sábado, 28 de março de 2015

A TROPA PERDIDA

     Eles começara sua ronda como se fosse qualquer outro dia, tudo estava normal...Os homens preparavam a carga para os dias que se seguiriam nessa viagem rotineira aos vilarejos...Seu chefe de equipe os conhecia bem, a cada um dos seus e eles também o conheciam, nele podiam confiar pois não era um homem de empreitada difícil. Seu chefe não queria louros ou glórias,apenas queria fazer seu trabalho e termina-lo, com todos indo e vindo, sim, todos juntos.
Mas haverá um dia quando nem todo o dia seria igual a outro, nos o chamamos geralmente de provação...Nesse momento tudo o que você aprendeu pode ser colocado em teste, um teste de vida e morte, e muitas vezes o acréscimo ou a retirada de algo usual marca o final destino de todo um grupo.
      Pois naquele dia de deslocamento convencional, quando estavam partindo, a tropa e detida no portão da caserna pois haveria um novo integrante...Era um jovem comandante recém formado, que fora mandado por seus superiores, para que aprendesse um pouco de prática uma vez que nos anos passados só se ateve em seus livros de estudos, e a senso,  um líder que não consegue colocar em prática seus conhecimentos teóricos, não merece a liderança. Assim seus superiores o mandam em uma missão trivial e de pouca importância, caso algo ocorresse não perderiam nada de importância estratégica ou militar.
Quando o jovem se aproxima da tropa, logo se apercebe a diferença, inclusive na vestimento...A tropa era formada por homens muito mais velhos, e seus mantos já têm as marcas dos anos e da poeira das estradas. A capa alvejada daquele jovem dizia tudo sem que qualquer palavra fosse pronunciada. Em galopar rápido ele se aproxima do chefe da equipe e com autoridade, quem sabe treinada em discurso anterior, para si mesmo diz:
- Chefe, estou assumindo o comando e se ponha no final da fila, para não deixar que se amontoem no fundo ou qualquer homem fique para trás!
     O chefe se desloca sem um único som, de aprovação, ou não. Afinal, quem ficava no fim da fila era o mais jovem e menos experiente do grupo que iria aprendendo, pelo bom exemplo dos seus pares e superiores, como se procedia o trabalho...O chefe começou assim, e a primeira coisa que aprendeu quando jovem foi nunca discutir ou duvidar de uma ordem, pois confiança se adquire com o tempo e para isso não há atalhos, deve-se seguir uma hierarquia que leva tempo e experiência, algo que não e conquistado no mundo empírico dos livros e cursos sentado e ancorado sobre cadeira e távolas, nas academias onde nobres tem o conforto de uma cama quente, e uma boa comida..Não. Essa hierarquia vinha das noites mal dormidas, dos alimentos parcos, do frio insistente, da estrada longa e sem fim...
     Foi dado pelo novo jovem déspota a ordem então, de deslocamento. homens cavalos e carroças se dirigiam em seu rumo, guiados por um único comando, e quando passaram pelo portão da guarda as rodas das carroças faziam de seu ranger um lamento triste , agourando, o que estava para acontecer...Uns dizem que, quando a patrulha saiu, logo atrás dela veio uma nuvem escura e choveu rapidamente, o suficiente para apagar os seus rastros da entrada daquela caserna, que para alguns guerreiros foram mais sinais de agouro, contra aqueles pobres homens.
Como sempre tudo ia bem, quando repentinamente e fora do ponto de parada o jovem comandante resolveu fazer parada e montar acampamento para que pudesse sozinho em sua tenda estudar uma "NOVA ROTA", para aquela patrulha. Ora, se apegar ao usual se podemos inovar! Pensava o jovem comandante- sim , uma nova rota em muito menos tempo passando por todos os vilarejos, e mesmo assim, mais rápido...
Há certas coisas que não entendemos por que estão lá, e seguimos conforme passaram para nós como tradição, e com o tempo vem o esquecimento do motivo dessa tradição. Os mais jovens querem sempre olhar para a frente, e sem pestanejar logo sempre querem abandonar a tradição, pois inovar sempre é o caminho mais fácil.Contudo a certas coisas, que estão lá por um motivo, e romper essa ordem, esse ritmo, pode levar a consequência desastrosa, se não bem medidas, portanto não devemos desprezar nem mesmo a sabedoria oral de um povo que passa-nos um alerta. Devemos lembrar que o nosso conhecimento atual se dá em teses, muitas vezes na suposição da lógica e raciocínio, mas nem sempre a natureza e os mundos, tanto terrenos quanto espiritual, se comportam, dentro dessa nossa realidade montada e segura. Portanto nos esteios de uma antiga tradição podem estar incontáveis vidas perdidas para compreender o entendimento daquele ponto natural e selvagem. As palavras somente disfarçam, o conhecimento antigo, descritos com mais distinção. Mas desse conhecimento antigo muito ainda nem escrito foi, por isso seguir algo que já esta ali marcando sua estrada mostrando no caminho tudo o que for previsível e seguro,de momento é o caminho mais certo. As mudanças se devem dar somente diante das crises que poem o que esta conhecido novamente em dúvida, o que sempre nunca é o caso.
      E assim passou-se dias além do prazo da volta segura. Os comandantes preparam tropas de busca a fim de encontra-los, aqueles pobres homens. Os resgatadores eram ótimos em rastreio e logo encontraram a parada fora de planos daquela tropa, o que foi muito útil para os comandantes entenderem parte da situação.
Primeiro só havia marcas de uma tenda armada e no chão marcas de aglomerado(sem fogueira.Os homens se ajuntam com os animais para se aquecerem, pois era um tempo de frio pelo qual passavam), contudo longe do aglomero havia uma única marca de um único homem, era o que guardava o final da fila. Uma marca única pois mesmo no frio intenso ele sequer se mexeu de sua posição que estava a berta frente a campina sem proteção, o que mostrava um homem de disciplina férrea e incomum .
     Os resgatadores seguiram mais a frente , uns dias e viram que a tropa segui por caminhos não convencionais, dos quais foi traçado pela tradição antiga. Eram locais perigosos, cheios de trevas mesmo no dia claro, que podiam ter muitas armadilhas naturais, da geografia local e animais selvagens do local. Quando os comandantes interpretaram tudo viram que ainda poderia pelo menos ter se houvesse dado algo errado, um sobrevivente, se retornassem pelo menos uma vez aos trechos antigos pois poderia encontrar abrigo e água no caminho, como a muito forma ensinados, quando jovens também participaram como integrantes da ultima fileira, mesmo sendo líderes naquela época, pois, foram humildes em reconhecer a  liderança daquele velho chefe de equipe e seu conhecimento dos caminhos da tradição. Contudo gerações mudaram e a arrogância deu lugar a sensatez. Um erro fatal.
     Os meses se seguiram, com o tempo não haviam mais recursos, homens ou tempo, para continuarem as buscas, e a tropa perdida foi esquecida...Os caminhos da tradição um dia mudaram e poucos passavam pelos mais antigos. Aqueles que passavam diziam que próximo de onde acamparam pela ultima vez eles veem um espirito de um cavaleiro, que para sobre um monte e quando interpelado ele diz ser o ultimo homem da tropa que espera a ordem de seu líder para retomar o comando de sua equipe e finalmente traze-los para casa, mas ele nunca o chama para a frente por isso mesmo cansado ele aguarda seu momento, quando um dia seu líder o chamará de volta ao seu posto de origem, junto com todos os seus homens com deveria de ter o sido...
     Portanto meus impetuosos líderes, se lembrem da tropa perdida, e nos tragam sempre de volta, e se não o conseguirem, chamem seu chefe e o coloque no seu lugar de direito,  e trabalhem juntos, como o deve ser, pois só assim poderemos partir com a certeza de que retornaremos, pelos caminhos da velha tradição, sempre juntos.




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