Estavam indo em um bom ritmo de caminhada e chegaram no quinto dia, entre chuva pesada madrugadas frias e dias sufocantes...Nada de problemas, e isso foi bom, e digo porque na noite do quinto dia de longe viram as tochas e candeeiros de seus perseguidores em uma fila indiana vindo lentamente do pé da montanha, depois de um tempo paravam, separavam-se e depois de observarem o terreno seguiam mais a frente, indo lentamente em sua direção...
- Mas que praga, chefe! O que faremos agora? - pela primeira vez ele escuta a voz de um dos seus silenciosos peões, se dirigindo ao chefe da comitiva, Rodolfo...Dá pra entender que estavam de maus lençóis mesmo.
- Calma, homem! Vamos para o nosso plano de enganação! Nos dividiremos em dois grupos...Um vai com as mulas pela colina mais longa e de lá entra pro paraná que eles não tem coragem de perseguir a gente em outro estado, os militares não tem autoridade lá, o outro segue pela encosta sem mulas, pois é mais perigoso...Teriam de ter muito culhão pra nos seguir e eles também tem mulas, não poderiam passar pelo passo do morto!
Então Rodolfo se aproxima dele e com um sorriso largo lhe dá a certeza do plano.
-Só pra constar, senhor nós somos o outro grupo, o do passo do morto...!
-Não esperava por menos, meu amigo, então partimos logo, qualquer vantagem, é lucro em nossa situação!
Os amigos silenciosos se cumprimentam e se despedem-se entre si, desejando em seus corações boa sorte a cada um do grupo...Agora eles sabem que se forem pegos, seriam seus últimos momentos juntos nessa comitiva, mas para homens que nada tem a perder, que graça teria uma vida pacata sem risco ou perigos? Sem acender nenhuma lanterna e colocando panos nas patas das mulas eles saem em rumos separados, se perdendo na escuridão.
Agora Rodolfo é o guia da frente dos três que seguiam, no passo do morto...O homem usa de todo o seu conhecimento e instinto para os guiar no escuro, no mato fechado , por uma tilha traiçoeira, onde alguns perderam a vida, pois até mesmo o chão se abre em furnas, por rachaduras na terra, sim todo o cuidado era pouco num local desses.
Amanheceu e eles continuavam, pela trilha traiçoeira e o cansaço começava a bater, quando para por momentos, para tomar fôlego e uns goles de água.
- Acha que eles seguiram o outro grupo Rodolfo?
- Pode ser senhor. Afinal eles não esperam que homens da cidade se comportem como os da mata, acha que o senhor irá montado numa mula...É o que eu também esperaria, se não o conhecesse melhor. Mas me diz uma coisa: agora que nos descobriram, como fará com relação ao velho da Mina, para que ele coopere? Afinal, só basta nos encontrarem, e nos darão cabo na mesma hora!
- Oras, as vezes temos de ser incisivos, duros e fortes mesmo tendo a razão de nosso lado...Não se preocupe deixe que na hora do momento eu me viro... Agora vamos, não podemos perder distancia deles, isso é o que importa agora!
Com o passo apurado passaram com muito sacrifício o passo do morto e retornaram para a mata fechada, logo anoiteceu e eles se abrigaram em uma furna fora dos conhecimentos dos moradores locais...Espaços especiais que somente Rodolfo tinha conhecimento e usaria somente uma única vez para escapulir das perseguições indesejáveis, como as de agora... E mesmo ouvindo de longe as vozes dos perseguidores eles não chegaram nem perto de onde estavam...Após um tempo um dentre eles gritava e urrava de raiva, e mandava que voltasse pela trilha os procurar, finalmente os haviam perdido, de momento os seus rastros...Mas o descanso é necessário e pela manha, como fazem aqui, darão graças as bençãos de ainda continuarem vivos!
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