sexta-feira, 10 de abril de 2015

A ESCOLTA DE UM NOVIÇO

     Era um calor infernal onde um jovem noviço esperava debaixo de uma grande pedra seu acompanhante para leva-lo até eu novo local de devoção...De momento o recém formado especulou do por que deslocar por entre torrencial sol até a entrada de um malcheiroso pântano e esperar por uma escolta que nem ao menos saberia como era, e tão somente para servir em uma estrutura fria no meio do nada?
     Contudo ele se lembra de quando fez seus votos, dizia que não importava qual e onde estivesse, seria ele o mensageiro da verdade e da paz entre os povos.Que assim seja.!
Então esperado um longo tempo debaixo da pedra, sob sua sombra mesmo assim quente, sufocante, do meio daquele pântano como que saído das sombras um cavaleiro marcha  lentamente em sua direção: Serei sua escolta noviço, siga-me!
O rapaz foi a loucura! Deus, pensava, estamos entrando em terras estranhas e perigosas e só um homem me acompanha como escolta? Isso é como assinar uma carta de suicídio!
     Os dois caminharam horas dentro daquele pântano putrefato e em silêncio temendo algo invisível que não poderia ser explicado, pois não há inimigo mais mortal do que aquele que não se pode ver.
As horas passam e chega a noite...Em tempos difíceis não se acende fogueiras e se dorme em cima de árvores, amarrados, para não caírem ou serem devorados. A comida se experimenta fria ou crua, e mesmo coberto com seus mantos o frio invade o corpo e  a alma pode até fraquejar...Somente homens de fé no que realmente acreditam passas incólumes por tais provações, o que geralmente são poucos.
    Nos dias seguintes a rotina sempre foi a mesma com apenas mais uma adição para atormentar a caminhada daquele noviço, mosquitos! Eram tantos, que traziam uma agonia interminável, tirando o sono mesmo na noite quando estava mais cansado. Curiosamente o guerreiro cavaleiro que o escoltava se mantinha sereno e isso atiça a curiosidade daquele noviço, que se achava preparado para enfrentar tudo em nome de Deus e a paz dos homens, mas qual a primeira provação já se achava fraco, e desesperançoso de quanto o martírio iria acabar.
- A quanto tempo você faz essas escoltas cavaleiro? Pareces muito calmo nesse inferno em forma terrena, não?
    O cavaleiro se levanta olhando ao redor com se contemplasse cada centímetro daquele pântano e retornando ao noviço diz:
- O que você cham de inferno eu o chamo de lar. Aqui como em todo o lugar haverão perigos e surpresas, que se não conhecer direito poderia morrer em menos de um dia...São nos caminhos pantanosos e obscuros que aprendemos o verdadeiro significado da fé, não dentro das mesquitas sinagogas e igrejas, pois Deus não criou primeiro a natureza e depois o homem? E o homem não criou a religião e depois as mesquitas, sinagogas e igrejas? A cada provação, a cada dor que passamos, na realidade ela nos mostra como estamos vivos, de como somos frágeis diante do que supremo, puro e selvagem.Quando aprendemos a tolerar tudo o que vemos e ouvimos, cada passo se torna um novo aprendizado, e cada aprendizado nos dá uma nova transformação, até que ascendamos as alturas próximos do altíssimo...Por isso mesmo que faço desse pântano meu lar, pois os homens geralmente rejeitam onde os céus se manifestam. Eles olham com seu olhar de matéria temporal.Querem modificar para viverem e não se adaptar ao que possam viver.Assim vivo e por mais insignificante que o serviço possa ser, o que importa é a sua grandeza na essência: servidão e proteção da vida em seu valor máximo, pois minha missão não terminará enquanto o noviço não estiver salvo em seu mosteiro...
    Após as palavras os homens se calam, segue-se mais dias e o noviço chega são e salvo de meio ao pântano no mosteiro, de paragens verdejantes.Quando foi entregue nos portões e o cavaleiro partiu, o noviço ao chegar o monsenhor quis agradece-lo por mandar uma escolta a busca-lo
-Meu filho! Estávamos preocupados...Não pudemos mandar nenhuma escolta pois nosso último soldado morreu adoecido hoje pela manha , sucumbido por doença que o atingiu dias atrás...Em seu febril delírio mortal ele falava que devia cumprir seu dever, sua escolta, Estamos rezando pelo pobre homem a quem tantos anos serviu nossa ordem, vamos entre, entre!
    Ao chegar ao velório reconheceu o amigo protetor que esteve com ele na jornada mistica de sua vida, agradecendo aos céus pela iluminação que aquela alma lhe ensinou no caminho...Então ao término dos préstimos, o noviço assumiu o posto da escolta e guarda do cavaleiro, pois não haveria melhor maneira de aplicar sua promessa e votos feitos, seja aqui nesse mundo , ou no vindouro.

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