Passaram-se três dias desde a chegada do estranho que era muito curioso sobre o velho a mina, e como também havia os curiosos da cidade de Piracetuba, logo uma sociedade informal se ajunta naturalmente no restaurante em que o estranho sempre vai fazer seu dejejum, e por que não pela manha, pois a maioria dos curiosos eram desocupados ou velhos aposentados, para ele era muito bom que tudo se encaminhasse nesse patamar...E as rodas de conversa era animada com salgados e aguardente, que mais um provinciano poderia querer em troca de umas boas conversa de bota fora?No meio da roda diária de histórias curiosas dos velhos e idos tempos, incluindo a história do velho da mina, apareceu um homem de vestes surradas no restaurante, que sentou-se fora da roda de conversa, para tomar um refresco a parte, pra abrandar o calor daquela manha sufocante.... Curioso ele pergunta para o seu braço direito da cidade Silveira, que parece conhecer todos ou pelo menos um pouco de todos daquela cidade.
-Aquele lai é o Rodolfo...Homem sério, trabalhador de dentro das matas daqui mesmo! Ele faz bicos ajudando os topógrafos nas questões de terras...Homem que nem ele conhece cada cantinho desse nosso imenso chão...Dizem até que o bisavô dele foi capitão do mato daqui dessas bandas e esse conhecimento foi passado pelas gerações...- Sei e se um dia eu quiser entrar nesse mato de vocês e se quiser sair vivo, sem me perder tem de ser com esse tal Rodolfo, certo?
- Olha, amigo, nem sei no que ta pensando, mas se tiver de fazer algo dentro desses matos, tem de ser com ele..Um dia um bando de escoteiros de fora da cidade, acho que eram uns filhinhos de ricos lá de Guaracetuba, vieram até com guias pra acampar lá nas cachoeiras do Quiriri...E se perderam a ponto de nem os guias se acharem adivinha, quem tirou todos inteiros e sem arranhões lá daquele fim de mundo onde se enfiaram, e em poucos dias?
- O Rodolfo!
- Sim, o Rodolfo! E por um preço certo, esse homem, manda e desmanda nesse matão de Deus...Tem coisa que nem na cidade você encontra melhor que no sítio e o Rodolfo é uma daqui de Piracetuba, que não tem em outro lugar nenhum do mundo!
-Então amigos, em homenagem ao nosso único Rodolfo, mais uma rodada ?
Assim ele desvia a atenção dos demais, caindo a conversa em prosa qualquer, bem dentro do diz que diz...Contudo ele também percebe que desde ontem um discreto observados fica de olho desde que sai da pousada para seus passeios matinais e suas prosas no restaurante...Sim, os indícios são fortes...Com tanta observação a história do velho da mina tem de ter algum fundamento...Se fazer de desentendido é o mais saudável por enquanto a se fazer.
Após umas caminhadas pelas ruas da cidade para seu dejejum diário ele retorna para a pousada e senta-se na sala de estar comunitária, em uma velha poltrona e como havia comprado um jornal semanal, em um empório, que mais parecia mensal pela data de atraso de chegada, senta-se para uma relaxante colocada de idéias em dia...O estalajadeiro lhe serve um café preto e forte ao seu agrado e o dia parece ter esquecido de continuar naquele virar lentamente das folhas do jornal, e leituras a esmo, que fazia mais mecanicamente, do que por interesse...Gestos que levam a lembranças de tempos antes quando começou nessa profissão repórter, e no sonho de uma grande reportagem, ou como dizem, um furo jornalístico, pra deixar o seu nome na história desse grande país chamado Brasil.
O que leva a lembrança daquele que o inspirou de certa forma, aquele que o levou a chegar até essa grande história encobertada de mistérios...Carlos Bezerra!Bezerra era de uma família conhecida pela sociedade de alta roda, mas o homem desde jovem foi um rebelde e não aceitava tudo de bandeja...Conseguiu se formar em jornalismo por custas de si mesmo, renegando a posição e as posses de sua família...Através de reportagens arrojadas e investigativas foi fazendo seu nome, na imprensa escrita, nos jornais e até em revistas de sua época...Casos de assassinatos envolvendo políticos e poderosos Bezerra sem medo denunciava e acompanhava até a prisão dos mesmos, cobrando das autoridades uma respostas á sociedade...O chamavam de A VOZ DOS CALADOS!
Ele conheceu sua fama durante sua formação acadêmica e aquilo o contaminou, pelo amor que o mesmo demonstrava ás suas matérias, as pessoas envolvidas, a própria verdade em si, doesse a quem doesse!
Contudo foi em busca de uma grande reportagem, que Bezerra sumiu! E muitos disseram que foi algum desafetado e poderoso que o apagou, em vingança a algo escrito por ele...Contudo, outros dizem que simplesmente ele se embrenhou no interior atrás de uma história apavorante e nunca mais foi visto, nem mesmo sabiam dessa tal de história...
Sim ninguém sabia até que ele, seguindo os passos de seus ídolo premeditado, conseguiu contrato no jornal último que Bezerra participou, naquele tempo era renomado, mas depois que a chama de sua fama ter se apagado, retornou a como outro qualquer...Sim, um homem certo no lugar certo pode revolucionar as coisas! Sem ele tudo volta ao que era...Nas lembranças, vem que não foi ao acaso que foi limpar o arquivo morto, onde todas as investigações do jornal, ficavam, caso algum momento as autoridades policiais quisessem alguma prova para anexar aos casos que o jornal denunciava e depois de muito custo ele encontra um velho grande caixote escrito a tinta na tampa : ARQUIVOS DE CARLOS BEZERRA...
Aquilo foi algo que quase estourou seu coração para fora, era muita emoção! Tudo escrito a mão, anotações pessoais, o modo da escrita, sim o que pode ele decorou e devorou tudo...Agora estava ali, para terminar o que seu mentor indireto nunca pode terminar: o caso dos sete mendigos!
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