quinta-feira, 5 de março de 2015

O RETORNO A SERRA LAGEANA

   



  Por um longo período caminhei,em muitas trilhas, conheci lugares e pessoas de minha terra, e fora dela... De dentro de nosso mundo, típico simples, e também fora dele de um modo inusitado e nenhum tanto peculiar. Dentro de tanta andança, me importei em apenas caminhar sem me ater aos pequenos opses, do caminho...Canseira fome,pobreza, traição, futilidades, apenas isso....Par aquele que se encontra focado, caminhar pra frente é o mais importante, não?
Contudo, em dado momento, em meio a essas andanças, a saudade bateu, daquele friozinho, tão "acochegante"... Era hora de voltar.
       Quando retorno,a essa estancia um tanto abandonada, o que encontro, não me pareceu com o povo que deixei....Encontro pessoas que reclamam, sem antes de terem pelo menos tentado, que choram pelos que ainda estão vivos, e que amam mais a ilusão do que a mais preciosa realidade...
Não,meu povo não é assim...Venho de um canto de onde temos  orgulho de sermos o que somos e não esperamos a conversa de meia duzia de homens engravatados, onde suas línguas,cortam mais que minha velha prateada...Nós viemos, nascemos e vivemos sob as regras da serra...E que ninguém se esqueça, um dia elas vão te achar, e se você não tiver certo, elas vão te pegar quanto um corpo seco grudado nas paletas, pelas costas, de quem ousa cavalgar sozinho em mata fechada num noite fria de quaresma...Depois não digam que não avisei...!
         A despeito disso que resolvi entrar nessa peleia...Amigos Lages, aprincesa da serra merece sim coisa muito melhor, podemos muito bem melhorar, sermos e termos o que nos é de direito... Nosso povo já passou por tantos desafios e provações, e  que com certeza essa não será a primeira, nem mesmo a ultima de nossa historia. Somos um povo de conquistas e isso nos é natural, pois nascemos em meio as fronteiras e a terra por si própria já exige isso de nós.
Em um tempo muito antigo de minhas andanças eu ouvi uma história sobre um fazendeiro,que depois de muito batalhar no campo, de sol a sol,adentrando muitas vezes a madrugada,desde moço junto com seu velho pai, inclusive que o viu morrer sobre a junta de boi, arando aquele mesmo campo, sim,depois de muito, resolveu viajar e descansar um pouco....Tinha seus filhos grandes, que podiam cuidar da terra enquanto se fazia falta...Deixou todos bem alojados,em seu casarão, que juntamente com seu falecido pai construíram juntos, pedra a pedra, madeira a madeira.
      Mas os filhos,esses sempre foram mandriões....Faziam tudo, quando o pai mandava e só na frente dele, contudo quando o velho homem se fez ausente cada um fazia o que bem entendia e quando queria...Nem sempre podemos fazer o que realmente queremos,mas muitas vezes temos de fazer o que é preciso fazer, coisa que eles seus filhos, agora mais do que nunca não querem nem mesmo saber  sequer de ouvir tais dizeres...Em uma das malandragens dos meninos moços, em meio a uma festa de bebedeira, eles deixam cair  o lampião, dentro da sala de festa e botam fogo no casarão e perdem tudo o que a muito custo o pai levou para juntar os tantos trens para conforto dos meninos...
      Justamente envergonhados, pela desfeita na casa de seu velho pai o homem chega de sua viagem e da de encontro com seus filhos em prantos de arrependimento, desgraçando-se cada um das bobagens que fizeram...Pedindo então que o pai lhes castigassem porque era justo, pelo que haviam feito.
     O velho homem tirou seu casaco,empoeirado pela viagem ainda fresca na lembrança, arregaçou as mangas de sua camisa volta ao mundo, azul clara, e sem falar mais nada,e sem nenhum pio começou a refazer o casarão, assim com havia feito com seu pai,mas agora com seus filhos ajudando, também em silencio, trabalharam com uma força danada e não tiveram dó do corpo porque era a casa deles que estavam remontando, era o lar deles, que deveriam colocar de novo em pé.
E assim o fizeram, quando terminaram, a casa tinha o dobro do tamanho da  antiga, e dali continuaram suas vidas ainda com maior afinco pois aprenderam que da perda, pode se erguer com orgulho,mas em meio ao silencio, sem falaçadas sem acusações, como uma família o deve fazer.
       Portanto acorda povo meu, vamos esqueceras falas,os choros coloca a bola pra frente
 e vamos tirar a diferença que o jogo ainda não terminou, e quando olhar nos olhos daqueles que te quiserem o mal,diz pra eles o que meu pai e o pai de meu pai, dos seus pais sempre disseram na serra lageana:
          - NÃO TA MORTO,QUEM PELEIA!!!

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