quarta-feira, 29 de abril de 2015

MOOSHRADOOM: O BOM PEDREIRO

     Certa vez  Mooshradoom caminhava pela estrada dos caminhos da antiga tradição quando encontrou uma pequena multidão acompanhando um fúnebre até sua última morada e curioso quis saber quem sera o póstumo, pois angariou muitos em seu seguido em vida.
     Acompanhou o enterro e em meio veio ás conversas e muito versado o velho monge fez rapidamente amizade com os que se encontravam e podendo melhor se achegar fez a esperada pergunta: Afinal quem fora o pobre homem?
-Pobre nem tanto, mas um batalhador desde moço!- falou uma senhora, que  com as mãos, sobre caixão frio alisava carinhosamente, tal qual agrada uma criança, para ninar um sono eternal, mas continuando seu caminhar para a morada sepulcral.
- O seu pai pouco tinha quando lhe trouxe a este mundo e muito menos conhecimento sabia. Desde cedo ensinou-lhe as honras dos ancestrais, bem como a honestidade dos pais de seus pais...O tempo difícil os levou ao trabalho nas cidades uma vez que no campo a fome os assombrava, sem pertences ou terras, trabalhavam como agregados no campo, assim só puderam comer, quando alguém tinha de sobras para dar, mas naqueles tempos sombrios nada mais deu senão o pouco que alimentava somente o dono do campo.
Sem terem para onde ir vieram por graças do Amado Divino, a morarem em um porão debaixo de uma escola, onde o menino se versou apenas de ouvido...Não tardou então o tempo de sua partida para o mundo, como o fazem tantos retirantes e prometendo um dia voltar buscar os pais quando achasse uma terra boa para se morar e plantar...Contudo nas veredas do mundo quem sabe o que deus escreve é somente o anjo do destino, e nós como meros figurantes somo como folhas secas que caem no rio e flutuamos sem rumo ou existência até ficarmos detidos em alguma curva do rio, se muitas vezes chegarmos ao final desse, e assim foi com esse menino. Em algum canto parou de procurar sua terra prometida e com os conhecimentos que havia conseguido por si mesmo, foi trabalhar com um construtor de castelos e vilas, pois ele sabia ler e ver os sinais da antiga tradição, o que muitos mesmo que leram, jamais entenderam, pois não viveram em seus limites, onde o sonhar era mais que desejo que um gosto temporário, era sim o motivo que os fazia teimosamente  continuarem a viver.
     Anos se passaram e pela sua esperteza e determinação com o tempo tomou o lugar de seu mestre e continuou o seu legado,e nesse meio tempo seu coração se apaixonou por uma do vilarejo em que agora trabalhava, e tudo ia bem até que dentro do vilarejo apareceu um infiltrado e vendo aquele coração tão purificado pelo amor sua dor foi tamanha que resolveu destroçar, por simples prazer aquele amor tão lindo...Durante muito tempo segui e fez amizade com o casal, e como todo o infiltrado, se tornou o que chamamos de inimigo invisível, que sempre esta a sua frente e nunca conseguiria ver, e então quando você começar a lhe entregar seus segredos mais íntimos só então ele ataca, sem dó ou piedade, pois nem isso tem em seu coração negro.
Pois então chegou o tempo em que lhe vieram notícias de seus pais que se encontravam doentes por uma pestilencia local...Sem pensar ele saiu a socorre-los deixando com esse amigo uma carta a sua amada que voltaria em seguida, assim que possível para desposa-la. Esse infiltrado leu da maneira dele, pois amoça não sabia a leitura da antiga tradição: ele a abandonou por outra mulher mais linda e rica, disse o infiltrado- assim, fez de você um brinquedo provisório e se foi, terminando seu ato de maldade, saiu de cena e esperou ver seus resultados, diante da moça totalmente paralisada de olhares trincados, tal qual seu coração, e que bem do lado desse outro dentre de seu ventre batia junto, sim um filho que ela esperava e agora, nem mesmo ela queria lhe contar....A moça então se mandou pelo mundo deixando no vilarejo todos os seus pertences, levando somente a roupa de seu corpo, escafedeu-se.
     Mesmo assim o infiltrado não se contentando com tamanha dor ainda queria aprontar muito mais. Friamente esperou que o rapaz chegasse e lhe contou o inverso:
- Sua mulher fugiu com outro, pois não queria lhe encarar, por estar levando no ventre um filho que não era mais seu...!
A dupla ruína se fez em êxtase para aquele infiltrado, que também se escafedeu para outro vilarejo em busca de mais corações para despedaçar como um ente maléfico que era.
      Os anos se passaram, e seus pais morando com ele em sua casa, careciam de alguém para lhes acompanhar, enquanto o rapaz fosse de vila em vila atrás de seus afazeres, sendo que então contratou uma cuidadora, que ficava em sua falta cuidando dos idosos, com carinho e dedicação, e assim o tempo seguiu.
A final quem é dono de seu destino? Eis que devido a solidão e também a motivação de seguir com sua vida o rapaz se entendeu com a cuidadora e  se casaram, tendo lindos filhos, sim , e o tempo continuou a seguir.
     Um certo dia, a pouco tempo atrás, apareceu um cavaleiro, para ter com o homem que agora se encontrava de família criada, e tinha dentro de uma sacola algo terrível, era a cabeça daquele infiltrado! Ele contava que em seu último expurgo, o infiltrado contou-lhe toda a trama que realizara dando os nomes deles e do ocorrido, por juramento de sempre desmantelar o mal na terra o cavaleiro encontrou esse homem e lhe contou tudo!
Naquele momento a dor retornou a seu corpo e como era uma homem honrado, explicou a sua família o ocorrido e de seu passado esquecido, tomou montaria e saiu com o cavaleiro em uma empreitada de consertar o erro malfeitos para os dois jovens que foram em tempos idos...Com a graça do Altíssimo, para se deliciar ainda mais com a dor daquela mulher sofredora, aquele infiltrado, a seguiu e acompanhou parte dos anos de seu sofrimento,..E antes da noite cair estavam nas proximidades que em um dos últimos suspiros a malévola criatura indicou. Ali agora mais idoso, o homem, o bom pedreiro, procurou por dias aos arredores e então em uma das estradas da antiga tradição como essa viu uma carroça sendo guiada pela filha única e sua mãe também idosa...
Quem poderá julgar as facetas de um grande amor, mesmo que do passado? Quando seus olhares se entreolharam, passado e presente tornaram-se um só. As lágrimas rolaram, como  água benta que limpa os pecados de homens e mulheres...Finalmente tudo esclarecido estavam juntos, mais uma vez.
Pelo tempo compreendeu, que o filho era na verdade filha, e que sua amada ninguém mais teve ao seu lado a não ser ela pois ainda assim toda quebrantada, seu único amor foi ele e ninguém mais, seu homem amado> Passaram-se mais uns dias de encontro feliz e a casa guardada por esse cavaleiro que sempre o acompanhou nessa empreitada, e no alvorecer do dia a mulher, mãe fiel, esposa solitária amanheceu morta, com um sorriso de felicidade e paz de espirito que nenhum ouro poderia comprar em nenhum momento sequer.
Com dores de uma cicatriz profunda novamente aberta, o homem se despede de sua amada agora, pela ultima vez, fazendo um lindo santuário, que marcará ali o verdadeiro amor, que resiste as dores, as provações, ao próprio tempo, e quem sabe até a morte.
       O bom pedreiro retornou á sua casa com sua filha a muito perdida, e apresentou á sua família, que aceitaram-na com os seus corações abertos...Ele fez uma longa viagem com todos e no retorno ele também morreu, com o mesmo sorriso e paz de espirito no rosto....E o cavaleiro? Partiu no mesmo dia em que saíram a viajar, de rumo ignorado, sem pedir recompensa ou honras pelo ato, um anjo de Deus quem sabe...?
      Moohsaradoom escuta atentamente a linda história, e curioso pergunta aquela senhora, como sabia tanto daquela história?
- Meu querido monge, a resposta é bem simples, pois era eu a filha perdida, que apos muito fui encontrada!
     Assim ele se despede de todos após as honras fúnebres, lembrando que os sinais eram bem claros em seu caminho, um dia ele ia ter de novo com o cavaleiro e quem sabe poderia finalmente como ao bom pedreiro, ter também sua santa espiação?
     Ao final da tarde a família ergue seus copos em um brinde de adeus e agradecimento como todos da antiga tradição o fazem:
- Ao cavaleiro e ao bom pedreiro! - Em coro todos repetem:
- AO CAVALEIRO!
 E AO BOM PEDREIRO, YAJA CON DIOS!






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