domingo, 19 de abril de 2015

MOOSHRADOOM: OTTO O CÃO FIEL

    O monge se encontrava andando por paragens desérticas em busca de alguma inspiração , ou algo que aliviasse seus pensamentos quanto ao futuro e agora se desabrochava em mais eternidade tediosa do que uma única vida de aventuras inusitadas....Diante de uma velha estrada ele escuta o ranger de uma carroça bem conhecida por muitos da Serra...O chamado da morte se faz presente ante tal ruído...Olhando contra o sol forte ele vê uma silhueta familiar, era mais um dos estranhos inquisidores de corpos. Contudo ao se aproximar ele se surpreende pois nada de humano havia nos restos dentro daquela carroça: era uma grande cão baio sendo carregado ao que deveria pertencer a restos humanos, afinal os inquisidores sempre buscavam por parentes e senhores dos finados,a fim de dar-lhes uma morte digna custe o que custasse, tudo porque a morte é benevolente, não é mesmo?
    Admirado e querendo saber a razão daquele curioso cenário Mooshradoom para a carroça:

-Velho inquisidor, só me explica, quantas fez esse defunto de animal para merecer essa peregrinação,por acaso era de algum fidalgo, que pagou para o enterro melhor do que um homem?
- Não, monge do sarcasmo e da ironia mal escrita...Muitos homens podem tentar comprar com dinheiro e ouro uma boa morte, mas para a morte que valor tem seus tesouros, com a morte não se pode negociar, senão com seus atos, sua abdicação dos valores, e entre tudo, morrer pelo que mais ama...Sim, essas são boas moedas de trocas, não acha?
-Concordo homem...E como homem acho que tais moedas estão nos homens pelos atos do Divino e não em animais, de centelha única e nada racionais, não achas que dessa vez subestimou o juízo de seu débil cérebro, transportando esse ex peludo canino?
      Diante da história de dúvida e ironia daquele velho e astuto monge, o inquisidor para a carroça e então pensa em esclarecimento....Além do mais a viagem estava ao final e esse homem tinha a marca do beijo da morte em sua testa, algo que só os inquisidores conseguiam ver,pois trabalhavam sempre ao lado de sua senhora peralta e tão benevolente. Esse merecia dar seu tempo mesmo que ele nem ou soubesse:
-Claro que sua percepção ainda esta dormente, monge perdido! Mas minha história é um pouco demorada, mas esclarecedora. Portanto acho que mereço um bom gole de café, que tal?
-Sou pobre demais para ter tanto luxo, mas eu tenho um bom chá de cidreira do campo, que servidas como chá e um pouco de mel, não perdem para nenhuma bebida de requintada nobreza, aceita?
- Que seja então! Uma boa conversa uma bebida exótica, o que mais um homem poderia pedira a outro, em tão distante lugar...Devemos valorizar nossas palavras e sentir seu significado mesmo que sendo de tanto infantil, e até de frente tola. Nas tolices sempre encontraremos grandes verdades, sem floreios.
    Ambos se assentaram ao largo da velha estrada, apressaram a fazer um bom fogo e colocaram as ervas e o mel para ferverem juntos...Quando começava a fumegar o velho bule sob a batida lenta e distônica de sua tampa o inquisidor começa a sua história:
      -O nome dessa alma que descansa em minha carroça era OTTO. Ele sempre foi um bom cão de guarda de sua casa e dos seus senhores...Por anos OTTO, era o único além do casal na residência e então o casal teve uma criança, uma menininha. OTTO, sentiu seu cheiro no berço e prometeu em seu instinto primitivo, como todo o protetor da matilha faz, em proteger a infante com o custo de sua vida se necessário, a qualquer perigo que viesse.
Mas amigo, na vida há mais perigos, dentro das almas dos homens do que no ambiente externo de seus corpos...Com o tempo devido as artimanhas de infiltrados, o belo casal entrou em colapso, através das duvidas plantadas, por pessoas que só poderiam ser o mal encarnado.Essas pessoas são cegas por um ódio de nascimento, que nunca seca, e se sentem sempre no prejuízo e por conseguinte sem motivo e nem porque tramam sempre contra quem tem sua vida simples e feliz...Já não lhe bastam o ouro e a posição social, pois sempre serão vazios por dentro, Infiltrados sempre serão a sombra do homem, e mesmo que se vistam de carne o que tem dentro de si é tão somente uma escuridão e um vazio sem fim.
     Esse casal entra em conflito e o marido se manda embora, deixando um coração partido de uma esposa que se achando injustamente acusada o odeia, queimando tudo o que pertenceu aquele homem, quando o amou dantes...Envenenada por um infiltrado, ela queria distância da felicidade e do amor por conseguinte OTTO sem perceber era a lembrança desse passado, dessas alegrias e aventuras que o casal um dia viveu como família, junto com a pequenina,e essa lembra doía muito mesmo!
Contudo ela, a mulher ão poderia matar OTTO, pois ainda assim havia um vínculo com a menininha que amava ainda mais aquele cão pois fora somente ele a lembrança viva de seu pai que sobrara neste mundo traiçoeiro.
A mulher amarra então OTTO, nos fundos da casa dizendo que deveria ser disciplinado então lhe dá mais água ou comida, para que morra de fome e ela possa dizer que morreu doente, e assim se desvencilhar dele sem perder o amor de sua filha por tamanha maldade...Os dias se passam e a mulher nota que OTTO, não desistiria facilmente de sua vida e muito menos de seu voto de proteger a pequenina...OTTO, comeu a madeira de sua casinha, lambia a água da chuva, devorava insetos,moscas tudo o que caísse no seu alcance, bebeu da própria urina, e tudo isso para sobreviver, e cumprir sua missão.
     Os dias viraram semanas e mês...Sem mais nada o que pudesse se manter OTTO está para se entregar, quando a sua protegida aparece á noite com um pouco de água em suas mãozinhas e pedacinhos de pão, no bolso.Sim, ás escondidas, tentando juntos eles poderia ainda sobreviver....Aquilo remoçou a esperança perdida de OTTO...Agora mais do que nunca seus laços de amizade se encurtam, e se tornam quase parceiros de alma, pois ambos querem viver e sobreviver com o pouco que tem...
O ato daquele cachorro sobem aos céus e tocam aos poucos o coração ferido da mãe da pequenina que aos pouco aceita aquela resistência como um sinal divino e quando pretendia se render a compaixão de soltar o animal, o maldito infiltrado aparece e semeando mais ainda a discórdia diz:
- Não se engane, sua tola! O Divino disso tudo não existe é mais uma traição agora de sua filha, alimentando o cão daquele traidor, seu ex-marido! Todos querem lhe enganar, até mesmo ela pois também dele temo sangue nela...Não permita! Se vingue! Se vingue!!!
A mulher espera silenciosa no quarto fechado para que naquela noite a pequenina pensasse que dormia e  ficou de vigília...Era no amanhecer antes do cantar do galo que a menininha o alimentava e ela a pegaria em flagrante.
     Amanheceu e foi justamente o que aconteceu! Quando a criança foi alimentar OTTO, a mãe a impediu, segurando-lhe fortemente o seu bracinho, machucando-a:-Maldita! Tu es como teu pai, uma traidora!Mas comigo,jamais te deixarei partir, te encerrarei para sempre em teu quarto!Venha!Venha!
 Ao resistir, dos puxões de sua mãe enlouquecida, ela recebe um tapa forte no rostinho, e aquilo insana a raiva de OTTO, que mesmo fraco tira forças sobrenaturais para salvar o único tesouro de sua vida, que era sua pequenina..Com um forte puxão arrebenta de seus grilhões e saí em acorrer se mais bem amado tesouro...A mãe se acolhe dentro da casa, de portas muito grossas e depois dentro de seu quarto, com a menininha aos prantos, e ela berrando diz:Viste! Teu cachorro enloucou contra nós e agora quer também lhe tirar a vida!Viste! Mais traições sé esperando o momento de agirem contra mim....Que miséria de vida!
- Acorda minha mãe!- Gritava a menininha- Tua loucura e as maleditas do infiltrado que te aloucaram...OTTO esta a me proteger de você e sua loucura contra mim!
OTTO, em sua forma primitiva só via perigo á pequenina e com garras e dentes destroça toda a porta da cassa mesmo grossa e parte para a porta do quarto onde a mulher se trancou com a pequenina...Nesse tempo já era manha e o povo desorientado pelo infiltrado, disseram que o cão se encontrava raivoso, o que chegou aos ouvidos de um certo cavaleiro que ali passava e se pôs a salvar aquela família de que era seu dever...Tudo foi ao  armado para terminar em tragédia....E assim ocorreu.
OTTO quando viu o cavaleiro sentiu a solução e correu com o corpo sangrando a seu encontro buscando uma solução, algum senhor que salvasse a pequenina...O cavaleiro entendeu aquilo como hostil e fez dois disparos de setas precisos, fulminando OTTO mortalmente...Agonizante em seus últimos suspiros, atordoado pelo inesperado, OTTO cambaleia em direção da porta roçando as patas dianteira na porta, em uma última tentativa de salvar seu precioso tesouro...Agora sem forças solta um ganido que toca o fundo da alma mais perversa, como que pedindo perdão por não cumprir com seu voto solene...O que não passa despercebido por aquele cavaleiro, que viveu tantas batalhas de vitórias e derrotas...Uma verdade que percebeu nas marcas da criança, dos seus bracinhos, de sua face com hematoma da bofetada ainda vivente e marcante de seu lindo rostinho...E esse cavaleiro forte e audaz, foi atingido pelo sofrimento encarnados nos olhos infantis ao ver o amigo canino morto...Um herói silencioso, e malfadado, de maneira vil em sua missão protetora, por um ente de uma maldade só, que se deliciava, com tamanha atrocidade.
     Sabedor do que houvera, de tamanha conspiração maligna, deteve a mãe por maus tratos a criança e o infiltrado por causar alarde e faltar com a verdade com o povo, e depois encaminhou a menina para um convento para ser bem criada...As custas dele mesmo, para pagar pelo menos parte do seu erro, de se deixar participar para tal maldade...Então esse cavaleiro limpou pessoalmente as feridas de OTTO, com óleos perfumados, e encaminhou-o a um altar, chamando a pequenina, para o último adeus a OTTO...Daí esse cavaleiro me encarregou de entregar o corpo de OTTO, com um último pedido, de um morto, para o pais da menininha, dizendo que o que seu fiel amigo não pode fazer em vida que ele o faça...Caso contrário mesmo assim, o cavaleiro continuaria em nome daquela linda amizade os cuidados da menininha...
Entendeu agora monge um tanto imaturo, a morte sempre será benevolente com quem a paga bem e sua resposta sempre será uma vida pela outra, pois há que pague sem temor.Por isso o leve ele OTTO, o amigo mais fiel que alguém poderia ter tanto em vida dessa, quanto a vindoura.Levarei ás terras de seu senhor, e com ele a esperança de uma menininha em resgatar o que a muito perdeu...Uma vida por outra!!!
      Mooshradoom se calou por longo tempo e entendeu, que o destino entrelaçou-se mais uma vez com as histórias desse cavaleiro, pois conhecia a muito o homem de data passada...
Então com um gesto viril se levanta e estende ao ar seu caneco brindando com o inquisidor ao herói daquele momento, que uniu tudo e a todos:
- Ao OTTO!!- Batendo no caneco do inquisidor, que se ergue em igual grandeza e confirma:
-Ao OTTO,,,,YAJA CON DIOS OTTO!!!

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