domingo, 17 de maio de 2015

A REVOLTA DA VALA

     Um dia ouvi dizer que o poder é totalmente ilusório e quando deixamos de dar autoridade de governarem nossas vidas assumimos para nós mesmos o ato de controlar nosso destino e é então que os governos caem...
     Um dia a muito tempo atrás, em um dia de sol, não como agora , bem mais quente  estávamos com a equipe instalando um acampamento, deixando nas condições em que desejava um dos nossos líderes, do qual nunca havíamos aceito no findo como tal, pois um líder deve se portar como tal e ter de si honra e coragem de inspirar e não forçar a nada sem um motivo justo para tal...Era um infeliz, rude podre em suas palavras, de maneiras rudes abaixo de um campesino...O homem se importava em dar a si próprio conforte e se esse conforto não chegasse a seus subordinados, que todos se danassem.
Então era de se esperar desse homem estupido somente revestido de poder ganho por sorte ou maldição, sei lá, enormes desatinos e foi o que ocorreu...Por muitos momentos estávamos já cansados de tolices que nada mais faziam do que irritar uma tropa sem necessidade apenas para testar nossa paciência ao limite mesmo de homens que se acostumaram a rudes exercícios de campo. Nesse dia em especial estavamos a seu mando fazendo um monte de pedras em frente do acampamento para criar uma muralha ou torre de observação e quando a pilha de pedras carregadas com cestos de palha durante a manha quase toda sem água ou descanso, em ritmo pesado atingiu três metros de altura, o homem manda coloca-la no outro extremo do acampamento pois lhe ofuscava ao calor do sol que se encontrava aquecendo seus delicados pés...E quando foi recolocado a pilha toda no extremo simplesmente mandou seu retorno, pois agora precisava de sombra para não queimar ao sol forte que se faria á tarde...Um luxo que custou calos e sangue nas mãos costa de pés de trinta homens sob meu comando, e eu junto a eles, ainda tentava achar uma boa desculpa de ordem e comando disso mas não conseguia.
     Então os homens mal param cuidarem de seus ferimentos e apontando o meio dia, se alimentarem-se veio a ordem espalhafatosa de fazer uma vala de dois metros de altura por um e setenta e cinco de largura, perpendicular ao acampamento...Contudo havia um detalhe mórbido nisso tudo: o terreno era composto de pedra pura, e aí um inferno sem necessidade se instala dentro de minha equipe, o que chamam de abuso da autoridade delegada.
Imaginem trinta homens cavando a pedra bruta sob sol intenso, sem descanso, ou água, sem comida...Eramos homens livres, homens de honra unidos por um voto de lealdade mutua mas, apenas um destoava e era nosso não tão querido líder.
Então rude e impertinente vez ou outra aparecia na vala com um copo de água fria fazendo chacota dos homens que nem ao menos conhecia ou valorizava, e quando saía ainda derramava ao solo precioso liquido ameaçando os homens de não terem descanso, água ou comida se não ficasse a contento o trabalho escabroso, que ainda não entendiamos de um fosso em um local sem água, pois não serviria para a defesa do campo.
       Em dado momento de sofrimento escaldante e homens suados, o cheiro dos corpos e sangue se fazia sentir, criando uma fúria de batalha nos homens, sem necessidades, contudo ainda não havia a revolta disso tudo pois a tropa no fundo me temia e não faria nada sem minha iniciativa e eu relutava em tomar algo tal para minha decisória. Somos marcados por um voto de obediência solene, marcados até ao fundo de minha alma.
Então apareceu em visita ao campo um magistrado de um vilarejo próximo e nosso líder se exaltou de seu comando férreo até dizendo que faria da vala um pequeno lago para que pudesse ao seu deleite criar peixes trazidos futuramente de um rio próximo, Assim convidaria aos políticos para nobre esporte quando pronto...Então estávamos sendo massacrados dando nosso sangue e condições de escravos, animais em troca de uma pomba a um único homem e sua maldita política?
Sim era próximo o momento da revolta e essa explodiu quando um dos nossos desmaiou pelo excesso de trabalho insalubre e o líder como louco avança sobre o corpo desfalecido com chutes e pontapés e o manda de volta a vala!
-Todos vocês para mim são como porcos!porcos preguiçosos só trabalham com o chicote no couro, isso sim!- Sim aquele bastardo proferia injúrias a uma tropa que nem ao menos tinha moral ou valor para lamber o pó de nossas botas de combate!
      Ainda tendo paciência saltei da vala, empurrei o líder para o lado consegui água e sanei seu sofrimento com poucos goles e dei o resto do cantil á tropa que dividiu sobriamente a todos que se encontravam dentro da vala...
-Chefe de equipe,o que esta fazendo? Eu não aurorei a água entende?
- Escute aqui seu almofadinha, entre para a sala de seu comando e deixe eu e meus homens terminarmos sua maldita ordem e assim não perderá a moral de seu comando mais do que já se encontra!-Gritei forte com aquela besta humana e ele se recolheu todo branqueado a face.
Então retornei a vala e sem palavras estávamos  próximo da meta a terminar nossa ordem, da maldita vala, quando o líder malquerido aparece armado de uma seta pequena na cintura e bravejando ordens e injurias pra mostrar seu poder...Aquilo foi como um Bumm gigante em meu coração! Loucura, provocação, sei nada disso, apenas reajo a situação.Saltei da vala com um machado de guerra e parti a seta em duas...E seu horror foi tanto que souta um grito belido e saiu correndo para seu alojamento.
Pensei que o homem se prepararia contra mim e somente com o escuto e a espada, em pelo, me atirei atras, arrombei sua porta, encostando minha espada em sua garganta, enquanto como covarde que era se encontrava paralisado de medo.
-Ainda faltam mais seis metros de vala.Então o que proponho é o seguinte: termine a vala em silêncio e assim como nós a fizemos, sem água, descanso ou comida...Ou então me enfrente em uma justa mortal!Quero sua decisão com ação e não palavras, portanto escolha, agora!
      Sem um som aquela criatura pela primeira vez entende, e cabisbaixo, se dirige para fora de sua sala, no pátio livre encarando toda a tropa, que se mostrava avermelhada de fúria e indignação...Lentamente ele pega uma páe uma picareta e desce a vala, começando a cavar...Coloco os homens e forma sentados no sol ao lado da vala, esperamos nosso líder terminar, sentir o que sentimos, sofrer o que sofremos, se igualar ao que realmente somos...A corpos malcheirosos, suor e sangue...Quando se elevou da vala ele nada disse. Pegou suas coisas colocou em sua montaria e sem arrumes e banho partiu de nosso acampamento, não voltando mais...Pois agora ele era nada mais do que um igual a nós, nós tomamos de volta o poder que demos a ele, e agora era um nada!
Jamais , quem detém o poder volta ao que era quando o perde, ele se torna anátema.
Agora era hora de esperar um novo líder e sua decisão final quanto nossa revolta da vala, o que de certo modo nos custará caro, nos tornamos a exceção e num jogo de poder a exceção é perigo iminente ...Mas isso é outra história.






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