sexta-feira, 6 de março de 2015
TERMINANDO UMA HISTORIA INACABADA
Ainda era a alvorada de meus dias quando comecei a viajar,naquele tempo as caminhadas eram longas e o tempo era medido em léguas...Meu velho pai já um pouco melhor de suas andanças conseguia fundos para uma vez por ano nos mandarmos a um vilarejo distante,conhecer parentes, que nem sabia de suas existências. Meu pai dizia em sua simplória e profunda sabedoria, que devemos primeiro saber de onde viemos,para então ter certeza para onde iremos. Tentando me reconhecer nisso tudo foi que acabei encontrando meu primeiro amor, um tanto platônico....Solange.
Era ela tudo o que poderia imaginar de uma alma gêmea, seus gostos,seus conhecimentos, seus sentimentos. A cada ano que passava e que nos encontramos no vilarejo nessa visitas familiares mais eu sentia pertencer aquele mundo,que de momento poderia ser só dela mas que eu poderia viver também.E mesmo que o resto ainda pudesse ser contra com ela me dizendo sim, poderia então suportar e esperar o que fosse preciso...
Como um aspirante que esta ás véspera de ser elevado a imediato ansiava pela aceitação de minha carta, que tomando uma titânica coragem escrevi em uma linguagem que só ela pudesse entender.
O mundo deu uma reviravolta. Meu pai já não tinha tanto para financiar essas viagens, eu perdi o contato com Solange por dois anos, que mais pareciam uma eternidade. Em meio pedia aos céus as suas bençãos ao meu pai, que retornasse na sua prosperidade tão somente para vê-la somente mais uma vez, lembrar de seu perfume e ouvir sua voz...Isso era egoísmo eu bem sei, mas uma vez disseram que para quem realmente ama tudo pode....Deus,que ledo engano.
Então de tanto pedir em um terceiro ano por motivos de saúde quem passou rapidamente por nossa casa foi Solange e sua mãe,uma hora apenas. Quando seu olhar acertou o meu,compreendi que ela leu minha carta, que entendeu, que aceitou-me. Aquilo tudo era um sim?
Claro que numa hora dessas eu não poderia falar de minhas intenções então preparei um plano para chegada do momento certo...Começaria trabalhar cedo e tendo um começo iria a seu vilarejo e pediria permissão para algo mais sério a seus pais, e se tivesse de morar lá com eles, por que não? Ajudaria na saúde de sua mãe,viveríamos como uma família dentro das possibilidades, poderíamos ser até felizes,mesmo que eu fosse de outro vilarejo tão distante.
O tempo passou juntei minhas pequenas posses, havia passado mais um ano.Meu pai se estabilizou mais uma vez,esse era o momento certo. Foi então que soube...Por medo de perecer e deixar sua filha ao léu no mundo, a sua mãe acertara compromisso de Solange com um comerciante local, e mesmo que eu tentasse não poderia me comparar ao que um homem desse poderia oferecer a ela, então meu mundo desabou, tudo ficou em amargo tons de cinza,nada romântico do disposto em certas obras de ditas literaturas.
O tempo seguiu, e eu com ele remoendo meu passado do que poderia pelo menos ter sido, mais dois anos se foram e eu nem mais me importava.
Um dia quando vinha para minha casa, no caminho meu pai me alcançou, com olhos vermelhos e molhados pelas lágrimas,me fez sentar a beira da estrada e escuta-lo,pois coisas importantes sempre devem ser ditas á beira do caminho, do qual viajamos.
Sim, era Solange, ou pelo menos o final de sua história inacabada...Após ter aceito e se casado com o comerciante Solange se tornou dispersa,rebelde,por mais bem que fosse tratada, e mimos dados por seu atencioso esposo, que de tanta atenção sempre terminavam em tremendas discussões.
Foi numa dessas que ela pegou uma condução dada de presente pelo marido e saiu desabalada estrada a fora, vindo a se descontrolar em uma curva fechada aos arredores de seu vilarejo.
Quando a encontraram estirada e jazida na beira do caminho, do vilarejo, encontraram em sua mão uma carta estranha, que ninguém entendeu a linguagem, pois era apenas a seus olhos que entenderia
Meu pai conhecia aquela linguagem também a muito tempo, por isso ele me contou a sós...Bom, quanto ao enterro já havia sido feito, pois quando chegavam as noticias já era tarde para algo pudesse ser feito.
Sim mesmo contra tudo, contra todos ela me aceitou, mas nada termina como se deve,nem sempre.
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