segunda-feira, 13 de julho de 2015

A MORDIDA DO ESCORPIÃO

      Mais uma vez Mooshradoom viajava só...Eram momentos entediantes caminhar sob o sol e chuva e agora sob o manto frio do inverno sem ver ouvir ou falar com uma alma viva...A única coisa que deixava-o ainda desperto era a luta constante contra o frio, um dos elementos mais debilitante para ele, pelo menos...
     Dado um tempo quanto subia o contorno de uma curva, ele encontra alguém caído sobre a neve semi encoberto pelo manto branco e mortal! Rapidamente ele monta um acampamento seguro, com um pequeno toldo de abrigo, faz um fogo, esquenta um chá e aquece o desafortunado, dividindo o pouco que sempre carrega consigo, mais ainda.
Os cuidados passam-se em horas e após muitas massagens para o sangue circular e aquece-lo bem, a pessoa acorda um pouco mais corada. Mooshradoom se surpreende quando as roupas grossas são aliviadas do descongelamento e descobre de que o estradeiro caído não era nada menos de que uma criança, um jovem, de tenra idade:
      - Deveria ter me deixado caído na estrada e que o frio e a geada fizessem o que tinham de fazer, era melhor assim, sabia?
Mooshradom se espantou ainda mais com as palavras tão duras daquele jovem..Por que diabos afinal queria ele com a morte nesse tempo frio? O monge tenta conversar e sondar o motivo de tais palavras, e seus atos posteriores.
      -Meu jovem, a vida para ti ainda está reluzente e bela, pois tudo é uma aventura! Creia-me pois com certeza seus pais ainda esperam por ti em sua casa, para o conforto de teu lar!
      - Eu não tenho casa, eu mesmo a queimei! Quanto aos meus pais, também morreram, como a meus irmãos e sabe por que sei disso? Pois eu também os matei! Por acaso já ouviu a lenda do ESCORPIÃO  NEGRO?
      Perplexo ainda mais pela dura resposta o monge um tanto paralisado m pelos eventos, se diz não saber e o menino continua, falando como se fosse apenas uma questão de retro alimentação de si:
     - Uma vez, a muito tempo nos confins da Africa, uma tartaruga ia caminhando lentamente á beira de uma lagoa quando viu bem no meio dela, um escorpião negro se debatendo, tentando nadar, mas não era essa a sua natureza...DE momento a pequena tartaruga queria apenas seguir o seu caminho pois sabia que a natureza do escorpião negro sempre foi feroz e mortal. Contudo algo de nobre surgiu dentro de seu ser e ela nadou até ao ponto que o escorpião negro se afogava e com ele falou - Olha escorpião negro bem sabemos de seus instintos mortais portanto os controle e nos dois poderemos sair com vida dessa lagoa, então sobe em minhas costas que eu te salvo!- O escorpião negro, agradecido pelo valente ato de coragem da tartaruguinha, respondeu- que seja, amiguinha irei controlar-me e obrigado pois foste a única a me ver como uma alma que precisa ser salva!- Bem tudo foi tranquilo até metade do percurso de volta, quando a tartaruguinha sentiu uma forte ferroada nas costas abaixo de seu casco...Então com últimos suspiros, e aturdida pelo que ocorreu ela pergunta se esvaindo de vida para seu agressor - Por que isso, logo agora, escorpião negro? Se ao menos esperasse que chegássemos a praia, um de nós ainda estaria vivo...Por que?
O escorpião negro com carinho afaga a cabeça da pequena tartaruga e diz - querida amiguinha juro, juro que tentei, mas não consegui, pois afinal, quero que compreenda que  apenas segui a minha natureza...E assim ambos foram tragados pelas águas da lagoa e nunca mais foram vistos.
    -Calma minha criança! São histórias, apenas histórias...Venha tomar um chá comigo, e se aquecer no fogo, com o tempo tudo passará e acharemos uma saída disso tudo, seja lá o que for..
   - Bem quando eu precisava você chega e é claro que sou o escorpião negro meus pais sabiam disso e tentaram me silenciar e eu fiquei aceitando por um momento a ideia de que poderia calar meus instintos, mas eles são fortes muitos fortes...Mas sim vamos tomar um pouco de seu chá e deixe que eu adoço, pois no fundo não quero ser o escorpião, não com você que me foi tão bom e educado, como um príncipe dentre muitos.
     Mooshradoom deu a chance da criança fazer seu agrado e sentam na fogueira para tomar o chá. O menino então o encara de frente e quando ambos tomam a um gole de chá, ele continua sua retro fala:
      -Sabe como eu matei os meus familiares? Eu os envenenei colocando a poção nas suas bebidas...Eu sinto muito, mas como no conto, sou um escorpião e não posso negar minha natureza.
     Ambas as canecas caem por terra, apenas um esta cometido pelo véu da morte...Então um baque no chão, um tanto seco, desfalecido. Mooshradoom corre e pega em seus braços o corpo caído do infante, saindo correndo sem rumo em busca de alguém ou algo que  pudesse salvar aquele tolo menino perdido por alguma razão desconhecida dentro de si:
      -Deixa vai...Eu lhe disse eu era o escorpião negro, mas dessa vez eu pude escolher onde e quem poderia dar a minha mordida...Não poderia faze-lo com um homem tão gentil, um príncipe, dentre os que conheci em sua bondade, mas como minha natureza ainda é forte um último ato de misericórdia a alguém tão bom quem sabe me traga alívio ao infortúnio que me causaram, e que causei, só peço que me enterre ao topo de uma colina, sempre gostei de sentir a luz do sol ao amanhecer em meu rosto, quando acordava em casa, então...Adeus bom monge!
       Sob a luz do amanhecer Mooshradoom cumpriu a vontade do infante perdido, de si e em cima no topo, daquela colina, ele orou e chorou por ele, um menino perdido, e daquele momento em diante  a colina foi chamada de A COLINA DO CÉU AZUL, e muito mais tarde conhecida de COLINA AZUL...








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