segunda-feira, 6 de abril de 2015

O SOLDADO DE DEUS

     Era mais uma vez, batalha! estávamos em uma campina limpa sem defesas onde o combate direto era nossa única solução...Haviam os gritos de ódio, de dor e puro horror...O nosso medo já se fora a muito tempo.
Escudos eram chocados, faíscas,  aço contra aço...Agora não era só uma questão de força, destreza ou técnica mais acima de tudo, destino! De um lado oposto a nós um inimigo férreo, de princípios radicais a nossa vista e entendimento, nós o julgávamos como bestas humanas, só assim poderíamos  justificar tamanha matança.
     Um pouco atrás das linhas estavam nosso médicos e os homens de fé, que nos incentivavam, com suas orações pedindo ao Todo Poderoso a morte de nosso inimigo infiel ás leis sacerdotais ensinadas a nos pelos dogmas de nossas igrejas...Curiosamente era o mesmo que acontecia do outro lado, como um espelho que reflete nosso oposto, seria hilário se não fosse tão cruel.
A minha frente tínhamos nosso líder um homem devoto, e dou outro lado havia o que poderia chamar de soldado de Deus...Um homem não só devoto mas com motivos pessoais que o faziam destacar sempre dos demais.Tinha um filho morto muito jovem, em um ataque suspeito, que julgaram ser de nossa ordem, em um momento de paz. A ferida aberta não matou a fera mas a transformou em uma monstruosa besta,sedenta de sangue e vingança.Aquilo já era uma santa cruzada, e não mais apenas sobrevivência de combate limpa e clara, para aquele que chamavam de soldado de Deus.
O homem besta exalava sua confiança e determinação a tal ponto que contaminava seus comandados que se sentiam imortais, lutando ainda mais com afinco. Se continuassem assim aquilo seria o primeiro e mais terrível sacro santo, que alguém poderia testemunhar...Algo precisava ser feito.
     Após um tempo de luta e sangue ambas as partes estavam em um impasse, que se transcorresse em tal rumo, não acabaria antes que o último homem caísse morto sob o chão de lama vermelhada pelo sangue de ambos os lados. Então os primeiros a propor uma negociação foram os homens da fé, pois há uma grande diferença em professar a palavra de Deus e morrer por elas, não é mesmo?
Ambos os lados, se obrigaram a sentar e achar uma solução menos bestial possível, pois nem nosso Deus e nem o deles gostaria de ver um sacro santo de homens em uma terra de barro e sangue, sem interesses a nenhuma das partes...Nenhum Deus ou homem aceitaria sangue de soldados jorrados sem necessidade.
-O que propomos, é uma justa igual ao tempo antigo, onde um guerreiro representante de cada lado disputaria esse campo com uma única morte, sendo que o lado perdedor, com a morte de seu campeão, se retirará vencido, deixando o campo ao vencedor!- disse o homem santo de nosso lado ao Soldado de Deus, que escutava silencioso, esperando a sua vez de negociar a sua parte que tanto o ansiava...
-Bem concordo, mas com uma condição: bem sabemos que estamos lutando não só por nós, mas pela fé de nossos deuses, a fim de saber qual professa a verdade e senão, a maior verdade, lutarei eu pessoalmente com seu guerreiro de maior fé. assim não só o perdedor irá para sua casa derrotado como também seu Deus e sua fé, aceitam?
     Como dizer não para tais palavras logo, por um homem de fé? Contudo na inspiração divina esse homem de fé rediz as palavras do Soldado de Deus, dizendo que ele aceitaria "somente da casta de guerreiros, um homem de fé", para tal combate. Sim, muito sutil...
Ao chegar aos ouvidos de nosso líder glorioso e justo de nossa ordem, ele também rediz as palavras: como sou um homem de bem que chega a luta, em nome do nosso Senhor, não posso me contaminar com sangue impuro, por isso passo a honra ao melhor soldado cavaleiro que esteja disposto para tal!
     Convenhamos, o tal Soldado de Deus, era um armário, mais para um cofre forte grande de aço...Durante anos fora açougueiro de seu Vilarejo, sendo que seu pai era ferreiro...Já imaginaram a infância do mesmo? Nenhum nobre pomposo poderia ter a chance minima vivendo aos cuidados de um berço de ouro, contra um filhote criado em meio a lobos e leões.
Então esse rito de passagem e reedição das palavras do Soldado de Deus se foram passada, do maior ao menor escalão sem ninguém poder decidir, que iria para o matadouro representar nosso Deus Todo poderoso, e esperar que em um ato milagroso, ele favorecesse um golpe de sorte a nosso lado.
Nessas horas em que o impasse se achega aos corações trêmulos, amolecidos pela vida fácil e bons vinhos, sempre buscam dentro das fileiras o que foi desprezado, o que julgavam lunático e selvagem para os padrões de ética da ordem, eles pegam a sua ovelha negra e apostam tudo ali, pois não querem e não tem moral, para tal desafio, nunca, quando este aparece.
     Nesse infeliz caso escolheram a mim, já meio lobo mulambo na história e sem cerimônias aceitei o encargo...Pedi o que pudesse carregar de armas e me direcionei não ao campo de combate mas no alto do morro inimigo, que naquele momento vendo toda aquela demora já contavam como ganha a batalha proposta. Portanto alguns estavam relaxando já sem o peso de sua armadura, outros se embebedavam, comemorando antecipadamente.

     Já em cima da montaria mais veloz e mais blindada, passei a galope rápido e me lancei com malha dupla, contra aqueles infelizes...Ao longa foram minhas setas que falaram alto, aos guardas da entrada; á media distancia foram minha lanças que despacharam, os guardadores das tendas, e a curta distancia da barraca do Soldado de Deus, foi minha espada escudo e montaria que dilacerou mais dois de seus comandados.Desmontei rapidamente  e fui de encontro ao gigante e lhe atirei a malha dupla que carregava acima de minha armadura e antes que se livrasse do emaranhado arranquei sua cabeça com meu machado, amarrei seu corpo ao cavalo e o trouxe arrastando o seu corpo pela maldita campina  e levando comigo, sua cabeça sob a ponta de minha espada.
    Quando saí daquele campo inimigo havia tantos incrédulos quanto horrorizados pelo que viram. Assim que chego ao meu acampamento, lanço a cabeça aos pés do homem santo e o corpo ao meu líder, lhes respondendo,o que perguntavam pelos olhares: COMO PELOS CÉUS  FEZ ISSO?
- A FÉ SEM OBRAS, É MORTA, ANÁTEMA!
Lembre-se há uma regra bem básica em um verdadeiro campo de batalha e não se  falam de deuses ou generais..Lá esta escrito simplesmente: IMPROVISAR, ADAPTAR E SE NÃO DER CERTO...PASSE POR CIMA!!




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