Ainda é inverno, o vento frio do sul aqui é chamado minuano e ruge lá fora...Estou dentro da grande cidade participando de uma reunião com os moradores e nossos grandes líderes. Como sempre sou apenas um intermediário, um mero comandante de uma facção um pequeno grupo, mas por mostrar resultados com tão pouco, nosso políticos líderes acharam que a presença estimularia o povo das minorias a ouvi-los em suas colocações das ações contra os vândalos que naquele momento assolavam a região de Tierra Madre.
Dentro de um amplo salão de reunião os membros mais importantes e de renomes políticos foram convidados para discutirem sobre a segurança de nossa cidade, que absurdo!
Como políticos podem compreender a segurança de um povo, se nunca passarão por perigos como a minorias passam todos os dias? Como comerciantes saberão o que é ter de lutar pelo pão de cada dia se eles é quem criam o preço do pão e consequentemente criam a guerra do dia a dia pelo mesmo?
Em resumo, era uma carta fora do baralho, um deslocado sem sentido por estar dentro de um ambiente fútil e frívolo. Sabia que o meu lugar era dentro da ação procurando os maus e defendendo o povo...O que fazia ali era simplesmente patético, pois na realidade nossos líderes políticos queriam tão somente favores dos mais abastados e dos políticos de nome, para que durante seus comandos as tendas deles ficassem sempre abarrotadas de regalias enquanto as nossas, daqueles que sempre estão dentro da ação e ao lado do povo por menos que seja, sempre estávamos esperando a migalha cair das sobras dos líderes, que meu alforje de flechas fosse abastecido com pelo menos duas a mais das 10 flechas que levo para uma grande batalha, que minha armadura enferrujada possa ser trocada pela usada do meu líder que só saía com elas para eventos que renomeassem seus status quor...!
Sim estava tão deslocado dentro de mim e pouco me importava com o sofrimento da sede, do frio e fome que ainda persiste dentro de mim e de minha tropa pois não podia me empanturrar naquele banquete quando a tropa padecia com rações ralas, tão somente para fornecer esse evento que só servia para o ego e fanfarronice de meus "gloriosos líderes"...Sim, nesse momento de abstração, é que vi ela, acompanhada de um comerciante local, seu olhar nem mesmo cruzou o meu, nem mesmo me reconheceu. Era um dos meus mais queridos desamores.
A sua imagem, me remontou o passado onde era um jovem sonhador e pobre achando que com meus ideais emeu Deus poderia mudar o mundo...Estudava ainda em colégios pobres parcos e mal financiados pelo antigo governo local, que até agora nada mudou, mesmo mudando todo o governo várias vezes...Em busca de algo mais fui atrás de uma religião que me trouxesse inspiração divina emeios para minhas ideias e ideais, ora tão utópicos, e dentro da religião conheci ela, que por alguma razão se realçada dentre todas as demais, com seus olhos negros como uma noite escura, sem estrelas ou luar, com sua pele branca, limpa como a neve de inverno que agora cai lá fora, como da primeira vez que a vi...E no mais utópicos dos sonhos foi ela que se aproximou de mim, ela que veio até onde estava, pois sentiu meu interesse meus gostos, sentia aquilo então como um sinal divino e ali pensei encontrei meu futuro e meu possível amor.
Amor...Que palavra difícil! Ela me encantou por muito tempo e meus estudos prosseguiram, queria ser um educador, um poeta, um visionário, queria estar com ela sempre ao meu lado, me inspirando enquanto eu a adorava, seria muito mais que um romance comum, subiria aos céus como algo intocável e puro, platônico...Então, quando não mais havia interesse e porque simplesmente foi ela apresentada para o irmão do líder espiritual da igreja a qual já servia, e como servo e não líder fui reconhecido lá, o que poderia mudar, pois mesmo dentro da igreja de Deus tem regalias e cedo entendi que nunca se é reconhecido pelo que se faz mas de quem é filho ou de quem se conhece, mesmo que não seja ou tenha o dom, seja ou tenha o Divino de seu lado, homens serão sempre homens, e mulheres por mais que imaginemos tão puras e inocentes, elas serão sempre mulheres...
E foi assim que fui desamorosamente abandonado, e entendi que minha alma deveria se tornar vazia e sem luz se assim quisesse sobreviver na Serra, em meio a toda essa maldita Tradição, que nem mesmo sonhadores e inovadores conseguirão derrubar, assim me aceitei como escravo de meu destino, tentando somente sobreviver, a qualquer custo e manter minha insanidade em um mundo de aparências e vaidades frívolas...
Então em me a festa sentado em meu canto, se achega bebum o homem indigno dela aquele que a comprou como tudo mais que tem a seu redor, dinheiro, poder, pessoas...E encaro o outro lado do que poderia ser ou ter sido vê-la ao meu, com filhos que sempre sonhei, vencendo obstáculos, quebrando e destruindo mundos inteiros, tudo por ela!
Então esse imundo, pagão, infiel e grosseiro, se achega com sua taça de prata me derramando vinho e me inquirindo pela minha ação nos campos de honra e batalha se queria trabalhar para ele com seu cão fiel, amarrado a soleira de sua porta, sendo alimentado pelas suas mãos, as mesmas mãos que tocam todo o dia nela, que consomem, o que deveria ser louvado e endeusado, como algo santo, e agora jogado as sujas mãos, que acham o ouro comprar tudo inclusive a lealdade e também coragem e honra...
Ele gritava pra mim: vamos faça seu preço e eu dobro! Peça o que quiser e eu darei, por que? Porque eu posso! Ouviu? Eu posso!
Me viro por amor ainda que restou a ela, e tento sair...Então sinto uma pequena pancada nas costas e algo com peso cai no chão com um tilintar, era uma pequena bolsa de ouro e escuto sua voz ainda me insultando: vamos pegue, uma bolsa de ouro pelo incomodo, pois até isso eu compro, ouviu?
Aquilo me insufla, nisso uma mão desajeitada e gorda de um dos meus mais malditos líderes segura meu ombro, era mais um maldito bladessari...Ele dizia que deveria aceitar e me conter em nome da irmandade e se pensasse no que seria melhor para mim dentro da ordem...
Tomei controle de mim, me viro ao maldito mercante, me agacho e pego a maldita bolsa....Caminho lentamente até a frente daquele maldito, que me espera com um sorriso largo e aberto.
Em um movimento rápido saquei de meu punhal e desferi meu melhor golpe! Atinjo a boca do mercante com a ponta do cabo de meu punhal...Esfacelo vários dentes e enfio aquela maldita bolsa de ouro goela adentro do homem tolo:
- Isso é pelo incômodo!
Bom, pelo menos seis que aquela maldita boca sempre se calará quando lembrar de mim....E quando encaro bem no fundo dos olhos dela, ela começa a se lembrar e também sei que o ferimento, daquela marca também a fará lembrar de mim, assim com lembrei tantos anos dela, como um dos meus mais tristes desamores...
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
SEXTA 13!
Chegou a sexta-feira 13! Muitos levam como crendiuces as sextas 13... Uns fazem até simpatias para sorte ou amor. Mas aqui na Serra as ...
-
Muito tempo se decorreu desde a grande catástrofe, quando os mortos se elevaram da terra fria e seca das estepes da Serra, então todos os...
-
O inverno esta chegando...As viagens de rotina estão cada vez mais difíceis devido ao clima frio...Por muito tempo passamos parados ent...
Nenhum comentário:
Postar um comentário