PALAVRAS!

     Tenta me compreender , criança! São tantos os meus devaneios, pois forma muito mais as minhas andanças...De dentro das almas muitas já sem esperanças!
      Escutei de dentro do mais gritante silêncio o chamado daqueles esquecidos por inteiro, e o debandar das asas esvoaçantes, quando cai um guerreiro!
      dos tempo imemoriais ouvi seus gemidos, de um mundo todo esquecido, pedindo para ser lembrado, que não fossem abandonados!
      Te desperta criança, das palavras que saem dessa boca , muitas vezes tosca, pois do que vi, do que ouvi, talvez nem meu e teu cérebro, podem digerir, e morreríamos em disfunção mental, pois mais sábio é o animal, que não pensa, não fala  seu nome, e portanto não se consome.
     As idéias loucas, que para o leigo, eram alucinações, de ontem, agora hoje são as mais lógicas realizações...Tolo é quem chama tolo, louco é quem julga os loucos, se não despertar, agora, a quem vai enganar, se seu tempo passou, e nada fez para mudar?
    Foi assim que elas chegaram avisando, clamando que a mudança dentro da clamaria, do marasmo, fosse feita, pelo menos um lastro de esperança.
   O tempo, não tem começo ou final, é um círculo internal, ilusório aos olhos do pequeno, pois trata o nascimento, a vida, e no entardecer, o esquecimento...Então escuta e esqueça...Mesmo que seja um momento afinal, o próprio tempo e tome seu lugar, seja  eternal, pois é ele que vai fazer você mudar.
    Acorda criança!

O PROFETA E A MORTE: INTERLÚDIO

    O profeta pondera, seus pensamento não estão ao vento...Ele caminha sozinho pela areia e de repente sente o vento frio dentro de uma onda quente na qual sempre se encontrava...Era a senhora morte, que resolveu acompanha-lo nesse  passeio quente...
    - Me sinto lisonjeado com sua presença, minha senhora!
   -Acho que deveríamos ter nossa conversa profeta! - diz a morte com sorriso de menina malandra que só ela tem...
   -E então será que falamos de meu final, ou de meu início, no seu mundo?

    -HE!HE!HE!HE! Você no fundo é engraçado e eu gosto disso! Afinal não sou dona de mundo, apenas conduzo...Quem se destina a trilhar a caminhada final, o faz por vontade própria, não tomo partido nas decisões muito menos nas consequências...
    - Entendo, então trilhamos o mesmo destino? Caminhamos sem querer de lado a lado, ou já sabia da trama e por pirraça, deixou tudo continuar? acho que se fosse assim, deveria ter sido divertido, nesse tempo todo, assistir, como um livro de novela, mas aí me pergunto, a senhora, aguentou quietinha e não deu uma olhadinha no final desse livro, para ver se vai ter um final feliz?
     Querido! Você leva jeito para o serviço, olha estou impressionada, e lhe garanto que disse isso a poucos nessa eternidade...Sim essa história é curiosa, até mesmo para mim, mas ainda quem não gosta de um bom livro, uma boa história...De novela? Assim como toda a fan vim conhecer o escritor, como que pedir seu autógrafo, poderia?
     Então, a senhora morte tira de sua bolsa um livro com capa escura, sem nada escrito aos olhos humanos e lhe entrega junto uma pena, o profeta o assina, na contra capa, sem sequer folhear e o entrega de volta a senhora morte...
    - Nossa vejo que nem o autor é curioso de sua própria história...Você realmente é diferente, o último que conversei até leu seu triste final e quase fraquejou diante de sua morte de suplício em um calvário...
   - Agora querido, você sabe que nosso próximo encontro será u último, então se seguir por esse caminho, estarás livre de tudo, caso queira voltar esse é o meio da viagem ainda dá tempo...Depois não teria forças para terminar nem continuar...e se digo isso é por que me agradei de você, sinceramente!
  - Quem sabe noutras circunstâncias não poderíamos ser bons amigos, senhora morte?
  A morte o encara com seus lindos olhos negros e brilhantes, que esvoaçam um tom de tristeza e responde:
  - É, quem sabe...- E nesse momento num piscar de olhos ela sumiu, dentro de seu vento frio e suave.
   Sim o caminho para a verdade exige sacrifícios, e de quem as professa, ás vezes o sacrifício derradeiro!

O ASSASSINO E O PROFETA: A VERDADE VOS MATARA!

    Quando você fala a língua do coração, as palavras são duras e ás vezes sem sentido aos homens de pouca fé...Estes estão acostumadas ao material, ao que se toca, aos seus desejos carnais e bens materiais...Estão apegados ao seu OURO!
    Haverão horas que como homens, por nossa natureza de que falaremos inevitavelmente sobra a vida e sobre a morte, ao ganhar e perder uma parente, uma sanguíneo, uma amigo., mesmo que seja algo de momento, bem rápido.
   A verdade de todas as coias, a mudança necessária para a realidade certa, correta, sim, ela permeia entre essa palavras, de vida e morte...Pois é preciso criar uma verdade, e para isso o que é real, tem de morrer!
   Foram essas as primeiras palavras que o assassino, escutou sobre a verdade com o o profeta apostada...Poucas palavras que o perturbaram por completo...
    - Então eu não poderia ser condenado pelos céus, se matasse por essa verdade? - comentou curioso, como coração de uma criança perdida em seus pequenos pensamentos...Isso! Aquele era o sinal para o profeta, claramente ele, o assassino deveria estar em seu caminho!
    - Afinal de que verdade falamos, meu filho? A verdade que cada homem, líder poderoso , cria para seu povo? A verdade de cada povo preocupado com interesses de seu próprio legado, seja religião cultura ou mesmo poder, para sua raça? Sim por certo essas verdades também matam, mas não libertam, apenas te acorrentam em outro sonho, outra ilusão, que não é a verdade...Pela verdade aquela pura e simples, não é preciso matar..É preciso morrer!
    - Mas como podemos viver essa verdade, se morrermos antes, isso é insanidade, sem sentido! Então do que me adiantaria todo o meu ouro? Todo os meus bens se estarei morto?
    - Isso! Essa é a ILUMINAÇÃO, criança, a verdade parte de um princípio, que renasce na morte! Assim que se morre para essa realidade, acordamos a outra, pela qual estamos lutando...Então escolhas devem ser feitas com cuidado pois devemos não devemos saber, por quem matamos, mas por que e pelo que devemos morrer!
     Realmente as palavras estocavam fundo na alma do assassino...Ou deveria ser por que estava fraco, e a  sua mente divagava no meio da febre e da fraqueza? De momento ele não o sabe...

O ASSASSINO E O PROFETA:REALIDADE!

    A vida tem que ser como um diário, pensava ele, onde tudo o que se fez e as aspirações do que se fará, deveriam ser escritas e catalogadas em algum lugar, pois muitos dos livros sagrados diziam: ASSIM ESTÁ ESCRITO!
   Então ele sabia se um assassino veio até seu encontro é que deveria acontecer, mas a sabedoria estava em ensinar a verdade seja a quem fosse e mesmo que fosse seu algoz...
Aos poucos ele o tratou como trataria de qualquer desafortunado que sofresse dentro das areias escaldantes, pois essa era a lei do Divino..
   O Assassino agora somente com sua máscara sobrando por inteira, não queria ainda se revelar ao sua vítima ainda com receio que escapasse e um dia o procurasse, contudo ainda assim não entendia por que ele não o matou ou deixou para a senhora morte quando estava nas suas últimas forças, na saída daquelas dunas infernais...Nunca foi de dever favores, mas trabalhar com a vida e misericórdia era um campo novo para ele...não sabia ao cero o que fazer. De momento também estava fraco e nada podia fazer mesmo que quisesse...Com o tempo o convício ficou mais ameno, como uma espécie de trégua, só da parte que mantinha a ameaça, ou seja , do assassino.
   Lentamente as conversas foram aumentando e quem apenas matava por profissão, começou a pensar, na parte que fazia em todo esse contexto, e como as coisas não mudavam por falta em parte sua, de sempre ajudar a manter o sistema, de interesse e cobiça, em que essa realidade se vive... Aos poucos por um momento lhe passou que tudo podia ser diferente, muito mais fácil e menos drástico...Mas depois pensou que somente loucos como esse apostada poderia conceber uma realidade assim!
    - Mas meu filho,qual seria a realidade, se quem pensasse como você fosse a minoria, quem seria o louco e quem seria então a mente sana? E por que o simples momento de tentar pensar diferente assusta tanto a maioria? Ninguém perderá as posses, nenhum cargo cairá, muito menos as classes sociais desapareceriam..
   - Sim homem dos desvairos, nisso estas certo...Minha fortuna de sangue não desapareceria, o ouro sempre sera o ouro, em qualquer realidade!
    - Sim eu concordo, mas a cada realidade, o valor e peso de seu ouro teriam outro significado, não acha?
    - Sim, você tem razão...
    quem diria que isso teria um fundamento filosófico, a medida de meu ouro? Pensava o assassino...
Sem perceber que esse envolvimento dava sementes de uma possível, nova realidade!

REBELDE: EM BUSCA DA PALAVRA!

   Sempre disseram que ele nasceu pisando o chão com os pé esquerdo...Outros iam além e diziam quele tinha eram dois pés esquerdo,pois desde que o conheciam ele era do contra, sempre um opositor!
    Quando tomou idade e pode se governar se engajou em causas perdidas, quem sabe lá procurando de se encontrar, e de onde vinha essa tamanha rebeldia,acho que nem mesmo ele sabia.
Em um dado momento de suas idas e vindas,dentro dos movimentos populares, em busca de melhorias as populações menos assistidas, ele ficou sabendo daquele homem, que chamavam de APOSTADA, nem religião, nem os poderosos o queriam mais vivos pois suas palavras eram mais mortais aos olhos deles...Isso era arma perfeita para quem quisesse realmente mudar algo, então era necessário, encontrar o homem iluminado e aprender com ele, essas palavras...
    Assim sua busca começa de vilarejo em vilarejo e o caminho que seguiu, igualou-se a do profeta, e de momento ele compreendeu o sofrimento daquele homem, e como sua visão do assunto era também uma faca de dois gumes, e entendeu que para vencer teria que abandonar também muitas contradições que ele mesmo criara, que ele mesmo conhecia e isso vinha de encontro a verdade, irresoluta, que todos temem até mesmo ele... Em um caminho de auto conhecimento, quando fazemos parte da oposição e entendemos de que, essa contrariedade também é a errada, como fica?
   Agora depois de tanto o mais importante era encontrar o profeta dos excluídos e pelo que soube ele estava além das areias escaldantes, assim a caminhada seria ainda, longa e muito teria de se cuidar,pois quando se é diferente mesmo na maneira de pensar, todos notam e quando se sai  em busca de algo contrário e perigoso , toda a discrição se faz necessária, ninguém sobe em cima de cume de montanha se não quer ser visto, nem atravessa rio em campo aberto e muito menos canta ao som do luar...Com uma única estrela!

O ASSASSINO: O CONTRATO!

    Em meio a noite estranhas sombras se movem, esse era o ditado, que resumia por completo a vida dessa pessoa, vivendo sempre nas sombras, vivendo sempre do sangue de outros...Desde muito jovem, ela perdeu a sua identidade, como uma ser humano, até mesmo de gênero, pois sempre que fazia seus negócios vinha de vestes negras e não falava, escrevia.

   cada assassinato era pago em ouro, ou algum valore com a mesma medida, depois disso, para aquele assassino não tinha mais volta e era assim que eles sabiam de sua importância naquele negócio podre mortal, sujo...Era assim que temiam-no pelo seu alto grau de perigo mortal! E mesmo assim ainda teve loucos que arriscaram de se arrependeram do contrato e sem exitar ele deu cabo de suas vidas, sem dó ou piedade...Dizem que ele realmente começou a matar com doze anos e seus pais já eram do ramo, assassinos!

    Agora dentre tanta gente ele tem a missão de matar um homem em específico, o curioso é que ele não tem posses e nem mesmo é de renome...Contudo sobre pelos seus empregadores de que ele vem se tornando uma dor de cabeça constantes com idéias anárquicas mirabolantes de que todos n´s somos iguais nesse mundo, e todos temos direito de estar, sem ter que pagar por estar...Dentre os contratantes reunidos naquele dia, fatídico para a futura vítima, até mesmo p clero religioso, de vários cultos se reunia...Isso demonstrava que esse, significava, uma grande mudança na sociedade como ele também a conhecia muito bem, e isso não poderia em hipótese alguma  de vira a acontecer, não mesmo!

    Então recebendo adiantado seu pagamento de sempre e ainda com um bônus se trouxesse a cabeça da vítima para a presença de certos "fiscais da lei" que ficariam na entrada da cidade de Tierra Madre, e por que ão pensou dinheiro é sempre dinheiro.

Tendo rumo certo, dado pelos seguidores, que foram contratados pelos interessados ele seguiu até o local desolado e esquecidos pelos homens de fé e ciência...

    Foram dias de caminhada árdua, por entre charcos, pântanos, lama, até chegar na divisa do mundo conhecido, para começar o mundo de faltas e suplicio, onde as areias quentes reinavam soberanas fazia uma eternidade...DE tamanho esforço naquele local, que nem mesmo o cavalo que cuidara a tempos e era muito forte resistiu, e sucumbiu, diante de tamanho esforço só de andar por aquelas malditas dunas, intermináveis!...E o assassino já não sabia o que era pior...A quentura do dia de sol causticantes ou, as noites resfriadas, geladas, a ponto de congelar a própria areia e fazendo dela uma pedra gélida para se dormir...Mas o esforço valendo ou não teria de ser feito pois era esse seu código, uma fez feito, jamais desfeito, doa em quem doer!

     Após quase morrer na passagem das dunas e quase sem forçar ele se depara a poucos metros de um pequeno oásis, e contudo sem forças para chegar a um pouco de água cai a centena de metro de sua salvação, sem forças e naturalmente espera sua morte! Seu corpo esta todo fraco pois muito tempo já se passou e ele pensa que tipo de ser humano passaria por tudo isso e sobreviveria, com certeza esse homem estaria morte e era apenas o medo de seu fantasma que levou seus empregadores a arriscarem tanto para ter a certeza de sua morte...Lentamente seu cérebro vai embotando, em meio as ilusões que, antecedem ao corpo antes de sua morte, e lentamente ele fecha seus olhos esperando que a senhora morte, a quem tantos mandou agora viesse também busca-lo, e lá do outro lado ele procuraria o perdão de suas vitimas? Talvez afinal pra ele era apenas um negócio assim como toda a profissão, por exemplo, a de um artesão...No mínimo talvez teria um seco: Me desculpe!

    Então em meio a a moite, ele acorda e viu que ainda não morreu, e melhor, um tanto fraco, era atendido por um homem em uma modesta choupana, que se agradou de sua simplicidade de  vê-lo melhor e lhe oferece uma sopa, quente para fortalece-lo um pouco, e não importava-lhe do que era, pois sua fome temperava aquele alimento, que era muito bem vindo, de pronto!

    Ele agradeceu, muito ao homem que o salvou, e quis saber de seu nome, para que possível sempre o honrasse em suas orações de agradecimento, pois mesmo sendo assassino, tinha as suas próprias convicções:

    - Tenho muitos nomes, meu filho...Mas muitos me conhecem pelo meu destino...Sou conhecido como O APOSTADA !

PROFETA: GENESIS!

     Em meio a solidão das areias ele caminha, em busca de seu real sentido de existência...
Toda a sua caminhada apesar de escrita pelo destino, de omento até aqui foi decepcionante!
Quando era pequeno teve uma visão e no momento que el quis dividir esse curioso milagre, com seus pais e amigos, de imediato lhe chamaram de doente mental, lunático, doido, mesmo tendo uma tenra idade, já sentiu a pancada do mundo, sem piedade em suas costas!
    Tratado como uma vergonha na família, foi escondido e sombra até sua maioridade, onde teve de ir ao mundo, dar a cara a bater.
De momento procurou a religião e no início quando comentou aos líderes de seu culto, todos achavam que era um presente não para ele, mas para o culto e passou a ser marionete milagrosa em mãos de homens mesquinhos, que se importavam mais com o ouro, do que com as almas de seus fiéis.
   E tudo ia bem até que suas visões sabe-se lá do por quê, começaram a denunciar os erros dos líderes e agora como um risco foi taxado como um possuído pelo mal e endemoniado...E para sua expulsão do culto, foi menos de meio passo de distância.
   Rodando pelo mundo taxado como herege, procurou fazer o bem sem dizer a quem, e tantos forma que se aproveitaram de sua boa fé, lhe peiam e ele dava...Dinheiro posses e quando nada mais tinha, oferecia trabalho de graça, ou escravidão voluntaria?
Sim realmente, quem complica o mundo são os homens...E quando se apercebeu disso ele pregou pela libertação das almas e o retorno a naturalidade, longe do erro e do pecado...E começaram aos poucos , os escolhidos pelo destino, ou de vontade própria , a ouvi-lo.
    As palavras da fé e da verdade só machucam aqueles que a temem e isso é certo! E não demorou del ter uma oposição ferrenha a ponto de quem o ouvia ser agredido em via pública, muitas vezes só de pronunciar o seu nome, daí uns chamavam ele de apóstata e outro de...PROFETA!
E para piorar com o tempo não um, mas a maioria dos cultos os perseguiam, mesmo vivendo em uma nação livre seus seguires eram caçados e mortos, como animais... E ele não poderia ficar quieto com isso...Ele pediu aos céus ajuda e discernimento e depois disso uma peste assolou a sua terra,o ódio aumentou dentre todos e a nação estava á beira de uma revolução interna, já estava chegando ao ponto de se erguerem irmão contra irmão...Seria essa a solução, o fim de tudo pensava...
     Sem respostas que realmente que satisfizesse sua alma ele se recolheu para as areias sem fim, um terreno mortal, e só pela força divina e fé se sobrevive em lugares assim...Contudo mais uma vez ele era apenas a peça de um grande sistema em andamento, dos quais nós nunca sabemos de todo o seu movimento e também de sua finalidade...Haverão mais eventos que o definirão, mas não agora e tudo de momento se parecerá vazio, como a sua própria vida o é, sem uma causa, ou efeito!

A QUEDA DE URIAS!

    Apesar de cair uma chuva fina, a sensação de sufoco era quase insuportável...Além do que em um campo de morte, nada de bom se colhe. O cheiro de suor, sangue urina e fezes se mistura e empesteia o ar, deixando uma onde de vômito atingir os mais fracos...Urias não era esse tipo de homem, ou melhor , guerreiro!

   Fora um bom soldado a vida inteira e combatia a muito tempo pelo seu rei e líder.Dentro da falange de confiança desse líder não havia homem mais fiel a causa!

Agora dentro desse vale da morte Urias sabe que não sobreviverá, não por que seu exército estava perdendo, mas simplesmente por que fora dado ordens de deixa-lo ali, sem apoio e isolado para que morresse, então não haveria duvidas de sua morte mas só uma única incógnita: quando!

    Urias lembra em meio aos relances desse pesadelo, de quando e quantas vitórias assinou  nos tratados para seu líder, e isso nunca o esmoreceu, afinal a vaidade é da para os políticos e líderes, nunca para um soldado, pois não havia tempo para isso, pelo menos não para ele.

Mas se não foi a vaidade nem a traição que colocaram urias num vale de morte o que seria então?

    De tamanha fama, conseguida entre seus pares e chefes Urias foi chamado para a guarda pessoal do rei em seu palácio, junto com sua mulher, que caiu de imediato aos encantos de seu líder e quando Urias o servia, a mulher lhe traía, por amor ou vaidade, mas acontecia, e infelizmente disso ele não sabia como lutar...Se bem lá no fundo de sua alma ele sabia do que acontecia, mas ele era homem honrado aos seus princípios, mesmo que seu líder já não o fosse digno disso.

    Devastado pela suspeita e quase certeza Urias passou a não mais dormir em sua casa, vndo a ter com seus amigos, nos alojamento, um tempo para refletir sobre tudo isso...ele como soldado jamais acusaria seu líder, e jamais poderia denunciar sua mulher, pois ainda a amava...E isso tudo o consumia.

    Em uma noite ele pede ao Divino sua orientação pois nada mais podia ou sabia o que fazer...E naquela confusão de pensamentos ele dorme e se vê na batalha no seu mais alto furor e acordou com isso, em sua mene e resoluto foi falar com o rei de seu desejo e com um ar frio seu líder o assentiu...Sem demora Urias já estava no campo de batalha, fazendo e dando o melhor que podia de si mesmo...Então em uma das incursões, seu comandante o manda a frente de seu grupo como batedor e ele obedeceu...E quando percebeu estava cercado e seu grupo o havia abandonado no campo de batalha...Urias percebeu de que o líder havia visto uma oportunidade de se livrar dele e do incômodo daquela relação de pecado e traição, a quem lhe sempre foi fiel desse modo e se for de vontade divina então ele seria fiel ao infiel até seu último suspiro!
    E sozinho Urias passou três dias lutando, sozinho! A cada golpe que ele dava e caía um inimigo, as lágrimas de seus companheiros, que sabiam da ordem de traição contra ele rolavam, marcando suas almas como uma chibata impregnada com sal...
Mas somos no final todos humanos e Urias finalmente caiu, e passou-se uma semana até que se vencesse aquela guerra naquele vale de morte...Em desespero, os homens fieis a Urias, se colocaram a procurar, seu corpo para um enterro decente e o que encontraram os deixou mais pesarosos, pois donde Urias tombou havia um túmulo muito bem feito e ornamentado, feito pelo inimigo, e tinha os dizeres : Aqui jaz o guerreiro mais honrado entre todos, um bravo entre bravos!
    Dizem que depois das notícias da morte de Urias seu rei e seu líder, sabendo do valor que foi dado no campo de batalha ao servo que o desprezou, ele se tomou de culpa que no final enlouqueceu e perdeu seu reino para seu filho mais velho...E quem passa na capital de seu reino terá visto uma estátua, agora sem nome com muitos caídos ao lado e apenas um de pé...Urias!

O MENINO, A SOMBRA E O DIVINO

   O menino sonha novamente com seu mundo particular, só dele...Lá ele se vê correndo de algo, alguém quer o machucar e é mais forte que ele! Seu coração pequeno se empenha ao máximo tentando lhe dar forças para que ele fique longe dessa ameaça; seu pulmãozinho queima e quase esta para estourar, em busca de ar e forças para lhe livrar do perigo!
    Com o tempo suas pernas amolecem, devido ao tremendo esforço...Mas ele teima em continuar, seu medo é tamanho, que ele não olha nada ao derredor, tudo vira um amontoado de manchas sem sentido na sua frente só consegue distinguir uma rota de fuga e pronto!
Em sua corrida aparentemente sem sentido, pois tudo era um sonho, ele procura mesmo assim alguma ajuda algum socorro de quem passasse por perto, mas parecia que ninguém se importava com seu perigoso problema...Ele corria para dentro de uma alamedas sombrias e numa dessa passagens, já cansado, alguém o chama, com uma voz conhecida:
    -E ai,  moleque, porque a pressa?
E nesse momento o menino acorda...Se Sente seguro. daí se levanta de sua cama, toma um café e sai para a escola, se diverte, como uma criança normal...E novamente o medo chega, quando começa a escurecer, e logo o sono vai chegar e o mesmo sonho recorrente, é a mesma sensação de perigo e fuga, sempre!
    Esse sonho recorrente, esse medo iminente, vão aos poucos minando a vontade daquela criança, afinal, até mesmo para um adulto isso já seria difícil...Chega ao ponto, que os pais preocupados levam a criança nos médicos da cidade, e nem eles entendem bem o que estava acontecendo, e chamam aquilo de doença rara da perturbação do sono...Disseram que pelo desgaste da criança ela não teria muito tempo de vida! Aquilo foi uma facada, dentro do peito do pai e do coração da mãe.
   Lá no fundo a criança sabia que se continuasse fugindo, seja lá do que for ela não sobreviveria e sia seu medo era grande , mas o medo de morrer era maior ainda.E nesse momento o que era uma criança teve de tomar uma decisão de adulto, gente grande...Ele não ia mais correr e procuraria nos sonhos aquele amigo que o chamou, e eles juntos enfrentariam o quer que fosse, o que quer que viesse...
    Ele dormiu, agora resoluto, e quando pisou nas terras de Orfeu, se mandou correndo, agora não com medo, mas com o destino certo. Correu pelas alamedas e ruas que já conhecia como a palma de sua mão e esperou o estranho que o chamava no mesmo local que sempre o fazia:
   - E ai, moleque, por que a pressa?- agora ele presta a atenção no homem que era grande e esguio,tendo aparência de um soldado, misturado com um monge.
   - Estou correndo de algo, que tenho medo porque não sei o que é, pode me ajudar?
   - Tudo bem filho, diz pra mim como ele é, assim saberei quando ele chegar! - Diz o homem alto com um sorriso largo em sua face, enquanto se ajoelha pra ficar quase da mesma altura do garoto.
   - Nunca parei para vê-lo, realmente, quando sinto a presença dele, simplesmente corro para me salvar!- diz o menino assustado, com os olhinhos cheios de lágrimas.
   - Tudo bem! Se acalma que agora que parou para falar comigo, vamos enfrenta-lo, juntos e sem medo...Fica do meu lado e tenho certeza de que o venceremos!
   O menino estufa seu peitoral minguado, e se põe ao lado de seu defensor, e ele nota que ele tem um cabelo comprido até aos ombros e uma barba semi cerrada, também usava uma toga branca com um manto vermelho...Usava um cinturão, prendendo a roupa ao corpo, mas ao invés de botas, ele tinha sandálias, sandálias de pescador. Mas afinal tudo era um sonho, e valia tudo não é mesmo?
   Esperaram firmes juntos, lado a lado, mas nada de aparecer algo, e então no sonho o sol começa a mudar de posição e nisso vem o medo, no menino  e ele começa a tremer todinho, ele sabe que aquilo tá chegando e agora a coragem vai lhe faltando, e nesse momento de maior desespero, que ele sente a mão amiga, de se protetor e a voz firme dizendo:
    - Não tenha medo, filho, estou contigo, juntos e sempre!- o menino sente um novo ânimo fluir pelas veias e seguir até o fundo de sua alma, ele está realmente pronto!
    Em meio as mudanças de lues e sombras,seus olhos fitavam atentamente a  qualquer aproximação indesejada, mas após passar todo o terror, á sua frente não vê nada, então sob seus pés lentamente uma sombra negra se faz aumentar...O pavor lhe sobe novamente, quando sente um abraço forte envolver seu corpo, e a voz calma de seu amigo, seguida de uma risada bem gostosa:
    - Há!Há!Há! Meu pequeno homenzinho corajoso! Olhe, olhe! A sua frente não ha nada e aos seus pés apenas sua sombra! Alegre-se,pois eras morto e renasceu! Agora vai para casa, com paz no coração!
    O menino compreendeu que seu maior medo vinha de uma sombra, que simplesmente o perseguia por fazer parte dele, afinal todos temos nossas sombras, ora a frente, aos lados e ora atrás de nós...Mas apenas sombras, nenhum mal podem nos fazer!
Ele correu para a entrada do mundo dos seus sonhos e atravessou o portal , mas antes olhou para trás para ver seu novo amigo:
    - Eu o verei de novo? - seus olhinhos expressava a imensa gratidão de uma alma salvaguardada.
    - Sempre estarei com você...É só chamar, quando precisar! - diz o homem alto e acena com sua mão direita um adeus lento e prolongado, parecendo mais um "até mais".
    O menino acorda e conta aos pais o que houve, mas os adultos não compreendem a magia e o Divino, assim quando crianças, apenas sorriem e ficam felizes sabendo no fundo que hou algum milagre, sem sequer com sua lógica e ciência, saberem bem o quê. Afinal haverão coisas que somente a alma pode explicar, longe de toda a materialidade.
    Agora o mais certo, é que dali por diante, o menino se tornou um homem sadio, forte e realizou muitas coisas na sua vida, e quando alguma sombra aparecia para obscurecer a sua vida ele sempre chamava seu gigante amigo, e ele aparecia o mais depressa possível, e tudo se resolvia...

ALMA DE SERPENTE!

Eis que se arrasta, ela pela noite, abaixo dos ventos da memória e seus açoites...

Desliza, sutilmente para não ser notada maldita, e sempre lembrada!

Sem risos ou alegrias, agora com face dócil se faz de inocente, quem dera!

Seu olhar não esconde toda a sua maldade, que se mostra pelo sorriso descarado e ás vezes sutil sem motivo, como sarcástica que é!

E para aqueles que um dia se fez de dor e sofrimento, vem com sua língua de babosa, assoprar e lamber o ferimento, que ela mesma ocasionou, se dizendo agora santa de de todo o mal isenta!

Para a queles que choraram as perdas que infligiu, suas lágrimas falsas também rolam junto com um desmanzelado arrependimento, só de boca á fora, e nada pra dentro, pois nem a alma tens mais...

E o inocente, o cristão, o mais puro acredita pois perdoar é da índole do santo, o que esse ofídio nunca foi, pois finge e não sente!

E aparece de tempos em tempos, esperando que a cada intervalo de tempo toda aquela dor soberba e maldade seja esquecida, e de maldita, seja agora benzida, com louros da penitência que só falou mas nunca o fez, senão em más intenções, como todo o ser maldito que dela se é gerado...

Falar das dores é difícil para quem não as vive, dos tremores das humilhações do passado, que encarceram as almas de quem as vive...Sem sair de dentro de si, que é a maior de todas as prisões!

Cabe a quem impedir? Cabe a quem tomar dessa dor e dela fazer justiça? Cabe a quem nos vingar? Cabe a quem o santo direito de retaliação, depois de tanto ferimento?

E novamente vejo ela se enrolando em mais uma vítima, assim como o fui, apertando de início gentilmente , cada vez mais, até que seus ossos estalem e de toda a vida se esvaia, para simplesmente sorver todo o recipiente, deixando a penas a casca e ossos, nada mais!

Agora que se retira todos que um dia souberam, voltam a reclamar que ela se foi levando algo de cada um nos deixando mais desnudos do que antes, maldita! Toda e sempre, maldita!

É nesse momento que eu mesmo me despeço, e me resguardo ao silêncio, pois também como todos os que desejavam falar, me acovardo, afinal, sou humano e poderia não menos que isso fazer...Os heróis vivem nas fábulas nesse nosso novo mundo...

Espero que um dia entendam essas frágeis entrelinhas e a encontrem, e aquele que tiver coragem que a destrua, para que o mal não continue a triunfar, pois do herói que queria lhes servir, que um dia ja foi, não consegui mais alcançar!

DESILUDIDO!

    Do silencio os espasmos, que se confundem na noite com a respiração

das árvores, se colocando como cria e aborto, nada perfeito, talvez natimorto...

Donde estão as luzes, donde esta a salvação? Me embrenho nas moradas passadas de uma triste desilusão...Sem tempo sentimento assunto, com sentimento.

   As paragens coloridas se tornam cinzas e no pouco que alegro, alvas! Sejam os desígnios todos já traçados, que graça teria o destino, me sinto só, quando menino, talvez suposição, de uma doce e amarga desilusão. Eu espero ternalmente o amanhecer como quem espera,. sedento por um gole d'água no deserto inóspito, e talvez o seja pelo sombrio mundo que habito.

Caminham ao meu lado mesu fantasmas, algozes da madrugada que não me deixa dormir, e me fazem sofrer dia e noite , pois ainda posso sentir, é como o de mil vezes morrer, sem poer ao menos esquecer, dentro de minha solidão esta difícil, doce e amarga desilusão...

   Os homens vão te entender, quando de repente partir, sem nada dizer, esvanecer, em meio á névoa do esquecimento, deixando para trás um mero tempo, sentimento, consentimento?

Talvez, por que não, se essas mesmas malditas palavras não são minhas mas de uma perdida recordação,  de alguém que um dia fui, sem sequer ter nascido, sussurros de um a alma esquecida que toma de minhas mãos, ainda a pena, para escrever sem sentido, caminho ou destino,então serei eu realmente dentro de mim mesmo/ Nem mais isso o sei, depois do tempo que fui seu, e não o usei...Apenas deixei!

   Fantasmas á solta! Me rodeiam como rapinas, quem sabe carniceiros, esperando o meu sangue apodrecer, minhas entranhas estragarem, e o vômito do desprezar me corromper, macular...Malditos!

Mas de malditos também o sou, e quem não o é, dentro de seus secretos segredos bestiais, daqueles traduzidos em sonhos nefastos pesadelos de angustia, erotizado nos artefatos que desejamos, sejam quais quer que sejam, pois somos o que somos e nada que façamos pode mudar, o que esta dentro, de fora não pode ficar...Então fujam horrores, e dos desmaios e temores tirarei tua força, e mentindo a mim mesmo, colocarem um ponto final em contos de fada, alegando felizes para sempre, vivendo a mentira, dentro a ilusão,e só me apego a isso como verdades, que afoguem a imagem, dessa triste, hedionda, doce e amarga....Desilusão!

A VINGANÇA DE UM HOMEM MORTO

    Nessa terra fria, onde o forte sobrevive e o fraco arqueja, muita coisa de estranho a gente vê...Coisas sem entendimento mas com uma moral muito forte e vivaz. Então quando de meus tempos de menino, morava no interior de um vilarejo onde todos eram muito mais que conhecidos, e nós por detrás das línguas compridas sabíamos de muitas verdades oculta das vistas de cada um, no tal de diz que- diz que, que corria entre as alamedas finas , entre espaços de uma casa a outra.
    Muito dos comentários se dava nas rodas de bebedeira, que se faziam dentro dos armazéns de onde íamos a mando dos pais buscar partes das refeições do dia, e pendurando na conta no fiado, marcado em uma pequena caderneta de dívidas que no final do mês só de comida comiam mais que a metade de nossos ´pobres salários de interior...
Dentre essas rodas haviam um homem muito sombrio, e que sempre tava jogando um carteado a dinheiro, e parecia que dinheiro nunca lhe faltava pois sempre perdia e continuava jogando, muitas eram apostas até um tanto altas para nossa pobre vila...E nem se via esse homem trabalhando, e uns o chamavam de MALDITO GUILHERME, pois havia o comentário de que ele se usava de roubar dos mortos do cemitério seus pertences e vender para conseguir dinheiro para as suas jogatinas sem fim. Uns diziam que o cara era tão malandro que até os dentes de ouro daqueles que se foram, por mais bons que tenham sido em vida ele não os respeitava e pior quando tocavam no assunto ele se dava a fazer ares de deboche, dando claramente a entender sua culpa.
     Bem na via sempre teremos o verso e seu inverso, ao contrário de Guilherme, João Maria Branco era um homem de forte índole e caráter, e se ele falava algo a fazer, pode escrever, ele fará...Jõao Maria Branco teve sempre uma vida humilde no campo, um homem temente a Deus, e um coração de  um touro! Todos os seus parentes mais amados já se foram, e ele estava ara a semente a anos além do esperado...Um dia porém se sentindo muito mal veio a ter com o médico do Pronto Socorro do Tito Bianchini, de outra aldeia, e ele disse que seus dias não passavam de sua mão direita, em todos os seus dedos...
    Pois foi dois dias disso que estava indo comprar uns a mais pra reforçar o jantar de nossa família, no armazém do seu Juca, quando vi novamente o maldito Guilherme se gabando de um "grande Negócio" que ia fazer em breve...Nisso a porta e esgaçada pela entrada de João Maria Branco, que de imediato encara a Guilherme e lhe diz com todas as letras:
    - Sei muito bem que você anda urubuzando a minha morte, desgraçado! Agora eu quero que escute bem o que lhe direi, que todos também ouçam pra depois não se fazer de mal entendido...Se você for me roubar depois de eu morrer eu juro pelo mais sagrado que MATO VOCÊ!
E dizendo isso, João Maria Branco saiu como a ventania que veio e a porta se bateu toda atrás dele..Todo mundo ficou uma tanto assustado e até o maldito Guilherme deu uma braqueada, mesmo dando aquele sorriso amarelo pra disfarçar.
   Aquilo tudo me chamou muito a atenção e falei para meus pais o que vi e eles pediram para que não contasse mais a ninguém, pois as maldições de um que está a beira da morte nunca devem ser desprezadas...E assim eu fiz.
Claro que não demorou muito para o óbvio acontecer e foi um lindo enterro...E no velório que havia participado, entendi as palavras de ameaça do João Maria Branco...Dentro de seu paletó fúnebre havia um lindo relógio de bolso feito deu cordão com uma trança bem arrumada de crina de cavalo...E adivinha quem tava de olho, meio de longe, também? Pois é o maldito Guilherme!
    Meu pai dizia que no final das contas, a genge que cava a própria sepultura...Uns cavam de colherinha de chá e demoram pra morrer,outros como o maldito Guilherme, cavam de pá de rodo e fazem questão de que seja bem funda mesmo!
    Após o enterro de João Maria Branco, não vi mais o maldito Guilherme por nossa aldeia...Uns disseram até que ele havia tomado jeito e encontrado um emprego decente em outro vilarejo, mas eu achava difícil aquilo e o tempo passou, até que um dia como era costume no vilarejo, foram abrir a tumba de João Maria Branco para colocar seus ossos numa caixa de ossário, para liberar espaço no cemitério afinal ninguém cuida de túmulo de pobre, quando ele é só por si, não e mesmo?
    Bom naquele dia foi um alvoroço só...Primeiro os coveiros correram ao intendente, o tal que cuidava da vila, e ele chamou a volante, aqueles que prendem gente e verificam crimes...Daí a notícia se espalhou e até eu fui lá ver, e gente tava lá, o corpo do tal maldito Guilherme mortinho da silva, deitado sobre o corpo do joão Maria Branco, com o pescoço todo enrolado no cordão do relógio dele...Ambos eram quase carcaças, que dava os anos que o homem tinha sumido. A volante disse que o maldito Guilherme decerto tentara roubar o morto e acabara ficando com o pescoço enroscado, no fio do relógio do João Maria Branco...Até aí tudo bem, mas se o maldito Guilherme abriu a cova do defunto, naquele época, e fez tudo isso quem a fechou, com tampa de caixão e tudo?
     O que ficou marcado em minha memória foi que não se brinca com a palavra de um homem morto
pois até hoje por essas bandas a história toca mais ou menos assim, e quem escutou diferente que conte a outra...

A LENDA DE TITO BIANCHINI

    Um homem acorda dentro de um ônibus, depois de uma viagem de inter bairros, talvez o cansaço de seu trabalho o forçou a dormir enquanto pretendia ir para casa...Então vem aquela sensação de estar perdido pois acordara sem referências e até mesmo o motorista do ônibus  não lhe era conhecido de momento...Ouviu por um tempo as pessoas que o rodeavam, viu as paisagens para ter uma orientação em seus instintos, como a maioria de n´s faríamos, afinal bem poderia ter parado após o seu ponto e de momento reconhecer o local fica difícil, especialmente á noite, quando largava de seu trabalho.
    Então o motorista anuncia a última estação, e mesmo assim ele não se acha...Desembarca e depois escuta algo curioso que o motorista fala:
    - Daqui a dois dias a gente volta e assim por diante, aproveitem o passeio o quanto puderem e cuidado pra não se ferirem, pois estão por conta própria nesse lugar! - dito isso o ônibus se desloca em maio as trevas daquele local sem iluminação, sumindo noite a dentro.
    Os outros uns, três passageiros que desembarcaram, também haviam se embrenhado na noite escura, agora, um tanto apavorado estava por conta própria e ainda lembrava do alerta do motorista que dizia que o lugar não era seguro. Caminhou com cuidado em direção a uma luzes que via distante e dava a uma estrada de chão batido, e após um bom percurso ele nota um amontoado de casas, dando mais parecer um vilarejo. Lá dentro de uma velha boteco encontrou abrigo e sentou-se para dar um tempo em seus pensamentos, de tudo o que ocorreu. então apareceu uma moça , sem qualquer melindre e sentou-se ao seu lado, puxando conversa:
    - O dia foi difícil pelo jeito, não?
    - Nem me fale! Comecei um dia como outro qualquer, isso é trabalhando como um doido na empresa e então, quando peguei o transporte, vim parar aqui ao que nada conheço nem sei onde eu estou...
     - como você fala, eu acho que não é o primeiro que isso acontece aqui por essas bandas, e por estar perdido como tantos tem onde ficar pra descansar?
      - Eu não conheço ninguém desses cantos, o que mais posso fazer?
     - Olha eu preciso de uma mão forte no meu sítio, se quiser trabalhar até se endireitar  ou quem sabe se encontrar ( eheheheh!), és bem vindo!
    - Agradeço a mão amiga e não recuso, até pelo menos entender tudo e talvez até de como sair daqui!
    E o tempo foi justo com o estranho, ele ficou é claro mais de dois  dias e enquanto trabalhava tentava entender como havia chegado nesse outro lugar, que tanto se assemelhava aonde vivia, mas haviam peculiaridades, que nem mesmo a física de seu mundo poderiam compreender...E aprendendo isso bem rápido entendeu que ali era muito melhor que no seu antigo mundo...ele corria pensava e era mais forte, que antes já o fora.
   Aos poucos ele pensou que poderia se divertir um pouco ali e então voltar com alguma coisa, para casa mais tarde. Seus conhecimentos básicos até de hidráulica lhe deram fama  no lugar e muitos o chamavam nas aldeias próximas para resolver seus problemas mais básicos, como áreas sanitárias poços semi artesianos...E junto com a fama veio o dinheiro...e como se esperava de um momento desses a mulher que o ajudou acabou se afeiçoando por ele e casaram-se, tiveram bons filhos...
   Passado um tempo ele foi chamada para resolver m problema de uma roda de água, em um  aldeia distante, e pegando sua carroça encheu de material que poderia usar no trabalho e em meio a sua mulher sempre precavia lhe diz pra levar uma reserva de ouro, que era a moeda daquele lugar e mesmo um tanto sem jeito ele obedeceu e se mandou com os equipamentos, e a noite logo chegou pois eram léguas dali onde morava a aldeia necessitada.
    Então ele passando por uma estrada de chão batido, parece que reconheceu o local, el algum momento de sua vida...Com medo de uma emboscada no local por algum salteador ele apressou os cavalos...E nisso ele passou mal ficou tonto e desmaiou por instantes...
       Novamente quando acordou viu de longe as luzes acesas de algum povoamento e seguiu com os animais, e deu de encontro no centro de seu antigo mundo, bem próximo ao precário posto de saúde que a cidadezinha tinha, quando saíra de sua empresa, agora uma dor deu em seu peito! De alguma forma ele voltara, mas como faria para ir embora dali, e voltar ao se lar que formara no outro mundo?
    Para pensar melhor foi com a caroça de volta para casa o que alguns vizinhos estranharam um tanto pois não reconheciam a raça dos cavalos, e ele dizia que eram presente de um amigo estrangeiro, no final de tanto falar colou essa verdade aos ouvidos e as fofocas diminuíram um pouco.
     Durante um longo tempo ele tentou refazer o trajeto, em sua mente e com todos os detalhes...Mas também em meio aprendeu o que era ser necessário e fazer a diferença em uma comunidade e com parte do seu ouro esse homem comprou materiais médicos  e construiu naquela sua cidadezinha o primeiro pronto socorro médico de toda a região inclusive, viajando até uma cidade mais adiantada contratou o primeiro médico plantonista, e ficou muito conhecido também em seu mundo...
      Bom, mas a dor e saudade lhe batiam todo o dia a porta, eram saudades de sua mulher e filhos daquele povo que se acostumara com sua presença e realmente precisava dele...Em meio as andanças ele sempre passava no Pronto Socorro para ver como as coisas andavam, e numa dessas passagens era novamente noite e o local de atendimento estava no horário de plantão. Ele foi cumprimentar e conversar com o médico de como fora seu dia de atendimento, quando na sala de espera encontrou alguém muito conhecido, e seus olhos se encheram de lágrimas, era sua mulher!
    Ele perguntou como conseguiu chegar,  e ela lhe disse que, por esses anos o havia procurado e nunca desistido e lembrando de sua história de como chegou, que sempre contara para as crianças quando sentava á mesa de jantar,  ela conseguiu achar a estrada de chão batido e acampou por dias até ver o ônibus que ele havia falado e entrado nele, dando nas proximidades do pronto socorro foi só se informar dele e como era conhecido, ela o aguardou até a chegada no local.
    - Mas, querida, como voltaremos nem sabemos onde você embarcou, e depois desembarcou, para podermos seguir ao mesmo local?
    - Não de preocupe marido! Dentro de minha bolsa tiracolo trouxe novelos de lã e marquei nosso caminho para a volta amarrando cordames em postes e galhos que encontrei pelo caminho, agora vamos podemos não ter muito tempo, pois faz mais de um dia que eu o espero aqui!
    Então o homem se despede do médico, e lhe agradece por todo o trabalho feito por sua cidadezinha lhe deixando o ouro que lhe sobrara, pedindo que ele continuasse a atender seu povo, que tanto precisava...O médico emocionado, agradeceu a generosa doação e prometeu continuar até onde pudesse o atendimento ao pronto socorro municipal, e lhe desejou sorte.  Assim o casal partiu em cima de uma carroça em direção anoite escura e nunca mais foram vistos, por certo conseguiram voltar ao seu mundo, é o que todos torceram no fundo de seus corações.
    Em gratidão ao homem que serviu nos dois mundos o médico colocou o seu nome no pronto socorro e foi chamado de PRONTO SOCORRO TITO BIANCHINI...