quinta-feira, 12 de março de 2015

UM ADEUS A ODERLI

Sabe, é nesse momento de silêncio quando todos estão nos sonos profundos, que tua lembrança vem , lá dos tempos de peleja....Sim caro companheiro, fomos nós a caminharmos primeiros, juntos as terras do inexplorado, sob meu comando você foi o mais leal, o mais bravo.

    Enfrentamos um inferno em chamas, dentro de uma floresta. Enfrentamos os pântanos com miríades de mosquitos sugadores de sangue...Caiam muitos a nossa direita, uns poucos a nossa esquerda mas nada nos atingia, pensava comigo,  seria destino?
Quando destacados aos confins, e em buscas perigosas, sorriamos lado a lado com a morte, mesmo quando subimos ao mais alto dos mastros para despencar a bandeira do inimigo havia graça nisso, e todos acham loucura de nossa parte....O que chamávamos de bravura indômita.
E nos tempos de paz, ouvia alegre as histórias de sua família, de sua pequenina, que crescia em graça e beleza, me sentindo também parte de sua família...eramos como irmãos de armas.
E sabíamos que o pior dos inimigos era o que estava dentro da sala de comando de nossa tropa, pois a cada desafio duro e quase impossível vinhamos com louro e troféus de nossas batalhas, pois sempre acreditávamos, o que não nos mata só nos torna mais forte...
    Tudo ida bem, quando de repente você começa a mudar, sem um sentido qualquer.Você se tornou mais precavido, menos ousado, o que aconteceu com o fogo que existia dentro de seus coração, que o jogava sem medo frente ás lanças do destino? Afinal, cara, por que você parou?
Estava distante nas missões cometia erros que um infante jamais deixaria acontecer, sim  você ficou muito disperso.
    Também errei pois não queria entender, achava que tudo podíamos juntos, e me senti esfaqueado quando ouvi de tuas palavras: vamos voltar, já andamos demais, conquistamos nome, fama...Vamos então aproveitar...Vamos voltar!
Pensei, voltar? Estava embriagado pela sede de conquista, estávamos vencendo, por que voltar? Não eu queria muito mais, muito mais...
    Então quando retornei de uma missão solo, louco para lhe contar da façanha e renovar nossa contagem de crânios você não estava mais lá, o seu lado, o seu canto estava vazio, seu louco, você realmente voltou, e sem mim! Saiu em silêncio, partiu.
Contudo eu me pergunto, fez isso para meu bem, ou novamente foi o destino? Você sabia que o inimigo estava dentro e não fora...Eles eram como chacais, que tentavam enfrentar lobos.Eles sabiam que enquanto juntos eramos imbatíveis, mas separados, você era o mais inocente, e em um mundo de perdição inocência nunca se poe a mesa como um valor justo á sobrevivência...
De principio eu não quis entender e pensava, como conseguiram lhe domesticar tão fácil assim? Queria então esquecer dessa irmandade, marcada em brasa em minha alma e me pus sozinho na batalha e aprendi a ser mais ladino que a sombra em meio a noite...Mas mesmo assim  algo se perdeu de mim, já não era mais o mesmo...Estava mais sombrio, e nada mais era tão divertido, e do gosto da batalha me sobrou só o fel amargo e ás vezes com sorte insípido. Sim tudo mudara, e o rumo disso tudo não era bom.
     Passou-se meses e ano, e agora em meio a noite lembro de estar parado em meio a chuva fria ao lado de sua lápide tão fria, em granito.Pensava, comigo, como você se deixou apanhar, logo você que era o mais sensato...? Agora quem cuidará de sua filha, de sua esposa, quem me contará as histórias delas com tanto gracejo e paixão se as lápides não podem falar...Quem te levou sorriu para mim, com seus dentes amarelos, dizia que tudo foi uma fatalidade e não podia fazer nada, ninguém podia.
Essa cobra traiçoeira passou lisa, dentre o crime feito, pois não se pode matar um inimigo que não podemos ver.
    Vi então sua mulher e filha penar inclusive por comida e viveres, pois sem você quem mais poderia ajuda-las...Você as amava eu bem sei disso, e eles também, pois mesmo após sua morte as fizeram sofrer e penar, a mãe pátria pode ser bem cruel quando ela o quer não é mesmo?
E o que me restou então, meu verdadeiro irmão, senão meu ultimo adeus, e quem sabe um até breve pois agora será a minha vez de jogar com eles, e ver quem vence esse assalto.

Mas lhe garanto, muitos vão cair antes de me levarem e eu os conduzirei pela trilha que você vai preparar indo a frente, pois a cada corpo que encaminhar irão bater as portas do inferno chamando por sei nome , Oderli, a mando meu...Só então poderei seguir a qualquer rumo, seja abaixo ou acima, também em paz, então até lá, meu adeus.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEXTA 13!

     Chegou a sexta-feira 13! Muitos levam como crendiuces as sextas 13... Uns fazem até simpatias para sorte ou amor. Mas aqui na Serra as ...