sexta-feira, 6 de março de 2015

O INIMIGO NATURAL

            Estava sentado novamente dentro de um acampamento, de improviso, pero de um pequeno vilarejo nas proximidades de Altos da Boa Vista, um local de grande altitude e por consequência um tanto frio...Guardávamos nossas coisas que se encontravam no centro do acampamento, pois uma boa segurança se faz  de dentro para fora, e dos cantos para os lados. A cada tempo certo,e outras vezes incerto,para não acostumar o tinhoso de decorar a caminhada, fazíamos uma ronda na periferia do acampamento vendo nossas cercas e obstáculos, se tudo estava como deveria realmente estar.

        Então sutil como uma brisa fria, enevoada pela fina garoa que começou a cair, em um relance lá estava ele, encarando como que esperando a gente. E digo isso porque não tava sozinho naqueles confins.Poderia ser até seu amigo, pois de longe se via um largo sorriso que desarmaria qualquer um precavido...Mas quando a gente chega de perto e encara os seus olhos, dali se diz que não tem mais nenhuma duvida aquilo era e sempre será nosso inimigo, nossa oposição natural. quando participava pequenino nos ritos de minha crença sempre me perguntava: o Criador fez sempre um bicho se opondo ao outro, para que um controlasse e também fosse controlado...Mas quanto a nós os homens? Quem nos controla, quem nos opõe ? Minhas duvidas naquele momento foram sanadas...!

É nesse momento que você tem de deixar a razão de lado deixar o instinto falar mais alto, quando matar ou morrer é sua única opção se pensar também morre!
Durante anos devemos nos preparar para esse único momento.Treinos, simulações,campeonatos, disputas já não tem  sentido. Nesse momento apenas alguns princípios poderão dizer quem vive e quem morre: 1-Força; 2-Destreza; 3- Fé; 4-Sorte.
Com seus conhecimentos e treino se consegue os dois primeiros masso representam 40 porcento de toda a empreitada,o resto tem de primeiro acreditar que oque se faz é realmente o certo e o que ele, o outro faz, é totalmente errado. Nossa fé nos guia direciona nos move tirando todo o temor,toda a duvida, nos dando aí a certeza de vencer.
Mas o ultimo, esse não se tem escapatória, não tem como e dele se utiliza tudo para finalizar...Se quero realmente viver eu tenho de me preparar, tenho de acreditar,que realmente naquele dia em especial em terei muita, muita sorte...E o outro, não!

    Foi assim e com tudo isso que sem ter nada na mente disparei quatro vezes...Quatro setas certeiras atravessaram meu alvo, sem que ele reagisse antes do esperado, e quando reagiu foi de imediato o instinto de fuga, aí me tornei de presa, o predador.

Ele correu e fui atrás sem pensar...Bicho ferido volta mais tinhoso pra revanche e na serra não tem uma segunda chance! Cortamos o mato como alucinados, um ganindo e urrando sua dor, o outro gritando sua raiva correspondente, eramos feras, só feras...
   Mesmo com a noite cerrada e fria, vi quando chegamos em um beiral o que eu seguia saltou como vulto mais preto por cima das pedras caindo no rio turvo e lento abaixo. Sua batida seca fez espuma, seu traço em meio a escuridão ficou tão claro que disparei mais duas vezes e dessa vez também escutei o som da seta que adentra ao couro,que corta a carne e bate secamente no osso.
A água voltou a acalmar...Então percebi que estava sozinho,o resto da comitiva tinha ficado próximo ao fogo ...Eu não culpo ninguém, cada um faz o que pode pra continuar vivendo, faz parte das regras da serra...E quando me perguntaram quem era só disse que foi uma sombra sem sorte....



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