! Cuide disso...Lembre-se das eleições que estão próximas, não quero me incomodar até lá, pois quero me reeleger e deixar você como meu delegado vitalicio, certo?
   - Claro prefeito, claro! - Joel saiu rapidamente em  direção á delegacia...Mas seus pensamentos eram turvos, afinal ele vai dar uma rasteira no prefeito, com a reunião de pessoas influentes e que ele tem influência, e proporá uma mudança de governo com ele no comando da prefeitura, é claro!
Joel retorna para dua casa, mas antes passou em um de seus esconderijos e pegou um bom vinho do porto, pois queria agrada Diane, afinal nem só de trabalho vive o homem!
    No caminho de volta pelas estradas de chão e vazias daquela hora, perto da localidade de Cruzeiro, uma região cheia de cavernas e rachaduras, Joel encontra o velho Manoel, um louco garimpeiro, que sonha em encontrar ouro por aquelas bandas...
Havia uma história velha por aquelas bandas de um assalto que aconteceu anos atra´s durante a revolução civil, quando um trem, com um vagão cheio de ouro havia sido assaltado por um grupo de bandidos , que ficaram sabendo de sua preciosa carga após torturarem e matarem a o  agente ferroviário e sua família...O ouro era para comprar as armas da revolução, que começou aqui no sul, mas nunca chegou ao seu propósito.
   Os ladrões e assassinos levaram para a localidade de cruzeiro e enterraram por essas bandas a carga roubada e deixaram pistas para que pudessem voltar após a revolução, pegar o ouro sangrento.Contudo no caminho de volta o chefe dos ladrões mandou um de seus homens buscar mantimentos, enquanto esperavam acampados perto de onde enterraram o tesouro...quando os homens forma dormir, o chefe ficou de guarda, á noite e enquanto dormiam, o próprio chefe os matou degolando-s um por um de seus homens...No dia seguinte quando o seu homem de confiança voltou com os mantimentos, o chefe o emboscou e também o matou...
Cansado de tanta mortandade  sentou-se a beira da fogueira e com os mantimento preparou uma comida bem farta, e após fazer uma boa refeição, encontrou uma garrafa de vinho, que possivelmente seu homem de confiança iria abrir para festejar o sucesso do roubo.
    -Tolo! Pensou o chefe- Mas por que não? Tomarei eu sozinho e mereço pelo meu maior golpe! Agora serei dono do mundo, com todo esse outro!
    Com tragos longos ele sorvei toda a garrafa, e depois se sentou farto de tanta gostosuras para descansar...Então de repente veio uma secura queimante em sua garganta que descia pra dentro de seu estômago...Ele bebeu a água da bica de água, das terras do Pedro Morgê, mas não adiantava...A secura ainda aumentava mais ainda!
Então, com seus dentes furou e rasgou uns dedos da sua mão direita, e sugou um pouco de seu liquido vermelho, e nada !
    -Céus! Aquele maldito tramou contra mim! Ele envenenou o vinho! Maldito! Maldito!
    O chefe sentou no cavalo e correu o mais depressa pra aldeia mais próxima, o cruzeiro!
Lá ele tentou socorro, pediu ajuda, mas já estava balbuciando palavras, quase sem sentidos, porque o veneno já atingiu se cérebro...Dentro de um boteco caído dizia que daria metade do ouro que roubara se lhe salvassem á vida...E morreu sem dizer onde havia enterrado seu ouro maldito.
Muitos estavam ali e escutaram de sua boca a história louca...Uma dessas pessoas era Manoel um jovem aventureiro que chegara pouco tempo na comunidade em busca de emprego por comida..
    Dali por diante muitos tentaram encontrar o ouro encantado pelo sangue dos maus...Muitos também com o tempo desistiram, menos  Manoel. Ele foi enrolando a vida e crente de que conseguiria encontrar o local, estudou e reconheceu cada canto daquelas bandas...Trabalhava por um tempo ganhando alguma coisa e juntava seus trapos e equipamento e saía para as cavernas e arredores de Cruzeiro, em busca do ouro perdido...Os naos se passaram e quando nasceu Saudades ele já tava ali, mais velho, e mais louco!
E louco por louco Joel, conheceu Manoel, quando recém chegara e no fundo ele se via na pele daquele velho homem, que procurava se dar bem, nunca desistindo de seu sonho mesmo que parecesse apenas loucura para os outros...Isso ele respeitava no Manoel, sua obstinação.
    Joel para com a caminhoneta e acena pra Manoel:
    - E aí meu velho amigo como vão as coisas!
    - Joel, meu amigo! A quanto tempo! Olha, tenho novidades, homem! Acho que agora vai!
    -Achou alguma coisa Manoel? Não acredito!
    - Pois é ! Eu ouvi de um velho índio que morava por essas bandas, de que viu uns caraíbas, naquele tempo do roubo, com cavalos e um carroção, empurrando a cavalos morro acima, indo em direção do antigo britador...Eu pensei em explorar aqueles cantos, mas tenho de passar na cidade trabalhar um pouco, comprar uma provisões e ir para lá, dar uma cavocadas, o que você acha meu amigo?
    -Olha Manoel, nunca desista homem! Se você acha que tá lá então vai, e não olha pra trás...-
Joel sabia que no fundo, o que mantinha Manoel ainda respirando era essa obstinação pela procura do ouro perdido...E no fundo sabia que Manoel lhe serviu de inspiração em chegar aonde chegou...Era hora de fazer uma boa ação, pensou ele!
   -Olha meu velho.Eu confio em sua dica e vou lhe dizer mais: vou apoia-lo! Vamos até o mercado de Saudades e lhe comprarei mantimentos, umas pás enxada e picareta...Corda e balde. Melhor ainda!
Que tal uma mula e carroças também...É isso! Vai ter tudo e vai achar seu ouro com certeza meu velho! Entra aqui na caminhoneta que to falando sério mesmo!
    O velho Manoel ficou de queixo caído..Ele sentou  no lado do passageiro, na caminhoneta de Joel...Seus olhos, se aguaram um pouco, e com voz trêmula disse:
    - Obrigado Joel! Eu não me esquecerei de você...Você para mim foi sempre como um filho que nunca tive! Obrigado, amigão!
    Os olhos de Joel tremeram nervosamente , afinal o que se passava? Em meio a uma crise, um ato de bondade? Por que não? DE um pouco momento Joel se sentiu bem, como a muito não sentia algo, nem mesmo Com Diane.
    - Olha vamos é comemorar, nossa parceria...Tenho aqui um bom vinho para meu velho amigo!
   
                                                                      

O CASO DOS SETE MENDIGO: CAP 41- MEANDRO!

  A noite era profunda quando chegaram ao casebre abandonado, do velho britador de pedras...Lá dentro e protegidos fizeram um fogo na cozinha de chão, que não era a muito tempo usada, para se aquecerem da madrugada fria...
    - Me lembro que da ultima vez que acendi um fogo dentro de uma cabana, acabei me dando muito mal...- fala o prisioneiro, enquanto esfrega ás mãos para aquece-las.
    - Não me levem a mal, agradeço por terem me salvado, mas estou com uma bruta fome, não me deram nada de comer até agora!
    - Sem problemas! - disse o padre e saiu até a caminhoneta e voltou com uma sacola de pão charque e linguiças...Havia também um pouco de café e açucar, o que daria uma boa refeição.
   Em meio o padre preparava tudo, enquanto Silveira sem paciência, começa a sondar o forasteiro...Em meio a tudo isso, Bressanini, mais precavido monta guarda para não serem pegos de surpresa sentado ao lado da janela, em uma velha cadeira.
    - Pois bem meu amigo, conte-nos algo de você e de como veio parar no meio disso tudo? Creio que não seja só por capricho do destino, não?
    - Destino? Creio que vocês nem fazem ideia realmente  do significado dessa palavra...É, você esta certo, nem tudo pode ser culpa do destino, creio que em muitos casos como o meu ele apenas empurra mais pra o fundo de onde você estava, para um nível mais obscuro e mortal.
    - Com o café tropeiro preparado, o padre improvisa uma mesa e serve  a refeição...Sem pestanejar o forasteiro senta-se e devora o quando pode, sua fome era gritante mesmo!
   - Deus! Como isso é bom! Ops! Desculpe padre, sei que não devo dizer o nome do Senhor em vão, mas precisava muito disso!
   - Calma, filho! Deus vai entender com Certeza! Agora me diz que não nenhum tipo de desertor, pelo que vejo você assim com esse uniforme em trapos, como disse eu não reconheço o tipo e nem as insignias ou brasões que usa.
  O forasteiro dá um tempo para responder, enquanto com e olha fixamente, para o padre.
   - Pelo seu olhar e conhecimento sei que pelo menos já viu o inferno de perto padre...Mas não se preocupe, não sou desertor, e não estava só...Havia um pelotão de bons homens comigo. E nem nós esperávamos haver uma cidade nesse fim de mundo! Ela nem consta nos mapas.
   - Bom- disse Bressanini, sentado ainda perto da janela, em vigia - Somos novos foi algo que aconteceu em pouco tempo, acho que nem deu tempo até de muitos do governo saber que existimos, é coisa de louco mesmo!
   - Mas se haviam mais homens juntos a você, o que acontece? E o que queriam aqui nesse trecho?
  -Bom, padre! Como eu disse a história e longa, mas para antecipar um pouco, vou ser sincero pois no final pedirei ajuda a vocês mesmo, e espero que me compreendam.
  - Estávamos a mando de um conglomerado de governos em busca de algo...Para ser preciso nós caçávamos algo aqui por perto. Algo que pode ser muito perigoso para todos nós e inclusive para todos que moram em sua cidadezinha!
 - Do que esta falando? - disse Silveira um tanto impaciente com as respostas, que não queria ouvir.
 -Nós o resgatamos e pensamos que você foi vitima daquele pessoal marginal que trabalha para o prefeito...Esperava que você denunciasse parte pelo menos do esquema que possa ter visto, quando foi preso pelos seus capangas...Você ao menos lembra onde era o local que te pegaram, ou ouviu algo de que desse a entender do ato criminoso que estavam realizando quando te levaram? Se não tiver isso pra nos fornecer, pouco me importa o resto! Poder ser loucura e devaneio de um homem que ficou muito tempo sozinho perambulando por aí!
    - Calma Silveira! Vamos escutar o homem, para podermos entender tudo  afinal! - diz Bressanini se levantando da cadeira nervosamente !
    - Olha! Já fomos muito longe para desistirmos, ou voltarmos atrás...Claro que a história dele não era precisamente o que desejava ouvir, mas a verdade nem sempre vem de prato pronto homem! Te acalma e deixa o forasteiro continuar, pombas!
   - Tudo bem, pessoal, eu me exaltei...Desculpem! Acho que todos estão nervosos e cansados. então devemos nos acalmar e pela manha continuamos nossa prosa certo?
   Todos consentem com a ideia de Silveira e cada uma encontra um local para descanso...Bressasnini dorme no carro, pois sempre teve sono leve e poderia servir de alerta caso alguém aparecesse ali.
    Dentro de pouco tempo após terminarem as rondas pelos interesses do prefeito e delegado, os capangas voltam para a delegacia e vão direto para a cozinha, que ficava um pouco próximo ao local das celas, preparam um café, para afastar o frio da madrugada e após saborear um bom gole, Antão resolveu dar uma olhada no prisioneiro, com a xícara sobre os lábios...E ela  se espatifa no chão, quando ele vê a cela aberta, no deses pero ele chama pelo comparsa:
    José! Vem aqui infeliz...Acho que dessa vez a gente se estrepou feio!

                                                                                           



                                                                     

O CASO DOS SETE MENDIGOS: CAP 40- ESCAPADA!

    Eles se sentam á frente do altar da igreja, na primeira fileira e há uma pequena pausa, e Silveira começa a falar:
    - Você ouviu os rumores e sabe o que deve ter lá dentro daquela cela não e mesmo padre?
    - Posso imaginar...Um pobre diabo, desgarrado, que deu de encontro onde não devia e agora tá com o destino selado, não é mesmo?
    - Ou pode ser a apessoa que vem libertar nossa cidade desse monstro que se diz prefeito, e quem sabe termos então uma chance de futuro...Nós temos potencial de fazermos a coisa certa agora ,mas do que antes.
    - E você acha que isso vai mudar a índole desse povo pecador, Silveira? Se pensa assim é mais ingênuo do que  eu imaginava...

    - Vai desistir a agora, padre? Se você é religioso sabe que esse homem poderia ser o sinal de Deus para que tudo mundo mude.
    - Sim acredito em Deus, Silveira, mas também sei da maldade humana, e ela é bem material!
    - Mesmo assim, nós vamos tentar soltar aquele homem...Pense nisso, ele também não merece isso! De todos aqui o mais inocente ainda é ele, e está como um cordeiro, a ponto de ser abatido, sem saber o porquê disso tudo. Então se ainda tem algo de direito dentro de você, hoje á noite vamos soltar aquele prisioneiro...Eu, você e o Bressanini, tenho dito!
    -Homem! Assim você acaba nos encrencando um dia...Mas como sempre está certo, aquele pobre coitado não tem nada a haver com isso, temos de salva-lo. Certo, então deixamos o Bressanini de olho e quando os dois sub delegados saírem para rondar, "seus interesses" vamos agir. Deixa as ferramentas comigo...Até mais Silveira.
    O homem saí da igreja e discretamente pra disfarçar dá uma volta ao mercado público local, compra umas verduras e legumes na banca do Rogério, um agricultor local:
    - Quanto foi Rogério?
    - Com desconto, te faço tudo por 90? Vai levar tudo isso?
    - Não amigo, estive com o padre e decidi doar o jantar de hoje aos meninos dele, pelo menos alguém tenta fazer algo de certo, nessa cidade não é?
    - Tem razão seu Silveira, o padre nosso é abençoado com os cuidados de seu orfanato, agora não tem mais nenhuma criança nas ruas, não senhor! Afinal até para os negócios ficou bom...Imagine aqueles fedorentinhos incomodando aqui nas quitandas pedindo comida? Ah, isso não mesmo!
   - Tá bom Rogério, ta bom! Então providencia para que o orfanato receba a comida ainda hoje certo?
   - Pode deixar, se Silveira, pode deixar!
    Ao chegar no seu jornal Silveira chama seu escudeiro, Bressanini, que de imediato aceita ser olheiro dos dois e ao fecharem o jornal, ele se manda para um bar próximo para observar quando os subdelegados começasse sua ronda diária, da parte da noite.
      Durante todos aqueles anos a cidade nunca teve um preso por muito tempo assim naquelas celas, e muitos sabiam que, se fosse parar lá logo sumiriam também assim como tantos nenos importantes que forma obstáculos para ascender  os negócios do delegado e do prefeito. Dentro da cadeia os sub delegados logo vão jantar, e quanto ao preso, logo não ia se importar com a fome ou outra coisa qualquer, então por que gastar com ele? eles se empanturram  e logo saem com a velha caminhoneta em dua ronda habitual, que envolvia os negócios escusos de seus patrões, mas para eles a vida estava pra lá de boa por que também iriam discutir? E não deu outra...Bressanini correu e avisou Silveira no Jornal, entrando pela porta dos fundos, e lá já se encontrava o padre, com uma mochila militar.
    -Este é o momento, senhores Espero que não hajam arrependimentos- diz Bressanini em tom irônico.
    - Vamos pelos fundos...Tem pouca iluminação e um cadeado fácil de arrombar!
    - Você não me disse o que era antes de se tornar Padre, Andrade!
    - Depois lhe conto, Silveira...Uma longa história!
    A noite sem luar ajudou-os a chegar sem problemas aos fundos da delegacia, onde o padre habilmente abriu o cadeado da porta de acesso ao depósito de materiais apreendidos, dentro do depósito havia uma porta secundária, dando ao corredor principal do primeiro piso onde no final ficavam as elas e o objetivo da missão desse grupo de samaritanos.
E dali tudo foi mais fácil até a cela onde o maltrapilho se encontrava...Silveira chamou-o e quando saiu das sombras, Andrade notou que vestia uma farda militar muito curiosa, sem insígnias e o tecido era de algo que ele não havia visto em seus anos de guerra:
    -Era só o que faltava! Nosso prisioneiro pode ser um desertor! E olha essa farda! Por Deus homem, de que exército é? Nem eu consigo identificar sua origem...- diz o padre confirmando seus pensamentos em voz alta.
   - Bem, padre...É uma longa história!
   - Acho que alguém já me disse isso hoje: De já Vu? - salienta Silveira com uma risadinha cínica.

   -Deixamos de lero-lero e nos mandamos daqui...Logo aqueles capangas estarão de volta! Ainda temos de nos mandar para um local seguro - disse Bressanini em tom assustado, afinal era a primeira vez que ele praticava um crime para salvar uma pessoa.
   - Vamos leva-lo para a cabana do velho britador...Depois que o prefeito inventou essa loucura de  extração da madeira, a mineração de pedra não existe mais...Estaremos seguros lá...
   - Venham, vou leva-los com meu carro, entrem! - diz Silveira abrindo a porta de um velho ford bigode, e com as luzes apagas eles se mandam da cidade cortando uma estrada velha e quase abandonada em direção ao velho britador.

                                                                          

O CASO DOS SETE MENDIGOS: CAP 39- O PADRE

    A cidade de Saudades era com certeza uma cidade de pecados, como muitos crentes da época diziam...Contudo haviam muitos os motivos, que atraíam as pessoas para aquele fim de mundo...Dinheiro, prazeres e pecados, mas também havia a remissão!
   Andrade Meyer era o padre daquela cidade infernal que tentava trazer um pouco de lucidez em meio a tanta maldade...Ele veio para a cidade depois do grande conflito. Ele foi soldado e do lado errado da linha, e sua nação perdeu.
Diante dos horrores que vivenciou, aquilo mexeu com ele, dentro de sua alma. Foram tempos difíceis e um homem desesperado para sobreviver é capaz de tudo para isso...Em meio aos seus tormentos pessoais ele procura sua paz na religião se tornando padre e devido a grande leva de imigrantes para o Brasil, a igreja em toda a sua sabedoria manda Andrade para a linha de frente espiritual nova que se abria aos seus fiéis, e por saber falar espanhol dentre outras línguas seria mais fácil de Andrade aprender o português e interagir com as autoridades, que eram preconceituosas com imigrantes, da mesma nação que perdera o grande conflito, seria mais um serviço de mediador.
    Quando chegou no Brasil Andrade Meyer, foi de certa maneira inocente achando que os regimes de governo não interferiam nas coisas pertinentes a santa sé, especialmente nos privilégios, ledo engano! Com os favores e luxos dados aos do clero, não havia quem não se deixasse levar, do que antes era uma vida humilde e simplória.
Claro que seus pensamentos, suas atitudes deram contra a situação vivida no Brasil e logo o próprio bispo, cheios dos reclames de seus iguais, ditos "sacerdotes" lhe incumbe de cuidar dessas almas perdidas...Pois a fama de maldades em Saudades...Um bom inferno para um bom santo detalhou o bispo, a um de seus assessores antes de designar Andrade Meyer para aquele fim de mundo.
Quanto ao próprio Andrade aquilo apesar de tudo nem se comparava ao inferno que realmente viveu... E não importa aonde vá até os demônios querem a redenção!
     Chegando na cidade e se colocando contra a apologia criminosa do prefeito, Andrade separou os interesses da igreja imediatamente e disso o prefeito não se aperreou pois  Deus se interessava pelas almas e não do dinheiro da cidade! A palavra: A césar o que é de César nunca foi tão bem dita e por um tempo houve certa paz entre os dois. Contanto que o padre não atrapalhasse os negócios, tudo bem.
    Nesse pensamento Andrade começou a caminhar como  a consciência da cidade mesmo que fosse na aparência, afinal não custava ir rezar na igreja hoje e sacanear os outros amanha, até a  ideia de um bom cristão faria bem aos negócios da cidade...E houve até campanhas financiadas pelos maus pecadores, como por exemplo a da criação de um orfanato regido por Andrade e alguns voluntários de boa fé, pois o rescaldo da luxúria sempre serão os filhos bastardos que ninguém aceitava dentro dos lares da sagrada família daquele lugar... Assim  a vida toucou-se, com alguns desaparecimentos e aparecimentos na cidade do pecado chamado saudades...
    Andrade estava como sempre na rotina de limpeza da igreja, quando alguém lhe chama pelo nome..Era um conhecido de causa justa..E tinha um jornal, que tentava mudar a cabeça do povo para algo pelo menos.Agora ele sabia de que os boatos eram verdadeiros e poderia finalmente se quisesse unir forças, realmente causar mudanças naquela cidade.