segunda-feira, 8 de junho de 2015

O VAMPIRO DE ALMAS

      Ah, a doce juventude! Quanto maravilhoso era ter a vitalidade e o tempo a seu favor? Quem não se lembra, dos desafios, da rebeldia? O mundo havia mudado e era nosso, não era mais dos velhos, muito menos do passado...O mundo era jovem porque éramos tão jovens!
     Contudo em meio ás novidades, ás festas, as baladas, algo pernicioso e velho acompanha o doce frescor da vitalidade juvenil...Um mal tão antigo quanto o próprio mundo, se alimentando de nossas crianças, de nossos filhos, vivendo dos mais vivos!
Dentro da grande cidade de Sierra Madre, podemos encontrar de tudo, e até mesmo o que nunca foi visto...Uma onda frequente nessa juventude rebelde tomou conta da cidade e em forma de festivais clandestinos montados em locais duvidosos. sombrios e esquecidos, simplesmente para dar mais "clima" a festa. Dessas festas clandestinas eu me apego, levando vocês a conhecer uma dessas crianças rebeldes que chamarei de Cassandra...Desde cedo a vontade de Cassandra em viver a vida era notável...Desde pequenina, ela era quem corria mais, quem brincava mais, quem queria sempre mais. Cassandra cresceu se tornou moça e sua avidez pelo inesperado pela emoção foi aumentando também em proporção..Corridas rápidas em montarias, natação desportiva e outras mazelas saudáveis já não a satisfaziam, seu mundo parecia cada vez menor pois muito cedo ela saboreou todos os frutos bons e também os proibidos...Há um ditado dentro da Serra que nos diz manter o tempo sempre no seu passo certo, quem se apressa muito sempre comerá o fruto ainda verde e que não está pronto para saborear seu verdadeiro  sabor e gosto. Assim se como uma maça antes do tempo o que posso ter no gosto se não o que for amargo e azedo?
     E assim se tornou a vida de Cassandra, aos poucos, agora mesmo jovem, já com um filho nos braços que ela nem sabia mais de quem era o pai, nada mais parecia ter sentido nesse mundo, tão...Amargo! Por isso Cassandra procurou o diferente, muito longe do casual, Cassandra saiu em busca do obscuro, de poções e elixires que poderiam fazer de sua vida algo novamente especial. E eram nas festas escondidas, onde aparentemente não teriam controla dela e seus novos amigos que ela poderia realmente ser feliz e viver novamente? Bem pleo menos ela o quera pensava...
Então como o pai era um homem de tradição e portanto ultrapassado, para Cassandra não havia mais conversa co ele e de tanto discutirem sobre o que cada um achava de certo e errado, o pai abandonou o lar deixando ela com sua mãe, que a tudo parecia concordar, por mais absurdo e errado que pudesse ser, afinal mãe será sempre mãe...
Um dia Cassandra entediada de seus estudos e de sua vida de mão solteira, resolveu passar o final de semana se divertindo com seus novos amigos sombrios e saíram a noite as festas normais, que para eles não tinham, tanta emoção mais assim e em meio as passagens de bares e salões de bailes eles encontram outros amigos sombrios que indicam a eles uma festa especial chamada de COLINA AZUL...Nossa só o nome já era muito chamativo!
     Eles se mandaram com suas montarias, para dentro da mata longe das áreas seguras das estradas da tradição, e em meio a um caminho tortuoso e escuro, repentinamente em meio a uma clareira havia uma festa acontecendo com uma estranha iluminação azul profundo...Aquilo era algo que Cassandra esperava a muito tempo: emoção diferente e sem limites! Ali as pessoas,jovens como eles se embebedavam, tomavam várias poções, seus elixires e ninguém poderia contesta-los, ali havia a juventude que tanto anseia, longe do mundo velho e tradicional, de um mundo seguro e sem graça.
Assim passou-se o tempo...Cheia de bebidas e alucinógenos, sua vida parecia ser completa...Então em meio a multidão ela viu uma sombra um tanto disforme se mexendo, de uma maneira descompassada, inumana. Primeiro Cassandra se achou estar dentro de um sonho ou alucinação e por assim dizer começou a curtir muito mesmo...Chamando a criatura e em dança insinuante mostrava toda a volúpia de seu corpo jovem, deixando a criatura mais desejosa, do que ela tinha a oferecer, ou pelo menos era o que ela pensava.
      A brincadeira começou a perder a graça quando a criatura com grandes e enormes olhos vermelhos se aproximou, rastejando, se esfregando com seu pelo rijo e eriçado, mostrando seu interesse por Cassandra...Seu pavor tomou conta quanto a criatura abriu sua enorme bocarra e saindo dela uma língua molhada de saliva pegajosa e fétida, e que lhe começou a lamber seu rosto como um doce suculento.
Cassandra correu, batendo em todos que encontrava pedindo ajuda mas como todos estavam em mesma situação ou pior que o estado dela achavam que a moça estava viajando tanto quanto eles dentro daquela festa.enquanto isso a criatura se entreverando nas sombras, ladina, chegava mais e mais perto de seu suculento petisco...Um petisco vivo, quente macio e tão jovem!
      Em seu desespero Cassandra foge para dentro da mata escura, um ledo engano uma vez que as sombras eram a casa e lar de monstruosa criatura...Ficou longe das luzes azuis que no fundo foram colocada a muito tempo pelos velhos e ultrapassados antigos avisando a todos, que aquele terreno era maldito deste que seus sacerdotes aprisionaram tal abominação para mais nenhuma alma inocente levasse do povoado que um dia virou a cidade grande de Sierra Madre...Então em um rufar de asas forte como o vento ela foi arrancada do chão e nas alturas em meio ao tamanho pavor sua juventude, sua vitalidade lhe foi tomada, como quem suga uma uva e deixa só a casca e um mínimo de suco, sem dó ou piedade, pois para tal criatura ela era apenas alimento,para alguém que havia a eras ficado se se alimentar...
Depois como bagaço ela foi atirada para próximo da festa e a criatura se retira, sumindo na escuridão.Jogada na grama fria do campo, Cassandra lembra dos familiares...Lembra do pai que a amava e nunca quis ouvir, da mãe atenciosa e amorosa e que por seu amor a tudo dela perdoava...De seu filho que teve e nunca deu tempo suficiente para entende-lo e ama-lo, como os seus pais o fizeram com ela, um dia.
Cassandra lembra de seus amigos chatos que agora devido ao horário estavam dentro de seus lares, quentes e amados, esperando um novo amanhecer para viver mais um dia...Sim o mesmo amanhecer que ela luta agora, com o pouco de vida que lhe ainda pertence para pelo menos ver aparecer...
      Bem a festa termina e seus amigos sombrios veem ela caída quase inerte e em desespero se mandam para um hospital, qualquer um que  encontrem a tempo de salva-la. Para Cassandra pouco pode aproveitar dessa tentativa, seu corpo quase nada mais sentia, enquanto o tempo parecia parar, sua mente e olhos enturvavam, caminhando para a escuridão...Novamente o pavor vem aos seu peito arqueado e com dificuldade já em respirar...O terror ainda não haveria de passar e no mínimo era só o começo, pois ela começa a escutar o mesmo rufar de asas, daquelas negras asas que a subjulgou e que agora retornaram para buscar o pouco que ainda sobrou, pois nessa hora mesmo o pouco que tiver lhe sera também tirado...!
     Então jovens rebeldes um aviso: segurem a onda vão com calma, aproveitem o dia conforme ele se achega e acima de tudo fiquem longe da COLINA AZUL!



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