Já havia mais de seis dias que ele não sabia mais noticiais de seu amigo silveira...Silveira simplesmente sumiu, desde aquele último encontro, na pracinha e ninguém mais souberam dele...Ele não poderia ser incisivo em suas perguntas ou poderia levantar suspeitas, mas como Silveira também tem a fama de boêmio, bem poderia que um namorado ou marido tenha botado ele pra correr da cidade por causa de algum flerte inapropriado.
E o acompanhamento discreto se deu mais acirrado...Sempre há um militar ou um policial á paisana, por onde quer que ande...É, a curiosidade é a mãe de toda a encrenca...Até mesmo o estalajadeiro anda um tanto apático, e preocupado com as passagens mais que normais da viatura militar em frente a sua pousada, e de vez enquanto ele o pegou resmungando, enquanto fazia uma limpeza de arrumação, e entreolhava por cima de seus óculos pequenos e redondos:
-Isso não é bom, para os negócios...Não é mesmo!
ele tentava manter a calma, mas a espera era de matar! Rodolfo não deu mais as caras na cidade, e sem comunicação a tensão de que algo de errado vem á tona, sem nenhuma intenção voluntária...Mas ele confia em seus instintos e a oferta foi agradável no valor, para que Rodolfo desistisse fácil da empreitada...E até o tempo parecia mudar, as tardes não duravam sem uma chuva forte e uma mudança do clima abruptamente...Ele achava que a mudança das estações já havia começado...
Então foi numa dessas chuvas imensas de cair até tromba de água, que veio um rapaz, com um bilhete na pousada, e lhe entregou enquanto estava na sala de estar lendo um jornal velho e vendo o noticiário pela TV.
as palavras eram secas e urgentes, diziam:
- Venha rápido com o que for necessário, e puder carregar, o resto deixe pra trás, para o local marcado, á meia noite, se faltar nosso compromisso esta cancelado! P.S. Silveira não volta mais!
Aquilo caiu igual a uma bomba em seu colo! Ele sabia que pisou em vespeiro e agora tem de dar o fora, e confiar sua vida a Rodolfo...Então com calma foi para seu quarto e preparou tudo o que achava que deveria levar, para poder continuar sua investigação...O bilhete picou muito bem e deu descarga no banheiro coletivo de seu andar...E quando tentava sair de mansinho foi pego pelos olhares do estalajadeiro, que entendeu a deixa...
- Meu caro senhor, há uma porta dos fundos que dá para um quintal, e de lá para a rua,. se for de seu interesse...É claro!
- Agradeço, bom homem, assim que puder busco o resto de minhas coisas!
-Estarão esperando pelo senhor, eu as guardarei! Adeus senhor!
- Adeus!
E foi como dito, ele chega rapidamente ao quintal e pulando uma cerca mediana andando uns metros, deu de encontro com uma rua antiga e discreta, secundária, que o levou em meio a noite chuvosa para fora dos limites da cidade. Ele seguia a marginal, á pé em meio a chuva, rente ao acostamento e o mato, para não ser visto, até chegar ao local da pedreira, que era da antiga caverna
A noite um local tétrico, ainda mais com o toró de chuva que caia sobre ele...
Então igual da última vez do meio da chuva e das sombras sai Rodolfo, mal iluminado com um velho candeeiro a carbureto, pois só assim pra manter a chama acesa naquela chuva.
-Estamos prontos senhor...Trouxe o que precisava? De agora em diante não poderemos mais voltar a nenhum local com gente, pois poderiam nos denunciar para os policiais, e com certeza teremos o mesmo destino que o pobre Silveira!
-Tem certeza disso?
-Silveira foi visto por uns amigos meus entrando forçado, para dentro de um carro de faróis apagados na noite que nos encontramos...Dei todo esse tempo para ter certeza de que não era parte de aluma coisa da polícia contra mim...E Como não conseguiram nada de útil do Silveira, pois vieram atrás de você logo em seguida achei que era o momento de nos mandarmos, antes que você também sumisse!
-Certo! E agora, Como faremos?
- Comigo vão mais quatro homens de confiança, que também pagos nada falarão.Tudo o que precisarmo está nas cangas de três mulas que preparei, e nos seguiremos por uma trilha antiga de bugres, que nos levará ao Castelos dos Bugres e de lá seguiremos atá a entrada das minas de caolin...
Portanto senhor bem vindo ao que pode ser os últimos dias de sua vida!
Não se preocupe! Te garanto que passei também por boas...Agora nos vamos! Essa cidade esta ficando muito calorosa , demais até para mim!
O grupo se reúne, sem nenhum comentário, Rodolfo lhe dá uma capa de chuva, e os seis, se deslocam em direção ao mato fechado, onde começa os golpes de facão a ficarem mais conhecidos seus sons de baque e corte...Caminharam a noite toda subindo uma trilha feita na serra. Em trechos ele nota que há uma especie de calçamento rústico, muito antigo, era o que Rodolfo chamava de Trilha dos Bugres. Contudo, era um mistério para os olhos mais treinados, afinal era cortadas com algum cinzel, e nossos bugres mal saíram da idade da pedra, pelo menos é o que a nossa história conta.
No topo da serra também encontram um local para descansarem, que era pouco conhecido até mesmo pelos moradores...Eles entram em um touceiral que esconde uma frissura no solo, que se dá a uma caverna grande...Dentro dela sinais de antiga habitação, mesclam-se com as novas...Era um esconderijo quilombola pelos artefatos mais antigos, conhecido por certo de Rodolfo, e sua geração, que usava para seus trabalhos não oficiais no mato...Ali poderia ficar abrigados até a chuva passar e acender uma fogueira sem serem vistos mesmo a pouca distancia...Dentro da caverna havia água corrente e boa que poderia os manter por longo período se assim precisassem...
Agora após uma longa caminhada, molhados debaixo da chuva torrencial, um local seco, e uma boa fogueira para se aquecer vieram a calhar, a viagem sem volta tem inicio!
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